A volta

Sou uma poeta confessa. Ridículo. Quem é poeta não precisa fazer anúncio. Mas cheguei num ponto da vida que, das duas uma, ou me mostro de verdade ou vou viver para sempre num mundinho de ilusão. Sou dessas que escrevem quando a tristeza chega. Quem escreve feliz não conhece as dores da alma. Ou disfarça todas muito bem. E poesia, sei lá por qual motivo, tem um quê de tristeza. Mas se é do caos que surge a vida, por que não pode, da tristeza, nascer poesia? Há quem não goste de escrever. Há quem elogie os poetas. Há quem ache que ler é uma perda de tempo. Cada um com seus poemas. 

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Sou ciumenta, braba, controladora, romântica, careta em alguns modismos e um pouco preguiçosa desde criança. Mas não tenho medo de trabalho. Gosto de desafios que me agreguem conhecimento. Não gosto de egoísmo, odeio falta de educação, não tenho jeito para falar em público e sou dona de uma dificuldade tremenda de concentração. Durmo de boca aberta, não gosto de cafuné, tenho seios pequenos e um desvio de coluna que faz com que uma das minhas pernas seja uns centímetros mais curta do que a outra. Fazer o quê? Nasci poeta. Detesto as redes sociais, mas continuo lá para ver se alguma frase bonita cai no meu mural. E, às vezes, ela até chega. Mas nada muito emocionante. Pelo menos me inspira a digitar umas palavrinhas bonitas. Trocar a foto do perfil, mudar a música, adicionar novos (des)conhecidos pode ser uma alternativa à monotonia em tempos de crise amorosa. É um terreno onde a gente pode mudar sem medo. E quem não tem medo de nada pula do décimo andar sem dar tchau. Vai que uma dessas vidas virtuais inspirem alguma mudança de verdade? Eu não tenho fotos de Paris nem de Barcelona para postar.  Nasci poeta. Acho, sinceramente, que, se não fosse isso, eu já teria mudado de emprego, de cidade, de amigos, teria pintado o cabelo de azul, feito mais umas cinco tatuagens, namorado um surfista e experimentado lentes de contato verdes. Ainda bem que, de vez em quando, a vida dá umas chacoalhadas na nossa rotina e a gente não precisa exagerar. 

Aprendi, desde criança, a dizer mais sim do que não e deu no que deu: hoje é difícil gritar mais alto do que as outras pessoas. Até minha gata de estimação me ganha no miado. Meu namorado diz que eu não sou durona com ela. Pô, sou coração derretido até com meu bicho de estimação. Molengona que eu sou! Faço terapia há mais de 10 anos e ainda não entendi por que as pessoas precisam aprender tantas coisas para depois morrer. Vai dizer que não é estranho? A gente pode virar pó de uma hora para outra e teve que suar a camiseta durante toda a vida. Do pó ao pó. Bem que poderia ser na Itália.

Comecei cedo a cortejar a insanidade. Agora é hora de encontrar o equilíbrio. Bah, eu nem gosto tanto assim do Legião Urbana. Mas a frase é a única que surgiu.

Prometo ser menos "frufru" dessa vez. Falar que o amor é bonito e que as nuvens são fofinhas não dá audiência em tempos de insatisfação e de BBB na televisão.

  
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Voltei.