Ah, vai, dança um tango na grama



Quando me apresentaram as músicas do grupo musical francês Gotan Project, eu adorei. Todas. O ritmo quente do tango com a batida dançante da música eletrônica. Agora, não faz muito, descobri, mais que por acaso (como as melhores coisas da vida acontecem), o Bajofondo Tango Club. Bah, se o tango do Gotan foi paixão à primeira melodia, o som do Bajofondo decerto é amor. Com pés descalços, vestindo branco e lilás, e muito sorriso no rosto, o ritmo do "espírito tangueiro" vai embalar a minha noite nesta passagem de ano. Confere um trecho da letra de Naranjo en flor, salvo engano escrita por Homero Expósito, e não deixa de ouvir na versão do Bajofondo. No mínimo, entusiasmante.

"Primero hay que saber sufrir, después amar, después partir y al fin andar sin pensamiento. Perfume de naranjo en flor, promesas vanas de un amor que se escaparon con el viento. Después, que importa del después? Toda mi vida es el ayer."

Beije, namore, afague, sorria, abrace, chore de felicidade, pule de alegria, ajude sem esperar retorno, dê carinho aos montes, tire o sapato e ande despretensiosamente descalço pela grama no final da tarde. E, se estiver com vontade, dance um tango ali mesmo. Sei, tango não se dança na grama. E daí? Vai que alguém gosta da idéia e te acompanha? ;)

...e vem 2008!!!! Veeem!!!!


Raras coisas (pessoas então são duas ou três as capazes de conseguir esta proeza) fazem com que eu mude de decisão. Coração taurino, como já definiram. Signo também. Ascendente em Virgem. Elemento: Terra. Nascida no dia de São Jorge. Idade: dizem ser a da razão. Dá para imaginar alguém mais pé no no chão? Pois bem, meu mapa astral deve conter algum erro de percurso ali pelo caminho das constelações, porque minha alma sabe o tempo de mudar. E muda, sem pedir licença. Nas palavras do Eduardo Galeano, "somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos". Flores novas chegaram quando eu menos esperava. Quem sabe amor em outras cores. Luas e luas passaram. Esperei para que elas me mostrassem o rumo a seguir. E ganhei as estrelas que pedi. Estrelas da manhã, do mar. Estrelas na simplicidade de uma folha de papel. Encontrei minhas estrelas dançantes, e meu coração está em calma. Alma nova. E tudo recomeça. Tão lindo como todo novo dia deve ser.

Eliane, minha amiga querida, foi quem, conhecendo-me como já me conhece, convenceu-me, em uma "conversa com hashis", de que algum post deveria estar aqui antes do final do ano.

A inspiração ganhou corpo depois de um expresso Gabriela, no Café da Oca, já meu conhecido de algum tempo. Mas, hoje, que
agora foi ontem, tudo ficou mais bonito ali também. Passa no site:
www.cafedaoca.com.br e aparece lá para conferir pessoalmente. Impossível não se inspirar.


E agora sim. Com as flores do campo, e com todas as mudanças que tiverem de acontecer, vem 2008. Veeem!!! :)

E lá se vai 2007...

Não, eu não faço yôga. Da teoria, sei pouco. Lembro ter lido algumas coisas sobre hinduísmo, em uma revista Ventura que eu guardo até hoje. Faço shiatsu uma vez que outra, porque me faz bem. Assumidamente apaixonada por rock, na versão roll, blues, e drum and bass, até arrisco alguns mantras de vez em quando. Gosto do perfume dos incensos, mas de preferência os de sândalo, patchouli, canela ou absinto. Eu caminho devagar quando posso. Sigo na lenta quando dá para seguir assim. Mas se precisar eu alcanço, seja o que for. Gosto da lua quando está crescente ou cheia. Banho fresco no verão e quente no inverno. Demorado nas quatro estações do ano. Minha casa é onde eu me sinto bem, não um lugar que eu me perco ou que desconheço. Meus amigos, tanto os que escolho ao longo da vida, quanto os que me são destinados pelo sangue, são parte da minha alma. Adoro chá de baunilha, camomila ou hortelã. Prefiro o silêncio da noite às verdades do dia. Mas dia após dia resolvo o que consigo. E nunca guardo o que não preciso. Sorriso precisa ser incondicional. Racional com o que devo. Passional com o que amo. Na segunda-feira o sol nasce em ré maior. Nos outros dias da semana fica tudo sustenido. Gosto de algumas palavras mais do que de outras. Já das flores, gosto de todas. Tenho dias tristes, mas eles não me assustam, porque eu sei que eles passam. Sempre fica um sentido. Fica um segredo. Fica uma parte do que eu fui. Do choro faço samba. Da saudade faço poesia. Um relicário para aquilo que merece ser lembrado. Atenção para quem precisa. Incondicional. Tempo e silêncio para os pensamentos. Momentos que eu escolho. Filosofia de vida para me sentir bem. E era isso. O resto, e eu vou ter que citar Cazuza de novo, assim como o amor, a gente inventa.

Em tempo, tempo de pausa para mim e para os textos do blog. Por isso, desejo, desde já, que os dias do final deste ano sejam de doces e proveitosas reflexões. Prestar menos atenção nas convenções sociais e mais nas coisas do coração faz bem para a alma. Cuidem do que for verdadeiro. Cuidem de vocês e de quem precisa. Um beijo e até 2008. ;)

Cultura de elite

É, no mínimo, questionador o porquê de os melhores shows e espetáculos concentrarem-se, sempre, no final do ano em Porto Alegre. Haja dinheiro no bolso para aproveitar somente alguns deles. E, vou contar, a maioria, desde cedo, com ingressos esgotados. Paradoxos da vida capitalista moderna. Salas lotadas de pagantes de mais de R$ 100,00 por um lugar na platéia e a cidade delineada por moradores de rua e crianças carentes. Lastimável que a cultura, salvo a do pão e circo, ainda esteja tão (pseudo)elitizada.

De todo o modo, seguem algumas das atrações agendadas para os próximos dias:


Festival Terça Insana 30/11, 01 e 02/12
MPB4 e Toquinho 04 e 05/12
Gotan Project Lunático 06/12
Marisa Monte no show Universo Particular 07 e 08/12
Maria Rita Samba Meu 14 e 15/12
Emmerson Nogueira 14/12

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Em tempo: Dá uma olhada no site do Olhares Cruzados (www.olharescruzados.org.br), um projeto muito bacana que engloba oficinas de fotografia, cartas, desenho, vídeo, brinquedos, instrumentos musicais e outras atividades desenvolvidas por crianças do Brasil, Angola, Moçambique, Haiti e Senegal, possibilitando a identificação das raízes culturais comuns. Louvável iniciativa. Mais que lindo o exemplar impresso. Obrigada ao amigo Mauri Cruz, da Equipe do Centro de Educação Popular - CAMP, pelo livro e pelas dicas! ;)


Argentino com rock irlandês


Assisti, há alguns dias, ao filme "O passado", dirigido pelo Hector Babenco. Saí do cinema com a lembrança dos lindos e tristes olhos do Gael García Bernal, e de uma das minhas músicas preferidas do U2. Sobre o filme? Imperdível. A vida como ela é. E o Bono Vox com isso? Escute e preste atenção na letra da música Walk on. Afinal, chega um momento em que as fotografias têm de tomar seu devido lugar.

Lembranças. Deixe só as boas voltarem. O resto, que fique para trás. ;)


Título Original: El Pasado
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento (Argentina / Brasil): 2007
Direção: Hector Babenco
Roteiro: Marta Góes e Hector Babenco, baseado em livro de Alan Pauls
Site Oficial: http://www.opassado.com.br/

Temporariamente alquímica

Lembro que há alguns anos li "A Profecia Celestina", do James Redfield, seguida de "A Décima Profecia". Foi uma fase eu que eu me forcei a gostar de livros de auto-ajuda, sabe-se lá por qual motivo. Era um desejo incontido de me aventurar no mundo das leituras mais leves. Tentativa falha. Não gostei e não gosto até hoje do gênero "tudo vai melhor se você sorrir para o mundo". Prefiro a filosofia pura. Mil vezes Nietzsche. Sem rodeios. A filosofia, como dizem, te quebra as pernas. É direta. Mas o efeito é infinitamente mais construtor do que a auto-ajuda paliativa de letras bonitinhas em cor-de-rosa.

Retomando. O que lembrei, daquele texto da Profecia Celestina, foi a mensagem de que precisamos aproveitar as oportunidades. A vida estaria cheia delas. Basta sentir e interagir. Acreditando ou não, eu tenho desviado minha atenção, nestas últimas semanas, para entender alguma coisa sobre alquimia. Coincidência, pode ser, mas quase tudo, da mais banal atividade diária a decisões sérias, tem me remetido ao universo alquímico. Por isso hoje resolvi encarar o recado providencial de frente. O despertador tocou ao som de Jorge Ben cantando que os alquimistas estão chegando. Ok, pensei com os meus botões, agora basta. Sempre me interessei sobre a Idade Média. A alquimia está ali também. Não vai ser sacrifício entrar no universo que tende à perfeição e onde, literalmentetudo, tudo o que reluz é ouro. Então, eis uma felina entre a transmutação de metais e a descoberta de poções. Vamos ver no que isso vai dar.


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E à noite a noite muda tudo.
Tudo é lua. Uma noite na tua.
Tuas estrelas. Tuas e agora minhas.

Trocando os temas

Eu ia escrever sobre traição. Até minutos atrás. Palavra. Mas, em tempo (e é por isso que eu adoro tanto os meus “em tempo”), abri a caixa do último de uma série de CDs que ouvi nestes dias, e que me foram gentilmente emprestados por uma amiga muito querida, colega de aula, e fã incondicional do Vitor Ramil. Inevitável não perceber. No encarte, uma declaração de amor feita a ela pelo namorado. Permito-me, desculpando-me de antemão pelo atrevimento, deixar apenas algumas das doces palavras que li, e que de tão lindas contrastaram suavemente com o cinza do papel: “eu te amo e te amaria do mesmo jeito se os teus olhos não fossem tão lindos, tão grandes e tão verdes”. Quer saber, esqueci o que ia escrever sobre traição. E nem pretendo me lembrar. A traição que fique para os fracos. É lindo saber que amar de verdade é, embora para os poucos que conseguem, uma das maravilhosas dádivas de se estar vivo.

A música “Fue el mes que viene”, do CD Tambong, me pôs lágrimas nos olhos. Sem saber explicar. Veio assim, do coração.

Bom feriadinho e bom final de semana. Aproveitem. ;)

No verão, não.



Quase verão no hemisfério sul. E eu inventei de perguntar a uma amiga se os seguidos encontros dela com aquele alguém, que ela me definiu como especial há alguns meses atrás, iria resultar em namoro. A resposta veio. Direta. Sem qualquer hesitação: "De jeito nenhum. Verão não é época para namorar". Sabe quando você ouve alguma coisa que parece estar sendo pronunciada em outro idioma do qual você não sabe nem o básico do básico? Mandarim ou Javanês seria o meu caso. Pois bem. Eu fiquei sem resposta, e tentando entender o porquê de o verão ser banido do calendário dos apaixonados. Ok, você está aí concordando com a minha amiga, pensando que eu sou uma alienada que não entende nada sobre a relação entre namoro e verão. E, cada vez mais concordando que eu talvez tenha nascido na época errada, não entendo mesmo. Lhufas. Mas, vamos lá... A praia, o calor, os banhos de mar, as muitas festas regadas à cerveja, e as enjoativas músicas do Bob Sinclair (músicas?) tocando nas pistas das casas noturnas lotadas das cidades litorâneas. Clima de azaração que não tem fim. Beijo na boca só para começar. Na linguagem do meu sobrinho de dezesseis anos: "o negócio é ir lá e grudar". As meninas, hoje mulheres aos quatorze anos, desfilando em suas mini-mini-mini-saias, com corpos bronzeados que contrastam com o amarelo-canário e o azul-bic ofuscantes das roupas (sim, tem de ser a cor do pássaro e da caneta, senão, acredite, você está fora do contexto da moda). Os meninos, que hoje são cada vez mais meninos, mesmo aos quarenta anos, correndo na orla, munidos de músculos sarados e ipods. Nada mais, raras exceções. Bem, para que namorar? O verão agrada aos olhos. Apetece. É... O verão e suas tentações. As outras três estações do ano são definitivamente mais românticas e menos atrativas. O frio tem seus cobertores. A primavera tem suas flores. O outono, as suas cores. Ok, não encontrei rima para o verão. Prometo, vou me esforçar para tentar compreender essa nova teoria da geração "no verão, não". Mas, cá entre nós, tomara que eu não consiga entender nada de nada até meados de março, que é quando mudam as estações. Até lá eu prefiro acreditar que algumas coisas são para sempre, e que o para sempre nunca acaba. Namorar é bom. Sempre foi. Em qualquer estação do ano, em qualquer hora, em qualquer dia. Se as coisas mudarem muito por aqui, talvez eu mude é de profissão, e vá morar no Alaska.

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Desejos felinos de um final de semana de quatro estações... Completo. E repleto de poesia. ;)

Sol, letra e horizonte

Eu andava por aí, procurando um horizonte para me encantar. Encontrei um sol que coube na minha mão. Vai saber o que a vida às vezes quer nos dizer? Enfim... Fotografei o sol, que me pareceu tão lindo na tarde deste domingo. E a ele juntei um trecho de uma letra do Flávio Venturini, que eu gosto muito. Sol, letra e horizonte, na palma da minha mão. Só não entendi ainda o que isso quer dizer. Mas, tudo bem. Eu sei que tudo tem um porquê. Eu sei que tem.







"...noites com sol são mais belas.


Certas canções são eternas.


Deixa o sol entrar."



Desacelerando...



Eu costumo colocar papéizinhos, aqueles post it, no flip do meu celular para lembrar as tarefas da semana. Aquelas que não dá para esquecer, senão o mundo vem abaixo. Segundo a minha mãe, eu deveria ter uma agenda. Talvez ela não saiba, mas eu tenho. Várias. Só não gosto delas. Nunca gostei de agendas. Talvez uma, com poemas do Fabrício Carpinejar, tenha sido a mais presente na minha vida. Resistência a compromissos? Não creio.

Talvez esteja na hora de desacelerar. Diminuir o ritmo. Administrar o tempo para que ele não assuma o controle. No mundo do fast food, dos workaholics, do just in time, e afins, não é tarefa fácil. Mas sempre existe (e ainda bem que existe) um jardim para colher flores, um céu para contar as estrelas, mesmo que você precise ensinar alguém a contá-las, uma música a ser descoberta, um beijo a ser roubado, um amor a ser vivido. Coisas, atitudes e pessoas simples e bonitas ainda existem. É só olhar com cuidado. É só sentir com o coração.

"Há namorados tristes em dias de sol, namorados alegres em dias de chuva. O que sinto nem falo. Não me cabe encerrar a vida de ninguém. A minha sempre está começando ao seu lado."

http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/

...


Por que não me ensinaram antes que amar dói? Aprender a esta altura da vida? Podiam ter me explicado lá nos meus quinze anos. Naquele tempo era tudo tão mais fácil. Era tudo para ontem, sem pensar nem no hoje, nem no amanhã. E era infinitamente mais fácil idealizar o amor do que amar de verdade.

Flores e lua



Ainda não sei se me encantaram mais as flores de dia ou a lua cheia à noite. Por via das dúvidas (e como eu não gosto delas), roubei algumas flores do jardim e trouxe para cá. A lua eu deixei no céu. Afinal, é a lua cheia de outubro!


Já fez seu pedido? Se falar com o coração, eu garanto que ela ouve. :)


ஜ ஜ ஜ ஜ ஜ ஜ

"Se eu pudesse roubar as gotas de luar que vi brilhar nos olhos teus..."

Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito

Encanto impresso



Gabriel Perissé publicou um artigo muito bonito no Observatório da Imprensa de 02/10. Segue um trecho:

Escrever no jornal, dizia Manuel Bandeira, é como escrever na areia, lembrando-se talvez dos poemas que padre Anchieta produzia. As ondas do tempo vêm e arrastam para o esquecimento aquilo que foi publicado e distribuído. Há os arquivos institucionais e os pessoais, mas limitados, ou de difícil acesso.

Escrever em blogs, sites e assemelhados é como escrever no ar – os ventos virtuais levam nossas palavras para longe, pelas infovias elas voam, viajam, vicejam em outras telas. Contudo, não são eternas, podem desaparecer do dia para a noite. E por isso, a necessidade do livro, do velho livro de papel, que multiplica de modo palpável frases e idéias.


Livros me fascinam. Assim sempre foi, desde pequena. A palavra é bela. Forma. Pura. Rabiscada ou impressa no papel. Pensamento que viaja solto nas frases perfeitas ou (in)sensatas do autor. Ah, quem me dera estar entre o encanto dos livros todos os segundos do meu dia.

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Entre ipês e jacarandás, a Feira do Livro deste ano está quase começando. Delicie-se! :)

Anjos por perto


Algumas pessoas entram na nossa vida sem que saibamos explicar como, e saem dela sem dizer adeus. É isso. Há que respeitar, mesmo sem entender. O inusitado, e bom, é que geralmente são pessoas que, de alguma maneira, tocam nossa alma, fazem-nos perceber algo que nunca tínhamos notado. Trazem perfume de flor. Trazem cor de arco-íris. Doçura. Alento. Depois partem. Sem um olhar, sem uma palavra. Somem no silêncio de um vazio que, para quem fica, é de doer no coração. Mas depois a dor vai passando, e aquela pontinha de decepção por um sentimento de abandono vai cedendo lugar a uma nostalgia leve. Que de tão leve é boa. Suave. Bonita. Talvez essas pessoas que passam assim pela nossa vida sejam anjos em forma de gente. Porque só os anjos podem partir dessa maneira. Talvez até não quisessem, mas precisam. Já os mortais, estes podem, mas não devem, porque precisam do olho no olho, da palavra, mesmo que dita na letra de uma canção, numa só frase, num sorriso. As pessoas, que não anjos, precisam da troca. E precisam do toque, mesmo que aquele sutil de um beijo de despedida, mas precisam. Porque é assim que se trocam sentimentos. E é assim que se cresce, e que se cuida do amor. É na troca de sentimento que está o sentindo da vida, embora isso pareça estar ultrapassado hoje em dia. Porque no hoje em dia parece que vive melhor quem não chora, quem não desaba de saudade, quem não divide, quem não se importa com o outro, quem não se perde por uma paixão. Fachada, das perigosas. Até a auto-suficiência deve ter um limite. Precisar e depender são coisas distintas. Quem depende de outro só por vaidade, esse se aborrece fácil. Não brinca. Não partilha. Não vive a vida leve. É entristecido. Já quem precisa, e não tem vergonha de assumir que precisa, de carinho, de encanto, de laços verdadeiros, tem a alma florida e iluminada. Como a de um verdadeiro anjo. Por isso, preste atenção nos seus amigos, seus amores, seus familiares. Cuide bem de cada um deles. Alguns podem ser anjos.





Para inspirar: Os filmes "Asas do desejo" e "Tão longe, tão perto" (este com trilha sonora do U2), do diretor Wim Wenders, são sensacionais. Quem se emocionou assistindo ao bonito "Cidade dos anjos", vai engolir seco com estes dois. ;)


Desejos de um doce final de semana ...
Já experimentou acordar ao som de "Here comes the sun"? ;)

Se é amor... basta


Há poucos dias uma amiga me contou que quer conhecer o Taj Mahal. No mínimo tive de concordar que foi uma boa escolha. Vai por nós duas, brinquei. Segundo conta uma das mais românticas lendas que existem, e como a minha amiga fez questão de reforçar, quem entrar no Taj Mahal encontrará o amor verdadeiro, e junto dele permanecerá até a morte. Exageros à parte (e olha que eu não resisto a um de vez em quando), achei bonita a forma como ela me me falou do desejo de encontrar um amor sincero. Talvez por ser uma pessoa de uma doçura incomparável, talvez porque ouvir alguém falar de amor verdadeiro, e acreditar que ele existe, tenha me deixado feliz. Falar bem de amor, e amar bem, hoje em dia é tão raro. Parece que não tem mais a importância de algum tempo atrás. Triste, mas é possível que se tenha banalizado o amor. Triste porque o que é banal é trivial, comum, não tem valor. E o amor precisa de valor. Não das riquezas materiais de um Taj Mahal, mas de valor sentimental. E precisa também de tempo. Não é na pressa que se constrói um amor. Quem pensa o contrário deve estar falando de paixão. Aquela que vem e passa. Que é mais frágil, mais fugaz, mais instantânea. Que pode, sim, acontecer junto com o amor, mas que, sem ele, não se sustenta. Se o amor é verdadeiro, ele dura, e não só por um momento, por uma semana, alguns meses. Ele dura a vida toda, porque se aperfeiçoa e renasce a cada dia.

Viu, amiga querida, no que dá me inspirar? Eis o texto... ;)


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"Nada nos importará si es amor..." :)
Fito Páez

No meio do caminho havia um sonho

Feriado de dias nublados. Aliás, que semana, não? Dias e dias de um cinza que teima em não sair do céu. Mas, nada que um passeio entre mar e campo não tenha me ajudado a sair de trás das nuvens e encontrar o sol. Enquanto alguns amigos foram aproveitar os dias de folga em lugares mais distantes, eu fiquei aqui por perto. E, correndo ao encontro dos meus sonhos (isso é assumidamente um vício, então desisti de desistir dele), resolvi, antes de rumar ao litoral, desviar o caminho e entrar em Santo Antônio da Patrulha, um dos Municípios mais antigos do Estado. Eu sabia que lá alguma coisa chamaria a minha atenção. Programa de índio? Bem, cada um com o seu. Mas, acredite, neste pelo menos as 'ocas' são de um lindo colorido.



Mil vezes bah! Adorei aquelas ladeiras com casas antigas. A de número 712 (essa aí da foto acima), por razões que a minha razão desconhece, me encantou particularmente. Ei, não deixei de ser urbana, ok? Mas a paz do interior às vezes faz bem. Resumo da ópera, ou do drum n' bass, que era o que eu ouvia quando cheguei na cidade: o lugar me cativou. E os quitutes que são feitos por lá? Esqueça as calorias. A Casa dos Sonhos, localizada na entrada da cidade, é uma graça. Segundo me informou uma das vendedoras de sonhos (isso que é responsabilidade hein?), o casarão data de 1947. Certo que, tão logo eu olhei para o piso da parte interna da casa, pensei: isso é das antigas. Mas, que fique claro, é um "das antigas" muito bem conservado, assim como todo o lugar. Tente abstrair a parte do salão maior, a única coisa que me pareceu um tanto fora do contexto, e saboreie sem pressa uma das delícias do cardápio. Difícil resistir. Está esperando o quê? Sair da Freeway e rumar para San´Antônio, como dizem os seus moradores, pode ser um passeio bacana. Aproveite para voltar pela RS 030. Pista única, eu sei. Mas para quem quer prolongar a sensação de paz do interior, vale a pena. ;)

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http://www.santoantoniodapatrulha.rs.gov.br/


Vire a página


Parte 1: Hoje (que já é ontem) ouvi a frase: "se não faz bem, para que insistir?" Juro, nunca algumas poucas palavras surtiram tanto efeito. Não sei se por eu acreditar com muito carinho na pessoa que as falou, não sei se, por coincidência, eu ter encontrado outra frase semelhante, logo depois, enquanto lia alguns artigos: "Não encontre um defeito, encontre uma solução". Essa é do Henry Ford. Pois bem, eis a solução: se não é bom, desista. Troque o disco. Vire a página.

Parte 2: Aproveitei as duas frases, e as minhas conclusões, e conversei com uma conhecida que, ao meu ver, já está esgotando as possibilidades (mais que esgotadas) em relação ao que ela supunha ser o seu par perfeito. Ei, acorda Madalena*. Se ele não retorna a metade da atenção que tu ofereces, mande um "bye bye honey, quem sabe daqui a algum tempo nos encontremos por aí" e ponto. No extremo do minimalismo: "cansei!". Bem, ela chorou, como faria qualquer mulher apaixonada, por mais platônica que seja a paixão, e fez uma cara feia, daquelas que você pensa que o mundo vai acabar naquele minuto. Mas, que nada. Passado o nó na garganta e aquele momento que dói quando se "cai na real", ela me chamou de canto e, tudo bem, numa voz quase inaudível, concordou comigo dizendo que, embora saiba que vai ser difícil esvaziar o coração (foi piegas isso, eu sei, mas foram palavras dela), é o que vai fazer. Pediu se eu tinha alguns cds românticos para ela chorar em casa. Isso ela pediu para a pessoa errada. Gravei um do The White Stripes e disse para chorar tudo o que precisasse hoje, porque, apesar de tudo, amanhã há de ser outro dia. Ela sorriu. Bueno, estou torcendo de dedos cruzados para que dê certo. Força menina. A vida é linda! Não seja menos. ;)

Parte 3: O nome não é Madalena, lógico. Mas eu não tenho o porquê expor tudo aqui.

Parte 4 (e última): O combinado foi avisar. Trato cumprido.



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E depois dessa preciso de um tempo (e ele inclui os textos do blog também). Uma semana para quem adora escrever pode ser tempo demais, mas às vezes algumas coisas são inevitáveis.

Desejos felinos de dias maravilhosos e de um feriado delicioso!

Na dúvida, sabedoria


Tenho, na porta da minha geladeira, há anos, uma foto em preto e branco de um gato vira-latas, fofo como ele só, com óculos escuros e uma delicada expressão de incerteza. Nela, uma frase de autoria de Morgan Scott Peck: "muitas vezes a dúvida é o início da sabedoria". Não lembro qual delas pairava sobre a minha cabeça quando resolvi deixar a foto ali, como um lembrete importante. O essencial é que, desde então, ela tem sido eficaz no meu dia-a-dia. Sou ansiosa por natureza, e quem também é sabe o quanto é difícil conviver com assuntos pendentes, problemas a serem resolvidos, hesitações. Mas a vida ensina. Sabiamente. E compreender que ninguém é capaz de estar sempre com tudo sob controle, sem risco de erro ou probabilidade de mudança, tem me dado grandes alegrias.

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Grata de coração pelos dois livros que recebi de presente nesta semana. É muito bom saber que os textos deste blog são lidos por pessoas tão queridas. :)

Já me deliciei com alguns trechos de ambos. Não tenham dúvidas de que, assim que eu terminar a leitura, os posts estarão por aqui.

Despretensiosamente leve


Ontem. Porto Alegre trinta graus. Final de um dia cansativo. E eu confirmei, mais uma vez, que existem coisas simples e bonitas para se viver. Esta música eu não conhecia. Ouvi pela primeira vez e, ouvindo, sorri. Existe coisa melhor que sorrir leve em um final de tarde, e sentir o quanto se é feliz? :)

"É na sincera, meu coração bate, tipo, acelera.
Quando isso acontece é quando eu sei que é à vera,
que já era, que a coisa é séria."


A música é "Como eu te quero", do Black Alien. A letra, lida, tá certo, é bobinha. Mas musicada fica uma graça. Rap para ouvir despretensiosamente. ;)


************** Black Alien, ex-integrante do Planet Hemp, é considerado por alguns um dos melhores poetas urbanos de rap do Brasil. Figura das mais atuantes no underground brasileiro da última década, o niteroiense Gustavo Black Alien subiu em um palco pela primeira vez em 1993, e desde então desenvolve uma trajetória de participações com artistas como Fernanda Abreu, Raimundos e Marcelinho da Lua. Integrou o Planet Hemp, grupo do qual também fazia parte Marcelo D2, e fundou ogrupo Reggae B, em parceria com o baixista Bi Ribeiro, dos Paralamas do Sucesso. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Black_Alien

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Mas, por favor, sem esquecer que "o essencial é invisível aos olhos".
(Saint-Exupéry)


A minha alma não tem forma,
e se encanta com a leveza
daquelas que vivem livres.

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E que venha outubro! :)

Eles vieram da Lacônia!

Descobri. Os homens são todos originários da Lacônia. Só pode ser. Há outra explicação para serem tão concisos, diretos, objetivos? Isso detona qualquer possibilidade de romantismo para as sonhadoras mulheres, que desejam um sem-fim de frases bonitas saídas da boca do amado. Enquanto elas pronunciam algumas dezenas de palavras por minuto, eles respondem e solucionam tudo com “sim”, “não”, “combinado”, “beleza”. Içami Tiba, no hilário e descontraído “Homem Cobra Mulher Polvo”, explica que os homens falam para comunciar fatos, enquanto as mulheres, para se relacionar. Então, pare de idealizar tanto e veja a vida como ela é. Homens e mulheres são diferentes e, lamento dizer, ficar batendo o pé porque ele não respondeu do jeito que você queria é perda de tempo e início de discussões acaloradas. Calma. Dualidades não são tão ruins. Imagine se eles conversassem tanto como nós? A compra da casa, o nome dos filhos, o destino das férias, o cardápio do jantar, a trilha sonora da noite, iam parecer um longa-metragem em preto e branco. Interminável. Diferenças, dualidades, são essenciais e saudáveis. Assim, recadinho felino às mulheres: da próxima vez que perguntar ao seu namorado, marido, amigo, se ele gostou do filme a que acabaram de assistir, e ele responder com um lacônico “sim”, não dramatize. Provável que no “sim” dele esteja implícito tudo o que você gostaria de ouvir. Ele só não vê necessidade de se prolongar, entendido? E isso não significa que seja um monstro insensível que não gosta de você. É da natureza masculina ser objetivo. De contra-resposta, em vez de começar um discurso feminista e ficar de cara amarrada, mande um “que bom, sinal de que fiz a escolha certa”, e coloque um sorriso à la Júlia Roberts no rosto. Pode apostar, há grandes chances de que ele retribua com um beijo, e a noite tenha muito mais cores e amores do que se terminasse numa briga de vaidades.

Recadinho aos homens: tudo bem serem objetivos, mas, por favor, sem perder a ternura, ok? Nós adoramos um carinho. ;)

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Para saber... Lacônico: Do grego lakonikós (derivado de Lacônia, região da Grécia, cuja capital era Esparta). Os espartanos eram povo austero e guerreiro e não valorizavam a oratória: lutavam muito e falavam pouco. Daí o vocábulo lacônico significar de poucas palavras, por meio do latim laconicu.
http://pt.wiktionary.org/wiki/Lac%C3%B4nico

Amor?


O amor? Sei que cada amor tem uma cor. E o meu, certo, deve ser lilás. Com desejo de traços em outra cor. Mas isso é conversa para outra hora. Cor de amor. De amor sem medo, sem segredo, com malícia, mistério, carícia. E sei que cada beijo tem também uma cor. O amor tem cor de caramelo? Ou de madrugada fria? Um amor, humor, que acalenta? Ou um amor humano, natural, substantivo? Amor de todas as estações, porque a gente pode deixar o verão para mais tarde. Amor de canções, de maçãs, de beijos roubados. Amor que pode ser de romã, numa cabana, com lua cheia, ou amor de lua. Amor a dois. Amor com voz, com tez, com tudo o que se tiver que sentir. Em um segundo, e, se eu puder escolher, por toda a vida. Amor-amor, quando eu te encontrar, por favor, que seja de qualquer maneira. E pode ser em frente ao mar, bem devagar. Com nascer e pôr-do-sol. Com beijo de cinema, sorriso de criança, coração disparado e olho fechado para ver a alma. De flor em flor, te canto, amor, e um dia te encontro. Amor-amor.

Adaptado de "Qual a cor do amor?" (Cazuza)/"Deixa o verão pra mais tarde" (Los Hermanos)/"Brasileiramente linda" (Belchior)/"Amor meu grande amor" (Barão Vermelho).


Para quem perguntou o que eu penso sobre o amor. Tá aí.

Para quem quer sentir... Ouvir "Leo e Bia", do Oswaldo Montenegro, é um bom começo. ;)

".ppt" comigo não!


Direto ao ponto: mensagens com a extensão ".ppt", na minha caixa de correio eletrônico, são quase que automaticamente deletadas mesmo antes de lidas. Com exceção de um outro que abro por terem sido encaminhados por pessoas que já conhecem meu dissabor com essas extensas sequências coloridas, cheias de "fru-fru", e com aquelas músicas melosas tocando ao fundo, e, portanto, que sei não me mandariam arquivos inconvenientes (convenhamos que isso é bem amplo na minha imaginação), os anexos ".ppt" me dão medo. Será que alguém já teve a falta de paciência de ficar contando quantos slides recebeu em um ano e, destes, quantos se aproveitam? Sendo sincera: eu abro (e isso quando abro) o primeiro e vou direto ao último. Uso a mesma lógica que a das novelas: assistir ao primeiro e último capítulos é suficiente. A criatividade é imensa, e o plágio nem se fala. Já recebi textos com palavras como "pegada" e "beijaço" como sendo de suposta autoria do Mário Quintana. Sem contar naqueles arquivos que, só de olhar para o número de quadros (às vezes mais de vinte), dão arrepios. Esclarecendo, não sou resistente, e, muito menos, avessa às maravilhas da informática. Seria exagero. Receber poesia, mensagens bonitas, textos interessantes, faz bem e ajuda a estreitar os laços afetivos na era da tecnologia virtual. Agora, encaminhar um sem-fim de slides com mantras, dicas de alimentação, de beleza, de sedução, e outras coisinhas, não me atrai. Sem esquecer aqueles recados intimidadores: repasse para trinta pessoas (!) ou algo irá acontecer nas próximas vinte e quatro horas. Bem, se isso fosse verdade, minha vida estaria o caos, porque as correntes de auto-ajuda e outras do gênero vão direto para o buraco-negro mais próximo, com a intenção de que nunca mais voltem. Talvez eu esteja errada, e não seja perda de tempo olhar, nas pausas do trabalho, lindas imagens do Nepal, pirâmides do Egito ou bebês graciosos com frases bonitinhas em cor-de-rosa . Mas, até que me provem o contrário, tenho, sim, medo dos arquivos ".ppt".

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Em tempo: post ao som de Melissa Etheridge. Descobri a compositora e cantora americana dia desses. Show de bola! A embalada Bring Me Some Water já está entre as minhas preferidas. Música para dançar ou namorar. Pode escolher. ;)

...


Saudade se sente.


Silente.


Não queira me ensinar a amar.




"Muito para mim é nada, tudo para mim não basta.
Quero cada gesto, cada palavra, cada segundo da sua atenção.
Faça isso por mim, leve a dor para longe daqui,
estou cansada de ouvir que eu só sei amar errado,
estou cansada de me dividir.
O que é certo no amor, quem é que vai dizer, o que falar, calar e querer.
Eu quero absurdos, quero amor sem fim,
quero te dizer que eu só sei amar assim.
Eu quero absurdos, quero amor sem fim,
quero te dizer que eu só sei amar assim."

Zizi Possi

Drama à flor da pele

A intenção não era postar hoje, porque a minha inspiração estava para lá de fraquinha. Afinal, o meu foi um daqueles dias de efeito borboleta, quando alguma coisa dá errado no início da manhã e o resto do dia parece desabar. Pois bem, em vista disso, e para ele não cair de vez na minha cabeça, resolvi ficar encolhida no meu sofá com alguns DVDs e uma panela de brigadeiro para me salvar do turbilhão que foram as últimas horas. Sem críticas quanto ao brigadeiro, ok? Eu pego leve a semana inteira para poder me esbaldar no final dela. Bem, para minha sorte, a meia-noite chegou, o dia de ontem ficou na memória, e o mundo não acabou. Começou, isso sim. O primeiro filme escolhido da trilogia drama, drama e drama (eu adoro um, fazer o quê?) foi "A Pele". Juro, estou até agora buscando palavras para descrever. Só uma me vem à mente: incomum. E por isso adorei. Um passeio pelo fantástico, com um quê de Alice no País das Maravilhas e Terra do Nunca. E onde ficou o drama? Ah, não vou contar. Você vai entender assim que começar a assistir e, no mínimo, vai questionar o que é preciso perder para verdadeiramente se encontrar.


Título no Brasil: A Pele
Título Original: Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Duração: 122 min.
Ano: 2006
Direção: Steven Shainberg
http://www.youtube.com/watch?v=oHsFM1neiG8

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E eu continuo a desconfiar das coincidências... Um dia eu conto por que este filme caiu nas minhas mãos. ;)

Chuva, diversão e arte



Chove a cântaros na Capital, o que não me incomoda. Eu gosto de chuva na primavera. E gosto da Porto que, além de Alegre, fica mais bonita nesta época do ano. Bienal do Mercosul espalhando arte por toda a cidade, feira do livro se aproximando, teatro do Em Cena no ar. Ei, já parou para ver que os ipês da praça da Alfândega estão florindo, mesmo em dias de chuva? Não? Então corra para a rua e viva a cultura com todos os sentidos.


Da Bienal, só provei as mostras do Cais do Porto por enquanto. Destas, me encantaram, entre tantas, as de Allora & Calzadilla e me emocionou, embora com tristeza, a do americano Harrel Fletcher. Ouvi dizer que as exposições do Santander Cultural estão muito interessantes. Em breve andarei por lá. Inspire-se. Visite o site e a Bienal: http://www.bienalmercosul.art.br/.

Tempo mental


É bom estabelecer um limite de tempo mental. Ouvi a frase de uma amiga que, contando-me sobre o desejo de ser correspondida pelo suposto pretendente a namorado, o qual estava com aquela dúvida tipicamente masculina do “não sei se caso ou compro uma bicicleta”, viu-se na necessidade de estipular um prazo mental, logicamente sem ele saber, para resolver a situação. Sim, eu concordo, coisas do coração não se solucionam de uma hora para outra, com data de validade, como se fosse caixa de remédio, mas, tenhamos a santa paciência, quem espera demais nem sempre alcança, e, normalmente, cansa, isso sim. E, bem, estamos falando do sexo masculino. Homem é decidido na prateleira de eletrônicos do supermercado, na hora de trocar o carro ou de comprar carne e cerveja para o churrasco. Quando o assunto é relacionamento, via de regra, danou-se. A mulher ganha disparado em decidir. Assim, mãos à obra. Estabelecer o tal limite temporal pode ser proveitoso se a outra parte não sai de cima do muro. E, ei, se o mocinho já estiver quase pulando para lado de lá, por favor, trate de encurtar o prazo. Toda a dor de amor machuca, isso é fato, mas também não precisa ficar em regime de clausura, trancafiada em casa, sem um sorriso no rosto, por meses a fio. Isso já é tortura. Passou da espera saudável. E se ele já estiver em dúvida, não tenha dúvidas, vendo você sem ação é que vai abandonar o barco (o seu no caso) sem pestanejar. Se você demonstrou que está cheia de amor para dar, mas ele não sabe se vai ou se fica, decida por ele. Cada um tem um tempo emocional, e o seu não deve depender daquele que ele tem. Crie um tempo para o seu coração. Ele é sábio. Enquanto não dói é porque sabe que a espera pode ser válida. Agora, se está pedindo um help, talvez seja hora de parar de agir no automático e pensar. Pode parecer difícil no começo, mas lembre que se a vida não parou do lado de lá, não deve parar do seu também. Fixe limites de prazos mentais para a sua alma florir. Em vez de ficar esperando enquanto ele tenta decidir, compre você uma bicicleta nova e vá logo ser feliz. Se ele quiser, vai acelerar o passo para alcançar o seu tempo de novo. Sim, fique tranqüila, os homens, quando querem, embora precisando de um empurrãozinho, também decidem. :)

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Não sei se a minha amiga comprou a bicicleta nova. Mas está feliz da vida, amando e sendo amada. E, segundo ela, tudo no seu devido tempo.

...



















"Deixamos de sentir o que a gente sentia
que trazia cor ao nosso dia a dia
Deixamos de dizer o que a gente dizia
Deixamos de levar em conta a alegria
Deixamos escapar por entre nossos dedos
A chance de manter unidas as nossas vidas
Amanhã ou depois, tanto faz se depois for nunca mais..."


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Desejos de um final de semana sem nada para depois e com tudo por todo o tempo do mundo! :)

Previsões ciganas


Centro de Porto Alegre. Calor do sol beirando os trinta graus. Meu corpo pedia água tônica gelada (hoje eu gosto de coisas que aos meus dezoito anos detestava) e meus pés queriam descanso. No meio do caminho não havia pedras, mas pombos, como é de se esperar nas redondezas do Mercado Público, e, entre eles, uma cigana que me deu ótimas notícias em um início de tarde de final de semana de início de mês: "moça bonita (e só aí ela já me fez ganhar o dia) a linha da vida começa e termina no teu coração. A tua vai ser longa e feliz". Opa, meu superego cutucou, parece final de novela. Tri perfeitinho. No complemento das palavras daquela senhora com vestido colorido e tilintantes pulseiras nos braços veio o encanto do momento: "tira os pés do chão e voa, menininha", disse ela. Ri, pensando: tolice. Não se sabe do futuro de ninguém pela palma da mão. Ela se despediu, com um olhar e uma serenidade que ficaram na minha memória. Dois passos à frente eu senti uma leveza de espírito inexplicável, que durou até o final do dia. Quem sabe ainda esteja aqui, em um pedacinho do coração. Na simplicidade do gesto de uma cigana, entendi que a vida acontece em ciclos. Na palma da mão está a linha. No coração, o permitir-se voar. :)

Arte: Rose Garden, do Paul Klee. E letra da Zélia Duncan para inspirar o início desta noite...

Easy,
fique bem easy, fique sem nem razão
Da superfície
livre
Fique sim, livre
Fique bem com razão ou não, aterrise


Alma,
daqui do lado de fora
Nenhuma forma de trauma
sobrevive

Abra a sua válvula agora
A sua cápsula alma
Flutua na
superfície lisa, que me alisa, seu suor
O sal que sai do sol, da superfície
Simples, devagar, simples,
bem de leve a alma ja pousou, na superfície

ღ♥ஜ ღ♥ஜ ღ♥ஜ ღ♥ஜ

Tem filosofia aí?



Recordo-me de há algum tempo ter lido um artigo do Luc Ferry sobre como a filosofia pode ser um meio eficiente de auto-conhecimento. Adorei a tese e me senti, de certo modo, aliviada de ver naquelas linhas palavras de um conhecedor sobre o assunto, já que muitas pessoas rotulam aqueles que gostam dessa disciplina como chatos sem outras alternativas mais emocionantes com as quais se ocupar. Certo, divagações, em algumas ocasiões, têm de ser curtas para não se tornarem inoportunas e maçantes, mas procurar entender o porquê das coisas de uma forma filosófica pode ser bonito e proveitoso. Faz bem para a alma e, arranho, pode ser bem mais emocionante ler Kant que assistir a um roteiro de filme americano do tipo suspense policial. Eu encontrei, por vezes, respostas a muitas dúvidas nos ensinamentos de Sêneca, Schopenhauer, Nietzsche (lógico!) e tantos outros. A filosofia é o me que sustenta. É ela que me faz livre, forte, intensa. Aos que também gostam, fica aqui a dica do livro As Consolações da Filosofia, do Alain de Botton, segundo o qual para cada mal da vida existe um remédio filosófico. Fico hoje com Sêneca. O motivo da escolha? Quem sabe acreditar que para todo o final do mês de agosto, escolhido como o tenebroso do calendário, existe um lindo início de primavera.

"Para nos acalmarmos em uma rua movimentada, devemos confiar que as pessoas que provocam barulhos nada sabem a nosso respeito. Devemos erguer uma barreira entre o barulho exterior e a sensação interior de que somos merecedores de punições. Não devemos transportar interpretações pessimistas das motivações alheias para cenários onde não há lugar para elas. A partir daí, o barulho jamais será agradável, mas ele não precisa nos enfurecer tanto: Deixemos o caos reinar por toda parte, desde que não perturbe nosso equilíbrio interior."


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Luc Ferry

Nascido em Paris em 1951, Luc Ferry é filósofo e um dos principais defensores do Humanismo Secular - visão de mundo que se contrapõe à religião, por conta de seu compromisso com o uso da razão crítica em lugar da fé, na busca de respostas para as questões humanas mais importantes. Foi ministro da Educação na França de 2002 a 2004. Com Aprender a Viver, venceu o prêmio Aujourd'hui 2006, um dos mais conceituados de não-ficção contemporânea da França.

**Em tempo: E as tulipas? Estão aqui porque são bonitas (e elas nunca parecem tristes, embora possam estar). E é assim que a vida deve ser. Linda, na medida da felicidade de cada um. :)

Esses triângulos amorosos...


Ok, atire a primeira pedra a mulher que nunca se viu tentada a encarar um relacionamento, mesmo sabendo que o pretendente já tem outra. Sim, bem sei, foram-se os tempos em que a mulher era o sexo frágil. Mulher agora é independente, bem-resolvida e não se apaixona assim tão fácil. Afinal de contas, se o homem for sacana, a mulher também sabe ser. Juro, acredito nas primeiras afirmativas, sobre a independência, coisa e tal, agora, a parte do não se apaixonar? Posso apostar que até a mais legítima das aquarianas vai concordar que é difícil isso acontecer. Houve um período da história chamado de matriarcado. A mulherada comandava solta. Já li teorias um tanto exageradas de antropólogos prevendo a volta desse sistema de organização social. Sensação de vitória para o, outrora, sexo frágil, e um certo pavor para a ala masculina. Indubitável. As mulheres entraram de vez na vida política, social e sexual, antes exclusivamente machista. Hoje são empresárias, filósofas, parlamentares, jogadoras de futebol, e donas de casa por opção. Mulher hoje salta de pára-quedas, bebe cerveja, dirige melhor do que muito homem, sai de casa às 8h da manhã e não volta no outro dia se não quiser, faz filhos por produção independente, entende de mecânica, de eletricidade, e até de física quântica. E, ainda, faz samba e amor quando tem vontade. Pouco provável que isso vá retroceder. Mas, calma homens, nem tudo está perdido (leia-se ganho). As mulheres ainda amam. Disso ninguém me convence o contrário. E porque amam acabam, como diz lá no início, entrando em um relacionamento duplo, que no fundo, já sabem falho desde o começo. Conheço histórias e histórias de casos assim. Ela se envolve pelo lindo par de olhos que, na noite em que se conheceram, prometem carinhos e mimos sem-fim, para depois cair na constante esperança da exclusividade. E se faz isso é porque gosta mesmo. Mulher, raras exceções, desaba quando se apaixona. E não gosta de dividir, isso é fato. No início até releva, se faz de durona, finge ser o tipo "não vou me envolver". Mas, vá lá, no quarto ou quinto encontro (e olha que estou exagerando em consideração às mais resistentes), já está com o coração transbordando de amores, esperando o dia em que a outra parte diga: sou só seu. O problema é que, normalmente, essa frase mágica não vem, e, daí em diante, o príncipe começa a virar sapo. Tá bom, pode até ser um sapo com a carinha doce do Brad Pitt, mas, a não ser que se tenha sangue de barata, é difícil não começarem as cobranças, os pedidos de mais atenção, mais tempo juntos, de colo no final de semana, de programas a dois que não sejam só entre quatro paredes. Dura realidade, mas a preferência é, em regra, de quem chegou antes. Nada mais justo. E, lamento dizer, se você chegou tarde, vai acabar ficando com o que sobrar. O que restar das férias de verão que ele passar com a namorada, dos Natais que ele estiver na serra ou na praia, com a outra família, e só conseguir ligar escondido para dizer que sente saudade e que, na volta, terá um tempinho para vocês dois, dos aniversários que não poderá comparecer, das festas em que não poderá ir, pois pode haver amigos em comum. Enfim, ausência consentida em várias ocasiões. Que fique claro. Cada um faz o que quer, e com quem quer, e este texto não é uma crítica aos homens, cômodos por natureza quando se trata de terminar um relacionamento que já não vai bem. Mas, se por acaso, ao ler estas linhas bateu um aperto no coração, quem sabe seja a hora de rever alguns conceitos. Fidelidade e lealdade são questões de respeito. Ninguém é propriedade de ninguém. Amar é maravilhoso, mas pode ser mais ainda se o amor da sua vida for inteiro, completo, verdadeiro. Nelson Rodrigues bem disse que "pouco amor não é amor". Não viva o seu pela metade se isso estiver incomodando. Às vezes uma suposta perda pode significar um lindo recomeço. Em tempos de amores líquidos, amor incondicional parece que está fora de moda.

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Para inspirar:

Sabe o que é melhor que ser bandalho ou galinha? Amar. O amor é a verdadeira sacanagem.
Tom Jobim


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Em tempo: no paraíso não tem internet. Então, off alguns dias por aqui... Mas eu volto. ;)

Saudações felinas neste feriado que promete lindos dias de quase-primavera! :)

Felina da estepe?

Ler Demian*, do Hermann Hesse, me faz, inevitavelmente (e um tanto assustadoramente), pensar que eu possa ser uma versão feminina do Harry Heller, personagem principal do “Lobo da Estepe”, primeiras linhas que li de Hesse, e que bastaram para eu me apaixonar pelas obras do autor. Harry vive constantemente dividido entre a parte homem e a parte lobo. Aos que não conhecem esta maravilhosa obra literária, segue, antecipadamente me desculpando por ser um tanto extenso, um dos fantásticos trechos ali encontrados:

Com nosso Lobo da Estepe sucedia que, em sua consciência, vivia ora como lobo, ora como homem, como acontece aliás com todos os seres mistos. Ocorre, entretanto, que quando vivia como lobo, o homem nele permanecia como espectador, sempre à espera de interferir e condenar, e quando vivia como homem, o lobo procedia de maneira semelhante. Por exemplo, se Harry, como homem, tivesse um pensamento belo, experimentasse uma sensação nobre e delicada, ou praticasse uma das chamadas boas ações, então o lobo, em seu interior, arreganhava os dentes e ria e mostrava-lhe com amarga ironia o quão ridícula era aquela nobre encenação aos seus olhos de fera, aos olhos de um lobo que sabia muito bem em seu coração o que lhe convinha, ou seja, caminhar sozinho nas estepes, beber sangue vez por outra ou perseguir alguma loba. Toda ação humana parecia, pois, aos olhos do lobo horrivelmente absurda e despropositada, estúpida e vã. Mas sucedia exatamente o mesmo quando Harry sentia e se comportava como lobo, quando arreganhava os dentes aos outros, quando sentia ódio e inimizade a todos os seres humanos e a seus mentirosos e degenerados hábitos e costumes. Precisamente aí era que a parte humana existente nele se punha a espreitar o lobo, chamava-o de besta e de fera e o lançava a perder, amargurando-lhe toda a satisfação de sua saudável e simples natureza lupina.

A velha história das metades, como tão bem musicou Oswaldo Montenegro: “metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio; metade de mim é o que penso, mas a outra metade é um vulcão; metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço”. Por vezes me sinto assim, dividida, e fico em dúvida se o que sobressai aos olhos dos outros é a minha metade sempre sensata, a que sorri sempre, a que só profere palavras amáveis, a que obedece, respeita, enfim, a que pensa mais do que sente e se preocupa interminavelmente com os desejos dos outros, ou aquela não tão racional, a metade loba (felina seria a melhor definição), aquela que mostra os dentes, que esbraveja, que se irrita, que se descontenta, que revida, que defende seu espaço, que briga, que ama com exagerado instinto e que, por isso, sofre na mesma intensidade. Metades. São metades de mim, que, vez por outra, duelam, mas que, felizmente, na maior parte do tempo, convivem pacificamente, lado a lado. Ora instinto, ora razão. E, se a alguns assusta, a mim encanta saber que, entre esses dois extremos, existem ainda outras diversas almas, cores, matizes. Outras partes do meu todo. As mil flores da minha alma. E delas eu cuido cada qual com sua graça, com seu sentido. Difícil crer que alguém seja um só o tempo inteiro. Gosto de pessoas que têm metades. E daquelas que de cada uma dessas metades sabe fazer um todo lindo, verdadeiro, pulsante. Não tenho a obrigação de ser constante o tempo todo, vinte e quatro horas por dia, nos sete dias da semana. Se oscilo é porque me mostro, porque me defendo, porque me solto, porque me escondo, porque me protejo, porque me apego, porque me liberto. E se o meu jeito assusta, lamento. Não sou, nem quero ser, estanque.

********************************************

*Demian é um livro escrito por Hermann Hesse, ganhador do Nobel de Literatura de 1946. Considerada por muitos críticos a principal obra de Hesse, Demian mostra a influência que este sofreu dos escritos de Nietzsche e a aplicação de seus conhecimentos de psicanálise na elaboração do drama ético e da enorme confusão mental de um jovem que toma consciência da fragilidade da moral, da família e do Estado.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Demian

...



"Gosto e preciso de ti
Mas quero logo explicar
Não gosto porque preciso
Preciso sim, por gostar."

Mario Lago

Precisar: Verbo transitivo. É verbo que não se constitui só, ele precisa de um complemento.

Café da manhã com poesia



Há alguns anos assisti a uma entrevista feita pelo Ruy Carlos Ostermann, no Projeto Encontros com o Professor, com o Affonso Romano de Sant'Anna, poeta mineiro que eu adoro de paixão. Descobri, naquela ocasião, que ele é casado com a também escritora Marina Colasanti. Alguém imagina o café da manhã desses dois? Ok, não estou afirmando que tudo são flores, porque quem já conviveu com alguém por mais que um final de semana ou alguns dias de férias de verão sabe das dores e das delícias do dia-a-dia juntos. Mas, vai dizer, que entre pãezinhos, sucos e geléias, não deve ser uma delícia acordar com palavras doces de poesia?

Dele é "O Silêncio Amoroso", um dos meus preferidos.

Deixa que eu te ame em silêncio.
Não pergunte, não se explique, deixe
que nossas línguas se toquem, e as bocas
e a pele
falem seus líquidos desejos.

Deixa que eu te ame sem palavras
a não ser aquelas que na lembrança ficarão
pulsando para sempre
como se amor e vida
fossem um discurso
de impronunciáveis emoções.


Dela, "Corpo Adentro".

Teu corpo é canoa
em que desço
vida abaixo
morte acima
procurando o naufrágio
me entregando à deriva.

Teu corpo é casulo
de infinitas sedas
onde fio
me afio e enfio
invasor recebido
com licores.

Teu corpo é pele exata para o meu
pena de garça
brilho de romã
aurora boreal
do longo inverno.


Que dupla hein?
Desejos felinos de um domingo maravilhoso, seja ele a dois ou em carreira solo! ;)

A Maioridade dos Simpsons

Como eu não assisti a esse, segue o comentário de quem viu...
Fala amigo! ;)

A Maioridade dos Simpsons
Pedro Calil

No ar há dezoito temporadas, a animação da família mais famosa de Springfield celebra sua maioridade com um longa metragem, Simpsons – O Filme. A receita do idealizador, Matt Groening, deu conta dos noventa minutos. Embora trate-se de um desenho, não se pode dizer que ele é fácil. O humor perspicaz proposto por Groening é dirigido a uma platéia inteligente e atenta. E mesmo neste caso, a impressão que fica é a de que no formato de cinema às vezes há perda de ritmo, mas isso fica longe de balançar a bem-intencionada idéia. Na história, Homer, habitualmente egoísta, traz um porquinho para dividir o lar com a família. Os dejetos do animal são acumulados num cilindro metálico, instalado no pátio da casa. Para livrar-se da sujeira, o pai não hesita, e lança o silo ao lago de Springfield, causando a maior catástrofe ambiental já experienciada pela cidade, que é isolada pela autoridade sanitária com uma cúpula de vidro blindado. Homer tem de reconquistar os laços com a família e salvar a comunidade do pior, a implosão já autorizada pelo governo. Enredo à parte, os Simpsons mantêm com fidelidade os traços individuais de personalidade que os fizeram adoráveis ao longo desses dezoito anos. A crítica ácida ao modelo americano e à sociedade atual permeia o longa, que não poupa de provocações temas como política, religião e a consciência ambiental, centro das atenções. Um presente maneiro para os fãs da bonecada amarela.

Simpsons – O Filme
Produzido por James L. Brooks, Matt Groening e Al Jean.

...

Nietzsche, sempre ...
"É preciso ter caos e frenesi dentro de si para dar à luz uma estrela dançante."

A frase é clichê, mas é verdade. Vai dizer que não? Tudo sempre acaba bem... :)

To nem aí?


Dizem que a indiferença é o contrário do amor. Se for assim, que eu não viva sem amor um só dia da minha vida. Indiferença não é oposto de amor. É a pura falta dele. Amor próprio e amor ao próximo. Amar, gostar, desgostar são sentimentos. E a indiferença é a ausência de qualquer um. Quem é indiferente nem sentimento tem, porque vive no meio-termo. Não morre de amores, não odeia com ferocidade, não se apaixona perdidamente, não sente o coração disparar quando vê o amor da vida chegar, não sente prazer, não sofre quando isso é preciso para aprender, não cresce. Olha a vida passar, sem qualquer graça.

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Tirando, quem sabe, algumas paredes verdes, nada me é indiferente...
A lua, alguém já viu a lua linda que faz nesta semana? :)

Corpo em movimento


Grupo Corpo! Programe-se: Eles retornam a Porto Alegre em novembro, desta vez no Teatro do SESI. Imperdível!

Ficha técnica
Diretor Artístico: Paulo Pederneiras
Coreógrafo: Rodrigo Pederneiras
Diretora de Ensaios: Carmen Purri
Diretor Técnico: Pedro Pederneiras
Site: www.grupocorpo.com.br

...


Giz
Legião Urbana

E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero

Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
Pra ser honesto
Só um pouquinho infeliz

Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem...
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei
Está tudo bem, tudo bem...




Queimar navios



"Ah, se já perdemos a noção da hora 
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir."


¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•¸¸


Não é simples. Ninguém nunca disse que seria.

Reconstruindo amores

Produção dinamarquesa, Reconstrução de um Amor é um filme espetacular. A fotografia é maravilhosa, mesclando cenas de um colorido fascinante com outras de nuance gris. Diálogos interessantes sem serem cansativos e um enredo não-linear que me pôs sorriso nos lábios. Não há muito o que falar do filme. Melhor é assistir. 

Título Original: Reconstruction
Gênero: Romance
Origem/Ano: DIN/2003
Duração: 90 min
Direção: Cristoffer Boe

Nas graças da gata...


Se caiu nas minhas graças, merece estar aqui. Este texto é de um amigo muito querido. Colega de trabalho, de almoço, de conversa séria e de molecagem. Forte no nome e na personalidade. Tem um coração enorme e um ombro que me acalenta sempre carinhosamente nas horas de sufoco. Por isso, merece um espaço especial não só na minha vida, mas no meu cantinho. Beijos amigão. Que a tua vida seja uma sucessão de momentos felizes daqui em diante! 


O SEGREDO
por Pedro Calil*

*Ele por ele: músico apaixonado e compositor sem televisão

Rhonda Byrne parece mesmo ter conseguido voltar os olhos do mundo para sua velha novidade: The Secret - O Segredo. O livro de auto-ajuda e programação neuro-lingüistica, óbvio recordista de vendas, ganhou adaptação para o cinema e, com isso, a minha revisão crítica sobre a coisa. A idéia central é a mesma que mantém em constante esvaziamento as prateleiras mais cobiçadas das livrarias, bancas de revistas e até mesmo de algumas farmácias (ou você é do tempo que farmácia vendia Aspirina?): a de que somos o que acreditamos ser e a de que atraímos o que queremos ter. E esta idéia não é nada má, pensamento positivo comprovadamente faz bem. Agora, o formato dado ao filme é patético. Meia dúzia de participantes se alternam em depoimentos que ameaçam a titulação acadêmica exibida na legenda. É muita ginástica facial, chega a lembrar os vendedores de sabonete da Amway. Ao fundo, desenhos de átomos e outras alegorias comprometem a atenção do espectador. Mas o que faz o filme desmoronar é a insistência no uso do “segredo” para servir ao consumismo. E isso é escancarado. Há espaço para um e outro caso de superação, de conquistas de outra ordem, ficando o grosso com o investimento em bens de consumo. O menino sonha com uma bicicleta, o jovem, com ares de semi-retardado, um carro esportivo, e o coroa quer uma mansão. Talvez a autora se justifique argumentado que assim a mensagem fique mais inteligível ao público. Eu não ficaria assombrado com a cara-de-pau. Enfim, os velhos conselhos de mãe em formato fast-food. Mas segredo, se bem me lembro, não se conta.


Título: The Secret - O Segredo
Autor: Byrne, Rhonda
Editora: Ediouro (rj)

Dia dos solteiros




Hoje, quinze de agosto, é o dia dos solteiros. Fiquei sabendo há pouco. Pensei: mais do que justo. Se há o dia dos namorados, por que não um para brindar a liberdade? Eu, certo, vou de Stones:


I'm free to do what I want any old time/Sou livre pra fazer o que quero a qualquer hora
I'm free to choose who I see any old time/Sou livre pra escolher quem eu quero ver a qualquer hora
I'm free to bring who I choose any old time/Sou livre pra trazer quem escolho a qualquer hora
Love me hold me, love me hold me/Então me ame, me abrace
I'm free to do what I want any old time/Sou livre pra fazer o que quero a qualquer hora


Férias de verão em pleno agosto no Rio Grande do Sul... Nada melhor para comemorar o dia e a noite (que de criança não tem nada)... rsrsrs...

...



Um amigo pediu para que eu escrevesse sobre sedução. Ele sabe que eu tentei e, hoje, após três dias criando reviravoltas na minha cabeça para encontrar algumas linhas, confesso: não consigo. Sedução não se descreve. Sente-se, partilha-se, e só. Sedução, por si mesma, basta em si. É instinto. Não tem palavras. Eis uma boa dica, amigo querido: "É tão melhor desejar do que ter. O momento do desejo é o mais extraordinário. O momento do desejo, quando você sabe que algo vai acontecer - esse é o mais emocionante." Anouk Aimée

Noite e noites e dias e dias de sedução são necessários, vitais e inevitáveis...

Divã numa rampa de vôo-livre



Um dia lindo de domingo. Melhor ainda se visto do alto. Se alguém já subiu o morro de Osório, aqui no Rio Grande do Sul, sabe do que eu estou falando. Tudo bem, não é a espetacular beleza da Pedra da Gávea, no Rio, mas a paisagem fica linda lá de cima. O Morro da Borússia (ok, o nome é estranho e concordo que dá vontade de rir, mas você esquece rapidinho isso quando chega lá). O visual é lindo. Uns 5km de subida e é possível avistar inúmeras lagoas da região e, ao fundo, o mar. Eu, adoradora da natureza que sou, me senti em casa. Felina selvagem? Sem dúvidas me soa melhor que gata domesticada. Mas o que me chamou a atenção foi a rampa de salto-livre. Uma estrutura de madeira, simples, projetada para saltos de asa-delta me valeu mais que muitas sessões no divã. Explico: Ao chegar no último mirante, eu, já embevecida com a beleza do lugar, fui, de pronto, o mais próximo que pude do final da rampa, deliciando-me com o contraste do verde da mata e o azul das águas e do céu. Na minha mente era possível pintar um arco-íris de lilás ali. Mais alguns minutos e, juro, eu encontrava o estado do nirvana. Paz, sossego, o suave calor do sol de inverno no rosto. Descobri um paraíso entre dias de semana tão corridos. A interrupção do meu momento zen veio quando uma mãe, que estava ali por perto, zelosa pelo filho, gritou para o pequeno ter cuidado com os vãos da rampa. Pronto. Quem olhou para os tais vãos fui eu. E porquê? Que sensação ruim. Desequilibrei legal. Quem conhece rampa de salto-livre sabe que as madeiras são um tanto separadas, acredito que para dar a flexibilidade necessária ao impulso e aos saltos. Pois bem, logicamente, entre estas fendas se consegue ver o chão. Aquela mesma sensação de quando se passa por uma ponte pênsil, daquelas bem antigas de madeira, que balançam para caramba. Se você olhar para baixo, já era. Desequilibra mesmo. Ali era de uns cinco ou seis metros a altura, e eu senti um friozinho na barriga quando olhei para baixo. O vento era forte e, naquele momento, eu esqueci da beleza que tinha a minha volta, prestando atenção no medo de perder o equilíbrio. Mas bastou olhar novamente para o horizonte para que a boa sensação voltasse. E daí, bom, difícil não associar. Os medos sempre estão ali, em você, em algum lugar guardados na história da sua vida, nos seus segredos, no seu íntimo, naquele cantinho de você que só mesmo você conhece, e basta que se dê um tanto de atenção a eles, os problemas, para surgirem e, literalmente, nos tirarem o equilíbrio. Não é possível mandar os medos embora, muito menos fingir que eles não existem. É normal do ser-humano sentir medo quando vê sua segurança ou sua individualidade em perigo. Pode até ser saudável que os medos, as ansiedades, as inseguranças, vez por outra, tentem aflorar, para termos a certeza de podermos vencê-las. Conheço algumas pessoas que dizem não ter medo de nada. Não sei até onde pode ser possível, mas respeito a convicção de cada um. Já aos que convivem com seus medos, e sabiamente os vencem, saudações felinas. Saber olhar o horizonte é para poucos. Ver a vida assim, também. E são essas as pessoas que eu quero do meu lado daqui em diante.

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OSÓRIO
MORRO DA BORÚSSIA
Serra com beleza da Mata Atlântica, altitude 400 m, excelente para a prática de vôo livre e linda vista panorâmica, podendo-se observar a serra, lagoas e o Oceano Atlântico.
CASCATA DA BORÚSSIA
Com infra-estrutura de lazer, área para piquenique e churrasco. Propriedade particular, distante 12Km da sede. Entrada pelo Km 98 da BR 101 perto de Osório.
COMPLEXO DE LAGOAS
Cordão de lagoas interligadas, correndo paralelo ao Oceano Atlântico. Possibilita a nevegação e a prática de esportes náuticos.

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Para a minha e a tua alma, um pouco (just a little) de Zeca Baleiro:

"eu bem que tento
tento entender
mas a minha alma não quer nem saber
só quer entrar em você
como tantas vezes já me viu fazer
e eu digo
calma alma minha
calminha
você tem muito o que aprender."


São reticências... Reticências da minh´alma nesta madrugada de sexta-feira...

A segunda vez a gente não esquece


Assisti pela segunda vez ao filme "Crash-No Limite", do diretor Paul Haggis. Para alegrar meus olhos (a fotografia é bonita), os ouvidos (a trilha sonora é maravilhosa), e, porque não, a minha alma, que pede constantes inovações, foi tão ou mais estimulante e questionador vê-lo outra vez. Confesso, chorei. Desta vez em cenas diferentes, mas chorei. É triste saber que as pessoas, pelos menos, e infelizmente, a maioria delas, ainda vive cercada de preconceitos estúpidos e mecanicamente estereotipados. Não me agradam, nem nunca me agradaram, julgamentos infundados em razão de raça, opção sexual ou religião. Ou seja, falta de respeito ao próximo, é, sem sombra de dúvidas, uma atitude egoísta e ridícula. E falo de respeito, não de tolerância, porque esta a gente exercita quando está, literalmente, no limite. Ela me parece feia, cheia de rancor. Se você diz "eu tolero muitas coisas", significa que as tais coisas te incomodam tanto a ponto de quase explodir, e mandar pelos ares a individualidade da outra pessoa. É como se estivesse advertindo: não ultrapasse aí, porque o aí, no caso, é o meu limite. Se ultrapassar, não me responsabilizo pelas minhas atitudes. Respeitar é diferente. É nobre. É bonito. Vem do coração. Quem respeita não fica no ponto-limite da ingorante intolerância. Crash vale a pena ser visto por isto: por mostrar como o ser humano pode ser extremamente destrutivo ou apaixonantemente construtivo. É uma questão de opção e afirmação de pensamentos como modo de vida. Claro, o filme vale por muito mais, que deixo a critério de cada um decidir. Embora seja uma produção norte-americana, merece louvores, pois consegue passar uma visão diferente dos filmes tipicamente hollywoodianos, e prende a atenção do início ao fim. Assista uma, duas, inúmeras vezes a Crash. Dá pano para manga discutir sobre ele numa mesa de bar.


O filme é ambientado em Los Angeles e mostra várias situações em que pessoas acabam se aproximando em razão de acidentes de carro, tiroteios e roubo. A maioria das personagens retratadas neste filme são, de alguma maneira, prejudicadas por sua etnia e acabam envolvidas em conflitos que as forçam a examinar seus próprios preconceitos.

Ficha Técnica
Título Original: Crash
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 113 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2004
Site Oficial: www.crashfilm.com
Direção: Paul Haggis
Roteiro: Paul Haggis e Robert Moresco, baseado em estória de Paul Haggis
Produção: Don Cheadle, Paul Haggis, Mark R. Harris, Cathy Schulman e Bob Yari
Música: Mark Isham
Fotografia: James Muro
Desenho de Produção: Laurence Bennett
Direção de Arte: Brandee Dell'Aringa
Figurino: Linda M. Bass
Edição: Hughes Winborne
Efeitos Especiais: Luma Pictures

Lilás para te encantar



Quem me conhece sabe o quanto sou apaixonada pela cor lilás. Pois bem, hoje descobri que a cor é lilás, e não violeta, púrpura ou magenta, por não ter o vermelho em sua composição. Mas tinha que faltar justamente o vermelho, cor da paixão? Eu não vivo sem paixões. Como vou viver sem o meu amor ao lilás? O Djavan canta que "nas pontas de estrelas perdidas no mar/ pra chover de emoção trovejar/ raio se libertou/ clareou muito mais/se encantou pela cor lilás". Lilás é a cor da minha alma, do meu amor, mesmo que sem o vermelho. É o tom dos meus sonhos e dos meus amores. Eu sei que a vida não é rosa, mas se eu pudesse, ah (!) ela seria lilás. Se os jacarandás de Lisboa colorem o chão de lilás, é no lilás dos meus pensamentos que hoje os meus beijos vão a te encontrar. Na paz que só o teu abraço é capaz de me dar, mando sentimentos bons para te guiar.

Desejos felinos de uma semana de lindos dias em lilás...

...



Será muito rock n´roll para a tua bossa nova? Já não sei... Perturba meu sono, distrai meu pensamento. E eu só consigo, sem o doce encanto das tuas palavras, pensar nesta letra do Cazuza:

"Como é triste a tua beleza
Que é beleza em mim também
Vem do teu sol que é noturno
Não machuca e nem faz bem

Você chega e sai e some
E eu te amo assim tão só
Tão somente o teu segredo
E mais uns cem, mais uns cem

Tudo azul, tudo azul
Completamente blue
Tudo azul."

Não gosto desse jogo


Os verbos da moda agora são bloquear e desbloquear. Não, nada de telefone ou conta-corrente. Estou falando de pessoas. Amigos, como são chamados no orkut, e contatos, no messenger. Tenho conhecidos que costumam fazer isso com a maior freqüência e eu, com a mesma, fico impressionada com tal atitude. Tudo bem, se tem algo que eu prezo é aquela máxima de que cada um faz o que bem entende da sua vida e não deve explicação aos outros, mas confesso que esse paradoxo de adicionar (eis outro verbo moderno) enlouquecidamente pessoas que, muitas vezes, mal se acabou de conhecer, nos programas de relacionamento ou de conversação, só para aumentar o suposto "ibope" pessoal, e depois bloqueá-los como se fossem peças de xadrez que ora se coloca em um lugar, ora em outro, dependendo da situação que for ao jogador favorável, me soa, no mínimo, infantil. Sei que acontece de, em algumas ocasiões, conhecermos pessoas que, de início, nos agradam, depois, já não tanto, e aí, tudo bem, nada demais em manter um afastamento saudável até para que o outro não se torne uma pedra no seu sapato. Simpatia e antipatia acontecem, é natural. Mas daí a ficar bloqueando e desbloqueando, adicionando e excluindo pessoas, é, isso sim, uma tremenda falta de maturidade. Reflexo dos tempos de relacionamentos superficiais e "de bolso", como descreve Zigmunt Bauman em "Amor Líquido". Pessoas chatas existem, e sempre haverá uma ou algumas na sua vida, como o/a ex-namorado/a que não desgruda, a sogra, o cunhado maledicente, o chefe irritado, a vizinha inconveniente. E, lógico, tem momentos na vida em que você gostaria de exportá-los, junto com todos os problemas, para outro planeta bem distante. Agora, a menos que você seja um psicopata, não é recomendável sair por aí excluindo todos que estiverem, de alguma forma, incomodando a sua utópica vida perfeitinha. Excluir ou bloquear os outros é, no meu entender, para quem tem medo de ouvir verdades, para quem tem medo de conversar e não conseguir convencer, para quem tem medo de sentimento, de movimento, do confronto saudável, do olhar direto e das palavras também. Particularmente, e eu gosto assim, atraem-me outros verbos, que não os tão usados hoje em dia. Amar, gostar, preferir, adorar, unir, separar, escolher, ganhar, perder, conhecer, atrair, provar são alguns dos que me dão a deliciosa certeza de viver no mundo real. Esse jogo de bloquear e excluir pessoas nunca foi meu forte, mas à vontade quem se acha no direito de fazê-lo.

Inclua, e não exlua, pessoas na sua vida... Uma noite chuvosa é propícia para tanto...
Atualização do post [31.12.08]: eu pensava assim porque nunca tinha amado. ou não sabia amar. amar, sem ter amor, dói. e qualquer maneira de tentar amenizar essa dor é válida.

Mime ao som de Moïse



Não sei o porquê, mas sempre fui resistente a músicas francesas. Talvez para poder perceber, um dia, como são bonitas. Estou encantada com a cantora haitiana estabelecida na França, Terï Moise. As letras são lindas e a sensual melodia, idem. Em dias de inverno gelado, não é só o rock que me aquece. "Je serais là" dá uma idéia do trabalho de Moïse.

"Oublie tes erreurs et tes peurs/esqueça teus erros e teus medos
Je les efface/eu os deixei de lado
A chaque faux pas que tu feras/e cada passo em falso que deres
Je tomberai à ta place/eu cairei no teu lugar
Mon seul plaisir sera de t'offrir une vie idéale/meu único prazer será te oferecer uma vida ideal
Sans peine et sans mal/sem dor e sem mal."


Mime muito quem você ama ao som de Teri Moïse neste domingo gelado. Irresistível!

(In)conto


Eu gosto de contos. Mas não os de fadas, que, a mim, nesta fase da vida já parecem chatos. Melhor deixá-los para a inocência das crianças, as quais precisam do lúdico para começar a entender o mundo. Então, nada de explicações frágeis ou enredos bonitinhos mas ordinários. Prefiro contos de verdade, daqueles em que o final surpreende. Dispenso a escrita difícil, pomposa, pois o conto requer simplicidade. Sem dizer demais, e sim o suficiente. Usar a forma de diálogo talvez seja interessante. Eles são estimulantes, envolventes. Uma pitada de humor não faz mal, mas moderado. Ah, sim, deixe-me respirar. Admiro a estilística do Saramago, mas, desta vez, nada de parágrafos intermináveis. É para ser um conto, não uma obra-prima da literatura russa. Um tanto de verossimilhança com a realidade é essencial. Não me faça de tola. Já disse, não gosto de contos de fadas. Nada de duendes, Gatos de Botas, ou donzelas como a Bela Adormecida. Príncipes encantados estão fora de cogitação. Espécie em extinção. A coleção dos irmãos Grimm fica bem na estante de casa, e lá permanecerá para ao deleite de algum entusiasta pelo gênero ou, quem sabe, dos meus sobrinhos, quando deixarem de lado a tela do computador e descobrirem a maravilha das obras impressas. Sem querer ser pessimista, mas me parece que a ingenuidade não convence mais. Pitadas de Balzac, Sade, Joyce, Kafka são liberadamente permitidas. Um conto de cantos e canções reais, allegro, ma non troppo, porque, como diz aquele poema do Victor Hugo, o riso diário é bom, mas rir de tudo é desespero. Quero um conto que me encante. Que tenha o tempo certo, sem exageros. Com construções e distrações no momento certo, que me conte da vida o que eu não sei, num enredo singelo, apaixonante, presente, completo.

Ainda não descobri de onde veio a inspiração para este texto... Mas veio assim, não mais que de repente. Do coração, da alma...

Sanduíche e jazz


Eu queria chá de manga. Não tinha. Veio um de menta, delicioso. Às vezes as substituições podem ser interessantes. Estava curiosa para conhecer o Muffuletta. Fui lá e gostei do que vi. O lugar é pequeno, aconchegante, no estilo dos bares "cidade-baixanos" da República. Inspirado em Nova Orleans, cidade-berço do jazz, tem objetos de arte, quadros, revistas e fotografias por todos os lados, o que sempre me agrada. Adorei os tampos das mesas, decorados com vidro, as luminárias e a parede na cor vermelha. O Muffuletta traz no cardápio o sanduíche que dá nome ao lugar, feito, entre outras delícias, com salame, copa e pasta de azeitona. O saboroso Mississipi, mais leve, já está entre os meus favoritos. A título de curiosidade: diz-se que o lema de Nova Orleans é laissez les bons temps rouler ("deixe os bons tempos rolarem"). Então, reserve logo um tempinho na agenda para conhecer o Muffuletta, opção agradável para aproveitar o início de noite com os amigos ou a dois.

Muffuletta
Endereço: Rua da República, 657 - Cidade Baixa
Telefone: 3224.1524
Cidade: Porto Alegre

O que eu quero ser quando crescer?

Descobri Donaldo Schüler na eleição para patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, em 2004, e, desde então, me encantei. Do alto dos seus setenta e quatro anos, dono de uma lucidez entusiasmante e de uma simpatia inigualável, continua simplesmente sensacional. Professor titular do Instituto de Letras da UFRGS, traduziu a última obra de James Joyce, Finnegans Wake. Agora há pouco assisti ao programa Comportamento, na TVCom, no qual ele foi entrevistado, e não poderia deixar de registrar minha admiração pelo escritor. Se ainda for possível ter ídolos nesta época de gostos tão diversos, Schüler é o meu. Oxalá tenha eu um tanto apenas da sua capacidade intelectual quando crescer.

*Formação Acadêmica - Donaldo Schüler
1. Bacharel em Letras pela UFRGS, l959.
2. Licenciado em Letras pela UFRGS, l960.
3. Doutor em Letras e Livre-Docente pela PUCRS, l970.
4. Doutor em Letras e Livre-Docente pela UFRGS, l974.
5. Professor Titular da UFRGS, l981.
6. Pós-Doutoramento na USP, l988-1989.

*Mais informações em www.schulers.com/donaldo

Paraísos reais




Férias me provocam constantemente a pensar em paraísos. No plural, porque, para mim, não deve existir só um. O Jardim do Éden não me agrada porque me parece perfeito demais. Sei, paraíso é para ser perfeito. Ou não, como diria o Caetano Veloso, que, esclarecendo, não é meu favorito em nada, mas a frase veio a calhar, por isso o citei. Tudo o que é muito perfeito perde a graça. Não estou fazendo apologia ao caos, mas um pouco de contravenção às regras pode ser saudável. Segundo a Enciclopédia Wikipedia, paraíso é o "lugar descrito por diferentes religiões onde o clima é ameno, há abundância de alimentos e recursos, e não há guerras, doenças ou morte. Normalmente, a vida no paraíso seria a recompensa após a morte para as almas dos que seguem corretamente os preceitos de cada religião". Considerando que eu prefiro conhecer o paraíso ainda neste plano, tal conceito também não me satisfaz. Pôxa, é possível criar paraísos mais reais, sem tanta utopia, tudo depende do ponto de vista. Perguntei a alguns amigos o que pensavam sobre o tal paraíso. Antes de mais nada, notei que criatividade não falta nas mentes que me acompanham, e isso me deixa feliz. Falta de criatividade, assim como de bom humor, é maçante. Não me surpreendeu saber que o sr. paraíso é visto pela maioria das pessoas que questionei como um lugar lindo (o adjetivo foi o mais usado pelas mulheres), divino e ensolarado (alguém lembrou até de definir o clima) e que, para ser paradisíaco, tem que ter alguém especial por lá, fazendo companhia. Para os homens, o alguém especial poderia ser, no caso, a Juliana Paes ou a Jessica Alba, que, confesso, até então eu desconhecia. Ou seja, o paraíso só é paraíso se for bonito e se estiver nele aquela pessoa especial, preferencialmente, cheia de amor para dar. Bem, fora a hipótese de ser divino, os conceitos de cada um dos meus amigos se aproximaram do meu. O paraíso é um lugar bonito aos olhos de quem vê, é leve, traz uma sensação boa de paz e completude, e fica inigualavelmente melhor se o amor da sua vida estiver junto.O que me chamou a atenção é que, na visão deles, com poucas exceções, parece sempre ser algo inatingível, ou no mínimo, que exige algum sacrifício em troca dos benefícios que oferta. Nisso eu discordo. Concluí que eu tenho vários paraísos. A minha casa é meu paraíso nos dias em que o corpo e a mente pedem sossego. Ter um trabalho que me dá tempo livre para escrever e fazer coisas que gosto se torna o paraíso de segunda a sexta. O aconchego da minha família e dos meus amigos me dá o estímulo necessário para enfrentar os problemas que porventura surgem. Está aí o meu caminho para o Nirvana. E, claro, aquela pessoal especial que me faz derreter só com um beijo e um olhar, quando está ao meu lado, faz o paraíso surgir lindo como nunca, seja em um banco de praça ou debaixo de um edredon. Enfim, recadinho felino para o final de semana: faça da sua vida um paraíso (ou vários). Faça ela ser bonita, no lugar onde você estiver e com quem você amar. Assim vai ficar fácil o paraíso ficar ali, bem ao seu alcance.


Uma felina na paz do interior do Estado...
E eu não lembrava que esta minha terrinha é tão fria! Mas mesmo assim pode ser o paraíso! Roonnn...