Ania Dąbrowska



a loirinha de voz doce é Ania Dabrowska, cantora polonesa que mistura jazz, soul e pop numa combinação gostosa de ouvir.

o problema é que eu não sei vírgula de polonês e daí o negócio complica. mas, como hoje o Google dá uma mão em tudo, eu fui lá traduzir a letra da música do vídeo aí de cima e gostei bastante.

o título, musisz wierzyć [você precisa acreditar], e as bonitas imagens facilitam entender a letra.

vai dizer que não é perfeito para ouvir em casa, junto do amor [ou pensando nele], numa noite de inverno?

aproveitem! e acreditem :)

silence


[ das
 pausas
onde a palavra não encontra refúgio
se faz o silêncio ]

Saramago

Há momentos assim na vida: descobre-se inesperadamente que a perfeição existe, que é também ela uma pequena esfera que viaja no tempo, vazia, transparente, luminosa, e que às vezes (raras vezes) vem na nossa direcção, rodeia-nos por breves instantes e continua para outras paragens e outras gentes.

In Manual de Pintura e Caligrafia.

José de Sousa Saramago 
(16/11/1922 - 18/06/2010)



perdemos hoje um tanto imensurável de poesia humanitária.

:((

Solistência



                  

                   No

                                                                                solo

                   

da    

   minha vida


                  toda cadência

é tua.

vitae II


tenho emprego fixo e residência eventual. acho que casa é refúgio. melhor é a estrada. trinta e três outonos bem aproveitados. sou poeta e estou aprendendo a amar. gosto do divino e do profano. me adapto bem às circunstâncias, mas subverto o que posso. tenho deficiência visual, mas isso não me impede de ver o  mundo do meu jeito. e ele é bacana 'pra' caramba. adoro gatos e bebidas fortes. sou bossa nova, rock´n´roll e tango. não tenho habilidade para música. aprendi piano só por partitura. sou tatuada e romântica. enquanto minhas amigas tinham uma casa na árvore, eu tinha uma nave espacial. gosto de altura, mas tenho só um metro e sessenta. não tenho medo do escuro. tenho medo da maldade humana. sou tímida, mas me dou bem com desafios. calço trinta e quatro nos pés. e tenho sonhos do tamanho do  mundo. vou escrever um livro e ter filhos. se não nesta vida, em outra. não gosto de intimidade sem cumplicidade. sou taurina com ascendente em virgem e lua em câncer. dá um samba legal se souber levar. leio Ana C. para lembrar quem sou. aliás, isso já deu um bom poema. poesia latinoamericana é meu chão. suspiro pelo acento espanhol e, ironicamente, concluí curso de italiano. não sou muito do Fellini.  prefiro o Von Trier e o Wenders. sou um tipo de felina da estepe em busca do equilibirio. meu pai me dizia isto [e ainda diz]: equilíbirio!

- são coisas da vida, Rita, coisas da vida.

Brincar.de.amar


Eu acho que, nesta história de amor, o bom mesmo é brincar. Amar se aprende amando? Sim. E brincando também. Porque não dá para levar a vida tão a sério se ela tem prazo certo para terminar. Bom, em qualquer idade, é tomar banho junto, fazer espuma entre um beijo e outro, esfregar as costas um do outro, com água caindo no rosto e sabonete com aroma de caramelo. O legal é sair na chuva, rolar na grama, cair no mar sem ter vergonha, sem medo, sem ter tempo para voltar. Bacana é beijar no escuro do cinema, fazer guerra de travesseiro, cócegas até não parar mais de rir. Bom é poder passar um final de semana na praia, no campo, ou em casa, sem explicar nada pra ninguém. Caminhar de mãos dadas, soltar as mãos, segurar de novo, pular no colo, cair de tanto rir. Comer brigadeiro na panela, em dia de inverno, sorvete no verão, ou vice-versa, depois tirar um sono gostoso, enrolado um no outro, até amanhecer. Dançar no meio da sala , fazer piada, contar segredos e inventar histórias. Planejar ter filhos, e, quando for para acontecer, fazer filhos, pintar as paredes da casa, cuidar das plantas, colher flores, trocar presentes, fazer promessas, planejar roteiros, brigar e saber pedir desculpa. Legal é saber amar.  É sentir saudade. Escrever no espelho um eu-ate-amo bem grande, fazer pose para fotos, fazer manha, roubar beijos, trocar carinhos, jantar à luz de velas, tomar vinho em copo de plástico, e achar tudo maravilhoso só porque quem você ama está perto. Gostar tanto a ponto de amar é recitar poemas, fazer versos, criar canções. Não tem coisa melhor do que brincar de amor.  Mas precisa ser adulto para saber brincar. Ser adulto com jeito de criança, com alma de aprendiz. Porque quem ama é amador. Tem que viver para aprender a amar. Para amar, a gente precisar perder vaidade, mandar orgulho embora, deixar a inveja no canto e não querer controlar o outro. Para amar, a gente só precisa da troca e do toque. Adulto, que consegue ter laços de criança, ama sem medo. Ama de verdade. E cresce a cada dia.