Manifesto (contrário) ao amor



Chega de falar sobre amor. Amar torna as pessoas ridículas. E eu sou uma delas. Quem, se não eu, vai ficar em um encantamento inacabável só de olhar aquelas flores lindas que estão florindo em uma rua dessas que eram só para ser ruas? Ruas não têm nada de romântico. São de concreto. E fim. Desenhar corações no céu com as nuvens? Olha bem... Uma mulher de trinta anos. Balzac não escreveu sobre isso. E nem poderia. As balzaquianas não são essas formas com forma de alma, bonitas, leves, amantes do amor. Por favor, alguém poderia apagar a lua? E as estrelas também? Contar estrelas e ficar esperando que aquela cadente apareça só para pedir um beijo roubado é muito infantil. E, hoje em dia, ser infantil é coisa feia, que não enobrece. Mais valem olhos que não choram, mãos que não se tocam e se trocam. A moda é o amor fácil, desses de noite de festa, perto de um copo de cerveja, e que terminam em dois dias. Amor, esse amor dos meus, é uma palhaçada. Só pode ser. Sinto até o meu nariz como um daqueles de mentira, fazendo cena, só para os outros rirem. Esse amor lírico da bossa-nova, do samba enredo que enreda pernas, braços e que enlaça as almas, deve ter ser perdido em meio ao prepotente caos organizado de hoje em dia. Sim, porque quem, além de mim, vai acreditar em um amor desses? Eu, sinceramente, gostaria que os meus dias não fossem tão alegres, e que eu não visse em cada flor uma cor, um sentido, e sim só o desenho de uma flor. O contorno deve ser mais importante que do que aquilo que eu vejo, mas os meus olhos insistem em ver essas coisas que os outros não vêem. Ora, muitas pessoas vêem flores, e passam por elas sem notar. Será que elas se mostram mais bonitas para mim? Peço, se for possível, que me tirem as cores delas a partir de hoje. E levem embora o azul do céu, esse calor do sol, o orvalho das manhãs em margaridas, e até as pedras das calçadas. Essas pedras pequenas, e que fazem desenhos de sonhos aos meus olhos. Viu? Até as pedras me fazem ser toda feita desse sentimentalismo barato, que não ganha nada em troca. Queria, por um instante, a ausência de sons, de tons, de tudo. Queria, hoje, poder ter a ausência de mim.

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Um dos meus domingos que resultou nisto. E é isso. Nada mais. Que comece a semana. Que termine o mês. E que eu aprenda a (des)amar.

"Nadie esta a salvo de la locura..."

As rosas eram as flores consagradas à deusa Afrodite, responsável
pela denominada loucura amorosa.

Conversava com um amigo, hoje, sobre a loucura [falta ou excesso de]. Para quem acabou, há pouco menos de um mês, de ler Ecce Homo, obra de Nietzsche para muitos desqualificada pela suposta insensatez dos textos, toda a loucura parece normal. Nessas alturas do campeonato, ou das loucuras da minha vida, os superegos que me desculpem, mas ser parte impulso, instinto e desejo é fundamental.

Em tempo: Agradecida, de alma, pelo cd que ganhei na semana passada: Bersuit Vergarabat. Viciante! Provocante, como a mais doce das loucuras. Curte um pouco aqui: http://www.youtube.com/watch?v=O0mI78QH0YQ&feature=related.

Para o final de semana


Irresistível. Recebi esta foto, ontem, de uma amiga. Em tempo, e hoje é o que basta, a imagem fica aqui, com desejos e 'ronronares' de um incomparável e lindo final de semana. Aproveitem todo os segundos de segundos felizes. :D


Não esqueci os créditos... O fotógrafo é o Flávio Matangrano [Matangra]. Confere mais em http://www.matangra.com.br/ e http://matangra.blogspot.com/ .


Ser 'sósingular'?

"Sósingular s. (do inglês quirckalone) - pessoa que gosta de ser solteira (mas não se opõe a ter um relacionamento) e geralmente prefere estar sozinha a namorar só para fazer parte de um casal. Com características únicas e espírito otimista; uma personalidade que transcende o estado civil. Também adj. de, relacionado a ou sósingulares encarnados. Ver também: romântico, idealista, independente. Em pares ou sozinhos, homens ou mulheres, locomotivas sociais ou bichos do mato, os sósingulares estiveram entre nós, invisíveis até agora. Por meio da criação de um novo mundo, essa tribo ganhou uma voz". Eis a sinopse do livro Sósingular: Um Manifesto Para Românticos Irredutíveis, de Sasha Cagen. Identificou-se? Bem-vindo ao clube dos solteiros assumidos - e felizes. Ou, em outras palavras, dos adeptos, por opção (ou falta de), da doce e tentadora liberdade. Não vou questionar aqui se isso é bom ou não. Se a individualidade está se sobrepondo ao compartilhado, à entrega, às demonstrações de fragilidadee e à reciprocidade necessária para que o mundo não se transforme em sistemas de clonagem e reprodução em série.

Kandinsky, 1911


Nenhum homem é uma ilha? Eu sinceramente não sei. Viver isolado de todos é ruim, pelo menos no meu entender, mas, cada um com as suas convicções. Conheço pessoas que namoram ou estão casadas há anos só por comodidade. Rola aquele papo de "não está bom nem está ruim, então deixa por isso mesmo". São transparentemente infelizes, mas vão tocando a vida no automático. Ter alguém por companhia ou só para distração é paliativo. Um dia você cresce e sente falta de carinho, de amor, de sentimentos incondicionais e verdadeiros. Conheço outras pessoas, ao contrário, que, sozinhas, seguram o tranco no trabalho, nos estudos, na família, nas viagens, nas festas de final de ano, e nem por isso deixam de ter sempre um sorriso no rosto. Se você se sente bem solteiro, voilà, celebre a vida com toda a intensidade que ela permite. Enquanto o amor da sua vida não chega, assuma, se lhe convém, a sua sósingularidade. Nada de enlouquecer procurando alguém só para ajudar nas compras do supermercado, para fazer companhia na festa de casamento do seu primo, ou para ajudar a escolher a cor das almofadas que você precisar trocar em casa. Se o seu par ideal (e sem muitas idealizações aí, porque é perigoso) não estiver rondando o seu caminho por esses tempos, abra as portas da sua alma, do seu coração, e viva o lado bom da solteirice. Ser singular pode ser bacana. Só não faça disso uma certeza. Não deixe de amar por medo de perder a individualidade. Se você estiver de bem com a vida, ela se garante por si. ;)

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Em tempo: tudo tem seu tempo. Sorte que para os felinos ele corre um pouquinho mais rápido! :))

Em pedaços...

"Já reparaste que eu me ofereço a ti em pedaços?"

Marina Tsvétaïeva a Boris Pasternak, in Correspondência a Três.


Arte: António Canova, 1787


Bueno, acho que não preciso escrever mais nada pelos próximos dias! Vou tentar entender os meus pedaços. Sozinha.

Gata de praia



"Eu já nem lembro 'pronde' mesmo que eu vou, mas vou até o fim." Salve, Chico!



E salve a beleza de Santa Catarina! A paz, do azul do mar e do céu juntos, que eu buscava. Uma gata de praia satisfeita agradece! ;)