Novo de novo

apenas recorde o passado se ele for bom;
lembranças queridas nos fazem fortes.

no mais, viva o novo e
cuide de você,
como se ninguém soubesse cuidar melhor,
e seja feliz
 - sempre.

acredite,
esta é a melhor parte
de tudo:
ser feliz.





a música é da banda Blackmore´s Night, uma das minhas preferidas. presente de ano novo para os leitores do blog.

"Dancing to the feel of the drum
Leave this world behind
We'll have a drink and toast to ourselves
Under a violet moon."

:)

Argot


poesia não vai resolver os problemas do mundo, Isa! mas, ok, ajuda.

e  guerra não acaba com a fome. guerra não faz sentido. quem faz isso é cabra mandado - cabo sim senhor direita sempre sem esquerda volver.

                                 silence is blue. foi isso que o Carlos falou quando foi embora.

ontem Anita me disse que precisava de jazz e cigarros. paguei uma dose de whisky e cantei cinco versos do Manuel Bandeira.
                          
              decorei as frases de Estrela da Manhã na faculdade, entre um plano e outro de revolução.
 
                              ter ideias, naquele tempo, já era abuso. REVOLUIR era proibido.

que fique claro que eu também quero a estrela da manhã. e todas as estrelas possíveis. e todos os sóis e luas e planetas.

                                    hoje sou mais exigente. fato fato fato.

eu disse, dias atrás, que detesto programa de TV. já disse e você não me escuta. você insiste em querer me fazer pensar que, para amar, é preciso se apaixonar como em filme hollywoodiano. e se eu não quiser? e se eu preferir amar de verdade e decidir pular a parte da paixão?

quando a gente é adolescente, vive de paixão. paixão prá tudo. paixão para tudo.  pára tudo. cadê o acento com essa reforma ortográfica tupiniquim?

                               eu ainda sou um pedaço inconsequente do que eu era, mas, por hoje, não quero o veneno da paixão. prefiro amar.

                                           sozinha e em paz. amar. hasta siempre.

invenções

um dia
me disseram
que amor é
para viver a dois

eu ri

uma vez
me contaram
que amor é
troca e
não
fuga

eu duvidei

me
explicaram
que eu iria crescer
e que o amor
iria
passar

eu não me importei

um dia escreveram
que o amor é
para sempre
que amar é bonito
e que não dói

eu sorri

um dia me ensinaram
que quem ama
não tem segredo
que amar é
cuidar de um filho
que ciúme é só vaidade

eu esperei

um dia eu sonhei
que tinha encontrado um
amor
que amar
se aprende amando
que esperar não combina com pressa

eu imaginei

não faz muito
eu percebi
que estava fazendo tudo
às avessas
e que amar é
apenas sentir

eu cresci

de vez em quando
eu disfarço que amar
é colorido e que
chorar não combina
com amar

eu aprendi

na segunda-feira
eu penso que amor
é só uma coisa legal
e na sexta eu sempre amo mais
do que eu gostaria

eu me descobri

dia desses
eu quase desisti
do amar e li
Drummond de
frente para o mar

eu mudei

depois de adulta
eu aceitei
que amor de verdade
é raro
que
acontece sem querer
e nos torna inteiros
simples
assim

eu te conheci

Non-stop


 
Conheci o Flávio numa parada de ônibus. Ponto de ônibus, dizem os cariocas. Mas eu digo parada porque sou do Sul. Era um começo de noite de outono, lá pelas sete e quinze da noite, e o Flávio, que morou no Rio de Janeiro durante doze anos, me perguntou qual era o ônibus que passava pelo Moinhos de Vento. Eu respondi que não sabia, porque eu raramente andava de ônibus. Ele achou engraçado porque, para ele, andar de ônibus era a regra. Ele dificilmente pegava táxi e ainda não tinha carro. O Flávio me contou que usava o carro do pai, nos finais de semana, para visitar a namorada, que morava eu outra cidade. Namorada!, é lógico que o Flávio tinha uma. Mas, mesmo assim, eu e o Flávio trocamos números de telefone. Quando ele disse, ao se despedir, que tinha me achado muito bonita e simpática, eu me apaixonei. Para mim, sempre funcionou assim, um elogio e um sorriso simpático significam quase a mesma coisa que um pedido de namoro. E eu fiz de conta que era possível namorar o Flávio a partir de um encontro na parada de ônibus. Pode parecer estranho, mas eu me apaixono tão fácil que dá até medo. A minha terapeuta diz que eu preciso aprender a ficar sozinha e a trabalhar as inseguranças. Mas isso é invenção do Jung ou do Freud. Eu prefiro me apaixonar várias vezes na semana a virar uma solteirona aborrecida. 


em tempo: o texto é das antigas.
mas sempre vale a pena refletir sobre quem fomos - ou precisamos ser.  
to voltando!
y sea lo que sea ;)

Matriz


Eu não tenho grana. Eu vou na manha. Eu tenho gana de viver. Não me venha com essa de que gente grande não chora. Eu tenho sangue quente. Sou independente. Letrista. Inconsequente terapia clube. Ainda não tenho casa própria. Trabalho o dia inteiro. Não gosto de desenho animado. Faço rock e amor de madrugada. Não sei fazer contas. Sou boa de cama, mesa e banho. Não me peça em casamento. Não pague as minhas contas. Deixe que eu me vire sozinha. Me leia em acordes. Com flores na casa. Me arranhe de leve. Não queria me ver braba. Fui criada aos modos de alguém. Cresci e aceitei meus erros. Não faça barulho. Não seja inconveniente. Não mexa nas minhas coisas. Me deixe descobrir alguns segredos.Perfume as roupas. Tire a  minha roupa. Me abrace. Me afague. Me devore. Me alimente. Me espere e não me renegue. Não me tire o tempo. Tenha tempo para mim. Dê um tempo na escola. Dê um jeito na sua vida. Dê um trato na sua casa. Me dê espaço. Tenha a minha lealdade. Me dê roupas soltas. Não me leve em lojas. Não compre presentes caros. Me veja Clarice, Ana, Hilda. Não seja tão sério. Não me leve na esportiva.  Só de vez em quando. Seja sensato. Não me dê motivos chatos. Brinque comigo. Seja sincero. Não me aborreça. Me dê a mão. Não me leve para longe. E. se tiver que levar, seja cuidadoso. Me deixe ao seu alcance. Saiba usar as palavras. Não me veja com ansiedade. Me carregue no colo. Não seja tão tolo. Venha para perto. Não olhe para outras mulheres. E, quando fizer, faça sem eu saber. Tenha paciência. Aprenda. Me repreenda se eu precisar. Não tenha medo. Encare a vida. Deseje o que quiser. Me escute. Não se preocupe. Vai dar certo. E se não for perfeito, a gente acerta de outro jeito. 

[re]partir



daqui a dez minutos vou embora você vai ver o quanto de coragem existe em mim eu vou embora vou sair por aí encontrar seus amigos nos bares amores antigos retomar minha vida vou embora daqui a pouco agora é o tempo certo eu sei vou embora você duvida não queira que eu fique desse jeito não me peça nada eu vou embora já disse o agora já é há alguns minutos mas eu vou sair daqui vou para longe de você talvez uma semana em Paris quem sabe Buenos Aires ou Madrid quer saber eu vou embora entendeu o que eu disse eu vou embora e você não vai ter notícias minhas nem carta nem telefonema nem palavra qualquer vou levar minhas coisas aquelas que eu trouxe no ano passado e que você  colocou no canto do quarto agora eu vou carregar todas comigo vou ter um espaço meu e vou levar também uma parte do sentimento que eu tinha naquela primavera de noites de jazzblues perdidos nós dois que estávamos na chuva esperando um táxi e você me olhou e sorriu e eu pensei que você fosse o amor da minha vida a dois tudo começou tão de repente que eu nem senti foram dias semanas meses e um ano depois é assim que tudo termina eu vou embora está bem eu vou embora não precisa falar nada eu não quero ouvir eu só quero ir para longe daqui a alguns instantes não somos mais um do outro eu sei amor não é posse mas eu não entendo de liberdades infinitas eu sempre quero o elo a ligação a profusão eu preciso de amores inventados excessos a todo o dia eu só vivo se for completo inteiro e perfeito e você não gosta de perfeição você prefere a boemia os discos os amigos e eu não consigo ficar assim sozinha por isso eu vou embora e já é tarde eu vou embora e parece que você não entende nada mais de amor ou de saudade porque nem assim você me pede para ficar. 

seguir


~kafik

por mais difícil que seja, é preciso seguir. porque sempre é possível encontrar algo bom no caminho que escolhemos. acho que viver é isto: procurar motivos bonitos para recomeçar.


 ~Aigilas

Setembro
agora
faz sentido.

Usei o vestido novo.
       Audrei não quis me acompanhar
na despedida.

Tenho certeza de que
os vizinhos vão comentar.

            Se eu passar da conta
                               você me conta outro dia.

 - Um Bloody Mary,
por favor,

com bastante gelo.

          Old fashioned
          sem contradição.

- tempo_

laether_mad


será que um dia você para e repara não só nas minhas falas, nos meu atos, contratos de outros momentos?

                                                                           talvez daqui a algum tempo

- no movimento das suas prioridades e resoluções -

você me abrace só para sentir o que é amar.

                             sem tentar entender.

Luiza

 `girltripped

Luiza foi criada numa cidade pequena do interior. Acordava cedo para estudar. Voltava do colégio e almoçava com os pais. Na janela da cozinha, perto da mesa do almoço, Luiza via flores e frutos de maracujá e observava as borboletas no jardim. De tarde, Luiza ajudava ao pai na banca de revistas. O pai de Luiza gostava de ler Marx, e estudava vários sistemas econômicos.  Para aprender um pouco sobre capitalismo, Luiza só ganharia mesada se ajudasse nos afazeres da família. E Luiza ajudava. Luiza preferia ler O Pequeno Príncipe e não gostava das capas dos livros de economia que o pai guardava na estante do escritório. Luiza achava mais interessante ajudar a mãe a cuidar das flores do que ajudar o pai a vender revistas. Mas, para o pai de Luiza, as revistas eram mais importante dos que as flores. Os pais de Luiza se importavam com a idade de criança de Luiza e, para que ela aprendesse a brincar - porque os adultos acham que brincar é coisa que precisa de ensino -, matricularam Luiza em aulas de balé, de canto, de piano e de inglês. Mas Luiza queria era brincar de circo e olhar vaga-lumes de noite. Mesmo assim, Luiza não faltava às aulas de balé, de canto, de piano, e de inglês. Só uma vez Luiza não foi à aula de balé para tomar sorvete com um menino que ela achava bonito. Mas o pai de Luiza descobriu e ela ouviu um sermão feio naquele dia. Luiza também gostou de um colega das aulas de canto, mas o pai de Luiza dizia que namorados ela só teria depois dos quinze anos. O pai de Luiza gostava de convenções sociais e datas festivas e achava que quinze anos era a idade de apresentar Luiza para a sociedade.  Luiza começou a namorar aos dezesseis anos, embora aos doze tenha dado o primeiro beijo na boca. Naquela época, beijo na boca em menina de doze anos era encostar os lábios num selinho bem de leve. Mas hoje não é mais. Hoje encostam-se as mãos, os lábios e o corpo todo em uma só noite. E Luiza gosta porque agora pode dar beijo na boca sem ouvir sermão. Luiza sempre foi muito organizada. As roupas de Luiza eram bem cuidadas. No inverno, a mãe de Luiza fazia blusões de lã. A lã que a mãe de Luiza comprava não era macia e irritava a pele. Mas Luiza não queria que a mãe ficasse triste, por isso usava os blusões mesmo assim. Os irmãos de Luiza são mais velhos do que ela. Uma vez, eles contaram que também usavam os blusões de lã que irritavam a pele. Os irmãos de Luiza agora são ricos e só usam roupas de grife. E roupas de grife não irritam a pele. Luiza achava o irmão mais velho parecido com galã de novela. E ela, fazendo de conta que era a mocinha, adorava passear de mãos dadas com ele no centro da cidade pequena. Luiza ganhava do irmão mais velho papéis de carta coloridos e perfumados. Mas Luiza não gostava de colecionar nada. Nem papéis de carta. Rabiscava todos com poemas e letras de músicas. Um vez, Luiza tentou colecionar conchas do mar, mas  achou cansativo e desistiu da coleção. Colocou todas as conchas no aquário da casa do avô. O avô de Luiza era pescador e  guardava pequenos pedaços de cascos de navio em casa. O avô de Luiza era um colecionador. Luiza nunca foi colecionadora, mas sempre gostou de cuidar das plantas. Acontece que o apartamento  de Luiza é pequeno e não tem varanda, então Luiza precisa deixar os vasinhos na janela da cozinha. Do lado de dentro da janela da cozinha, porque, com a chuva, podem cair e machucar alguém. Luiza tem um gato persa, que ela chama de Atílio. Atílio porque ele é de cor parda e é muito ágil para um gato persa. Hoje, Luiza gosta de gatos, mas  também gostava de cachorros quando era criança. Só que Luiza não podia brincar com eles dentro de casa, porque lugar de cachorro era no pátio. Agora Atílio dorme na cama junto com Luiza todas as noites. Mas quando o namorado de Luiza dorme na casa dela, Atílio tem que dormir na sala, porque o namorado de Luiza é alérgico a várias coisas, inclusive ao pelo de Atílio. O namorado de Luiza fala alemão e inglês e tem os olhos azuis. O nome do namorado de Luiza é Domenico e ele trabalha com peças de computador. O namoro de Luiza é bonito, mas às vezes ela precisa ficar sozinha. E Domenico gosta que ela precise ficar sozinha, porque assim ele também fica e sente saudade. Os dois sentem muita saudade um do outro, mas Luiza não conta isso para ninguém. Luiza não fala muitas coisas porque é tímida. Luiza fez faculdade de química e trabalha no laboratório do tio. Ela gosta de fazer pesquisas e de organizar os tubos de ensaio em tamanhos, do pequeno ao grande. E ela gosta do que faz. Para Luiza, organizar tubos de ensaio com carinho é como organizar a vida com carinho. Luiza volta do trabalho sempre às oito horas. Mas nas quartas-feiras ela vai ao cinema.com Domenico. Luiza gosta de filmes  europeus. Domenico não gosta de filmes europeus, mas sempre acompanha Luiza. Eles se dão bem em outras coisas, então Luiza não se importa que Domenico prefira outros filmes. Domenico nunca falou para Luiza que ela tem os cabelos bonitos e por isso Luiza também nunca falou para Domenico que ela gosta de homens de barba, então Domenico faz a barba todos os dias para não irritar a pele de Luiza, como fazem os blusões da lã que não é macia. Os pais de Domenico e de Luiza se conheceram há pouco tempo. Conversaram sobre vários assuntos. O pai de Luiza conversou com o pai de Domenico sobre a Revolução Industrial. A mãe de Luiza e de Domenico conversaram sobre receitas de bolo. A rotina de Luiza é boa. Ela não reclama. Luiza sabe que a rotina é uma coisa que acontece e que passa e que são as pessoas que fazem a rotina ser boa ou ruim. Luiza aprendeu mais sobre as coisas da vida olhando os vaga-lumes e organizando os tubos de ensaio do que lendo Marx. Mas ela não conta isso para ninguém. Luiza não fala muitas coisas porque é tímida. E sabe que um dia as pessoas aprendem sozinhas que as coisas simples são muito mais bonitas do que as complicadas. E que não é preciso ler Marx para descobrir isso. Basta olhar vaga-lumes e organizar tubos de ensaio com carinho. Como se faz com a vida. Com carinho.  

Oriental

 Fá Goellner

gueixa
um feixe de luz nos cabelos
da menina de Pequim

moça no vestido colorido
um toque de anis
flor de lis
fitas e cores
lápis preto no olhos
só para ver o mar

frases em nanquim
escritas com
a precisão de um samurai
o toque do cetim
nas mãos que agora leem Balzac

o rito do vento
a dança das flores
cerejeira em flor

     mais cedo

primavera
em mim.
m0thyyku


O desconhecido é apenas um tempo onde ninguém foi.

Contracultura


~baumwolle

Adieu, mon cher, 
foi como me despedi de Adrian.
Desisti de ficar em Paris por mais uma semana,
faz um tanto de calor
e eu quero a intenção do frio.
Cama, lençóis, banho quente.
                        [frases de Kafka e Rilke]
Jude também não quer mais ficar aqui,
quer ser grande.
Fez o passaporte e,
depois do chá,
despediu-se.
Guardei as cartas.
            Tudo vazio em mim,
mas cheio de vida
em outra cidade.
                                     Decidi ser underground depois dos 30.
Praga me acolhe no
inverno de 62.

De Antônia


Antônia é uma menina às avessas. Não gosta de coisas caras. É avessa a contratos. Não faz pactos. Não compra carros caros, e não vai a hotéis cinco estrelas. Prefere beijos demorados a breves apertos de mão. Antônia é uma menina distraída. E gosta do Leminski e do Ramil. Antônia é um amor de menina. Gosta de doce de leite e de banho de chuva. Hoje em dia todo mundo tem medo de chuva porque pode virar temporal e não come doce de leite porque engorda. Mas Antônia faz tudo às avessas. E não gosta de azul, como quase  o mundo inteiro gosta. Ela gosta de todas as cores juntas. Acorda cedo e colhe flores, afaga o gato, depois arruma a casa. Antônia trabalha o dia todo. Estuda de noite. E sai com as amigas no final de semana. Mas nem todos os finais de semana, porque ela também gosta de ficar sozinha. Antônia me disse, uma vez, que ninguém é sozinho, e que as pessoas só estão sozinhas por um tempo, e porque talvez precisem.  E que o verbo estar a gente pode conjugar de outra maneira. E que, se a gente quiser, pode até trocar de verbo. Antônia fala uma porção de coisas certas. E eu acho que ela brinca com as palavras de um jeito bonito. Mesmo as notícias tristes, bem tristes, Antônia conta bonito. Eu queria ser Antônia. Ser menos eu e mais Antônia. Mas Antônia é feita às avessas. E eu preciso ser correta. Pelo menos daqui em diante. Me disseram que eu preciso ser correta. O avesso de Antônia. Sem verso. Correta.      

Ania Dąbrowska



a loirinha de voz doce é Ania Dabrowska, cantora polonesa que mistura jazz, soul e pop numa combinação gostosa de ouvir.

o problema é que eu não sei vírgula de polonês e daí o negócio complica. mas, como hoje o Google dá uma mão em tudo, eu fui lá traduzir a letra da música do vídeo aí de cima e gostei bastante.

o título, musisz wierzyć [você precisa acreditar], e as bonitas imagens facilitam entender a letra.

vai dizer que não é perfeito para ouvir em casa, junto do amor [ou pensando nele], numa noite de inverno?

aproveitem! e acreditem :)

silence


[ das
 pausas
onde a palavra não encontra refúgio
se faz o silêncio ]

Saramago

Há momentos assim na vida: descobre-se inesperadamente que a perfeição existe, que é também ela uma pequena esfera que viaja no tempo, vazia, transparente, luminosa, e que às vezes (raras vezes) vem na nossa direcção, rodeia-nos por breves instantes e continua para outras paragens e outras gentes.

In Manual de Pintura e Caligrafia.

José de Sousa Saramago 
(16/11/1922 - 18/06/2010)



perdemos hoje um tanto imensurável de poesia humanitária.

:((

Solistência



                  

                   No

                                                                                solo

                   

da    

   minha vida


                  toda cadência

é tua.

vitae II


tenho emprego fixo e residência eventual. acho que casa é refúgio. melhor é a estrada. trinta e três outonos bem aproveitados. sou poeta e estou aprendendo a amar. gosto do divino e do profano. me adapto bem às circunstâncias, mas subverto o que posso. tenho deficiência visual, mas isso não me impede de ver o  mundo do meu jeito. e ele é bacana 'pra' caramba. adoro gatos e bebidas fortes. sou bossa nova, rock´n´roll e tango. não tenho habilidade para música. aprendi piano só por partitura. sou tatuada e romântica. enquanto minhas amigas tinham uma casa na árvore, eu tinha uma nave espacial. gosto de altura, mas tenho só um metro e sessenta. não tenho medo do escuro. tenho medo da maldade humana. sou tímida, mas me dou bem com desafios. calço trinta e quatro nos pés. e tenho sonhos do tamanho do  mundo. vou escrever um livro e ter filhos. se não nesta vida, em outra. não gosto de intimidade sem cumplicidade. sou taurina com ascendente em virgem e lua em câncer. dá um samba legal se souber levar. leio Ana C. para lembrar quem sou. aliás, isso já deu um bom poema. poesia latinoamericana é meu chão. suspiro pelo acento espanhol e, ironicamente, concluí curso de italiano. não sou muito do Fellini.  prefiro o Von Trier e o Wenders. sou um tipo de felina da estepe em busca do equilibirio. meu pai me dizia isto [e ainda diz]: equilíbirio!

- são coisas da vida, Rita, coisas da vida.

Brincar.de.amar


Eu acho que, nesta história de amor, o bom mesmo é brincar. Amar se aprende amando? Sim. E brincando também. Porque não dá para levar a vida tão a sério se ela tem prazo certo para terminar. Bom, em qualquer idade, é tomar banho junto, fazer espuma entre um beijo e outro, esfregar as costas um do outro, com água caindo no rosto e sabonete com aroma de caramelo. O legal é sair na chuva, rolar na grama, cair no mar sem ter vergonha, sem medo, sem ter tempo para voltar. Bacana é beijar no escuro do cinema, fazer guerra de travesseiro, cócegas até não parar mais de rir. Bom é poder passar um final de semana na praia, no campo, ou em casa, sem explicar nada pra ninguém. Caminhar de mãos dadas, soltar as mãos, segurar de novo, pular no colo, cair de tanto rir. Comer brigadeiro na panela, em dia de inverno, sorvete no verão, ou vice-versa, depois tirar um sono gostoso, enrolado um no outro, até amanhecer. Dançar no meio da sala , fazer piada, contar segredos e inventar histórias. Planejar ter filhos, e, quando for para acontecer, fazer filhos, pintar as paredes da casa, cuidar das plantas, colher flores, trocar presentes, fazer promessas, planejar roteiros, brigar e saber pedir desculpa. Legal é saber amar.  É sentir saudade. Escrever no espelho um eu-ate-amo bem grande, fazer pose para fotos, fazer manha, roubar beijos, trocar carinhos, jantar à luz de velas, tomar vinho em copo de plástico, e achar tudo maravilhoso só porque quem você ama está perto. Gostar tanto a ponto de amar é recitar poemas, fazer versos, criar canções. Não tem coisa melhor do que brincar de amor.  Mas precisa ser adulto para saber brincar. Ser adulto com jeito de criança, com alma de aprendiz. Porque quem ama é amador. Tem que viver para aprender a amar. Para amar, a gente precisar perder vaidade, mandar orgulho embora, deixar a inveja no canto e não querer controlar o outro. Para amar, a gente só precisa da troca e do toque. Adulto, que consegue ter laços de criança, ama sem medo. Ama de verdade. E cresce a cada dia.   

dos meus sonhos


sonhei com rosas brancas. rosas brancas. delicadas rosas brancas espalhadas pelo meu corpo nu. em um dia de sol, jardim de roseiras brancas. e eu esperava por você. nua. e com rosas brancas espalhadas pelo corpo. eu esperava por você.

tangerine




"Measuring a summer's day,
i only finds it slips away to grey."


[dia de ouvir Led Zeppelin -
e embora eu prefira dias azuis, 
Tangerine ainda é a minha preferida]

Luto


Valentina Kallias

Estou de luto. Não porque perdi alguém querido. Estou de luto por mim, pelas  perdas, pelos erros.

Desde o primeiro minuto em que desisti de quem eu sou para dar lugar ao que eu chamava de amor perfeito, eu morri. Morte lenta, ausente de qualquer sentimento afável sobre os quais o Drummond ou o Vinicius falariam com facilidade. Desaprendi a perdoar, a entender, a respeitar.

Antes a morte tivesse sido súbita, de um golpe só, dolorosa, rápida. Mas não. Ela chegou aos poucos. E avisou que estava por perto. Eu é que não quis perceber. Abandonei pedaços da minha vida por ausências injustificadas, atitudes egoístas, esperas, conversas inacabadas, encontros superficiais. 
 
Sobrou o quê? 
 
Um amontoado de retratos e cartões dentro de uma caixa de sapatos que enviei para ele ontem. Pelo correio. Pelo correio... Sabe o que isso significa? Eu sequer conseguiria olhar nos olhos dele. Choraria se fizesse. 
 
A verdade é que quis morrer para tentar renascer. Acreditei que, se eu me acabasse ali, naquele falso-romance-diário, não sofreria mais. E fiz tudo como manda o manual. Eu pensava que a vida acontecia assim. Como se houvesse um manual! Fui até a última gota. Morri de amor. Abandonei sonhos, projetos, ideais. E perdi a parte bonita da vida. Esqueci como eu era. Quis agir e ser como o outro é. Não deu certo. Exagerei na dose. 
 
Sozinha, desabei durante dois meses em pieguices e conversas melodramáticas com o terapeuta. Aprendi que o luto tem fases. E entendi eu estou na primeira. Falta um tanto para sair dessa. Preciso aceitar a morte de mim mesma.

Luto agora em outra conjugação. Luto, daqui em diante, para ganhar. Perder, não preciso mais.

assim, assustada



DeviantArt~angelcurioso

pelo visto eu estou

perdida

gata assustada
e com medo
de água fria

não sei se você

vem assim

gato de telhado

que chega e depois
vai embora

ou se fica e
me dá um trato

por toda a

vida.

voz para você

Etniezz on deviantART

você tem medo do escuro. você tem medo do quê? você não vive a vida. você vive para ninguém ver. você faz e acontece. e pensa que todo mundo esquece. você vive num quebra-cabeça. você não sai de cima do muro. você gosta do preto no branco. e o mundo está cheio de cores. você não ri. você não chora. você não mente. e segue outras pessoas. você não toma banho de mar. você compra coisas caras. você come com cuidado. você ama com respeito. você não subverte. você não morde. você não geme. você gosta da cama arrumada. você corta as unhas toda a semana. você não pinta o cabelo de vermelho. você não abraça seus pais. você não faz poesia. você não goza. você é um ponto final. você não anda descalço. você só vai com os outros. você não aperta, não amassa, não sangra. você não tem gosto. você não tem gosto para música. você não faz arte. você vê a vida num quadrado. e a vida é bem mais do que isso. você não tira foto 3x4. você não gosta do seu quarto. você não casa, não separa, não briga, não reata. você não mata para reviver. você não tem amigos. você não procura abrigo. você não encontra saídas. você não brinca, não ama, não canta. você não tem encanto. e o seu canto é uma amontoado de lembranças fúteis. você não desenha com lápis. você segue tudo à risca. você não perdoa, não magoa, não esquece. você não feito para poesia. você foi criado em apartamento. você não conhece o leito do rio. você não sabe subir montanha para ver o abismo. você tem medo de tudo. e não é só do escuro. você não arrsica nada. você fica na inércia. você um dia vai morrer. e você não sabe o que é saudade. você não sabe que não dá para voltar de lá. você não conhece do amor a metade. você não presta. você não existe. você não acredita. você é um fracasso de gente. é uma pausa na vida. você não quer aprender. você vive na mamata. você é um ponto com nó cego. você não tem força. você  entende só de coisas bobas. você não deveria estar aqui. você não faz a sua parte. e acha que os outros precisam fazer. você tem que aprender a duras penas. você vai aprender. talvez um dia. você aprenda o que é ser gente. você que acha que não precisa de nada. você que anda sempre à toa. você é uma coisa sem graça. você. você. você. três vezes a porta aberta. numa dessas você aprende que eu não brinco. você não serve para mim. vê se você entende. vê se você aprende. vê se você me esquece. vê se você desaparece. vê se você não volta. mas vê se um dia me liga. para dizer que está tudo bem. para eu saber que alguma coisa valeu a pena. para eu não ter um pingo de esperança. para ter certeza. vê se dá um jeito. vê se endireita. vê se olha para os lados. vê a vida do jeito que ela é.

côncava


porque ser tímida e [pretender] ser poeta não resulta nada.


sinceramente, eu preferia não saber.



E no país do Carnaval, do BBB, e afins, é isto que acontece...

[a gata bufa!]


Em Iporá, milhares de livros vão parar no lixão

Milhares de livros didáticos, enciclopédias e dicionários, entre novos e usados, foram descartados no fim da semana passada no lixão de Iporá. São publicações que deveriam ter sido encaminhadas a escolas públicas da região, mas por motivo ainda desconhecido, nunca chegaram às mãos dos estudantes.

Segundo denúncia anônima feita a vereadores da cidade, todo o material pertenceria à Subsecretaria Estadual de Educação da Região de Iporá, que seria responsável por escolas em nove municípios. Além dos livros, documentos relacionados à contratação de professores, férias de funcionários da subsecretaria e milhares de cartões de identificação de alunos, confeccionadas pela União de Goiás dos Estudantes Secundaristas (UGEs) que jamais foram entregues.

A situação causa indignação. Montanhas de livros, alguns lacrados e cheirando a novo, misturados entre todo tipo de dejetos, quando poderiam estar compondo bibliotecas, material de alunos carentes ou, na pior das hipóteses, serem reciclados. Os funcionários que trabalham no lixão se mobilizaram para encaminhar a denúncia à Câmara de Vereadores.

De acordo com uma testemunha sobre como ocorreu o descarte dos livros, que pediu para não ser identificada, a ordem para despejo do material foi feita já no fim do expediente da última sexta-feira e também de sábado, para evitar que houvesse alarde sobre o que estava indo para o lixo. Outras fontes informaram ao POPULAR que havia uma ordem também para que tudo fosse enterrado o mais rapidamente possível. No total, dois caminhões modelo F-12.000, da prefeitura da cidade, tiveram as caçambas lotadas de papel e material didático. Uma estimativa extra-oficial, feita pelos próprios vereadores, calcula que pelo menos 12 mil publicações foram jogadas fora.

O prefeito da cidade José Antônio da Silva Sobrinho informou que vai se pronunciar sobre o caso hoje. Por meio de sua assessoria, comunicou apenas que não havia interesse da prefeitura em esconder o material, já que não sabia qual o conteúdo, e que o descarte foi feito apenas a pedido da subsecretaria.

As polícias militar e civil foram acionadas ontem e já começaram as investigações para apurar quem foi o responsável por se desfazer dos livros, dicionários e até fitas VHS com teleaulas gravadas. Foram recolhidos dezenas de fardos de material novo, encaminhados às delegacias locais. Policiais militares também patrulham a região do lixão para evitar que livros sumam.

Promotor de Justiça de Iporá, Denis Augusto Bimbati Marques afirmou será instaurado um inquérito civil para desvendar a origem dos livros. Para Denis, o crime pode configurar improbidade administrativa e, dependendo da punição, o responsável pode perder o cargo e ser obrigado a pagar multa. "Há muitas incógnitas com relação ao material jogado fora. Porque carteirinhas de estudante prontas nunca foram entregues? É dinheiro público jogado fora", disse o promotor.

O Ministério Público já elaborou relatório sobre a situação do descarte no lixão, que será anexado a relatórios das polícias civil e militar. Denis explicou que será dada prioridade nas investigações sobre o caso, mas preferiu não adiantar em quanto tempo deverá formalizar acusações. "Já podemos até antever crime nessa situação. É um absurdo que em um país como o Brasil, com tantos analfabetos, livros sejam jogados fora", concluiu o promotor.

paralelos

JimmyJaszczurka

Você finge que me ama e eu faço de conta que é normal, que é tudo assim mesmo. Eu marco horário no dentista com um mês de antecedência. Você perde minutos preocupado em esconder o que eu já percebi há tempos. Eu dirijo rápido e você sempre puxa o freio de mão quando é para entender o que eu sinto. Se eu digo azul claro, você quer o marinho. Eu preciso ouvir que sou a menina mais atraente da rua, da quadra, do mundo inteiro, e agora você me vem com essa de que mulher pode ser bonita até de cabelo curto.

Eu quero um namorado. Você ainda está na adolescência. O seu português é exato e o inglês é cansativamente britânico para os meus ouvidos latinos. Você não é pontual e nem romântico. Não vai dar certo.

Você retrocede uma vida inteira enquanto eu estou três passos adiante. Você gosta de colecionar selos, frases, costumes. Eu quebro regras todos os dias.

Temos a mesma altura, mas a sua casa é bem maior do que a minha. Todos os seus espaços, aliás, são maiores. Você ganha em tudo. Eu perco tempo. Os nossos planos são paralelos. Correm em linhas. E eu quero um cruzamento sério.

Gata


Tenho isto de gata. Posso ser esquiva. Ou dengosa. Pintada noir. E com ar retrô. Alice através do espelho. Interessante. Posso perder o ar por um susto. Um segundo. E voltar por sexto sentido. Sou felina na alma. E menina em tudo o mais.


[...]

do limão, uma caipirinha!

 

Um dia vão te decepcionar. Vai doer. E se você for do tipo coração mole, quase escorrendo, pior. É, sei, não ensinaram isso na escola. Mas, antes tarde do que nunca, é hora de aprender: a vida tem o seu lado complicado. Sempre digo para as pessoas que me são queridas que, quando alguma coisa não dá certo, é melhor abstrair, esquecer, deixar no passado. E começar tudo de novo. Mas por outro caminho. Mudar aquilo que já não vai bem é uma boa alternativa para ver a vida mais bonita e esquecer que ela também complica. Afinal, o mundo vai além do mundo que você vive. Sempre vai. E a vida não espera para acontecer. Então, levanta, sacode a poeira, e segue em frente. O mundo gira assim. Às vezes parece que nos dá uma rasteira, mas, no fundo, só nos faz renascer. Faça do limão uma capirinha caprichada. E, como naquela música do Barão Vermelho, embriague-se também de virtude e poesia. É assim que a vida vale a pena.


Mantra




cuidem-se pelos Carnavais da vida!

volto depois da folia [de algum lugar] com confetes ;)

apesar de tudo

Arthur Morris


Apesar de tudo o que não é tão bom, existe essa força implacável que nos fazer seguir adiante. Mesmo assim, diante do medo e da dor, há algo que nos empurra, nos move, nos alimenta e nos força a buscar a felicidade. Apesar de tudo o que não agrada, existe o colorido que a vida nos dá. Existe o que é bonito. Seja em pequenos recortes de epifanias, seja em grandes aventuras diárias. Seja nos sonhos que ainda não vivemos, seja nas lembranças de outros tempos. Apesar de tudo o que ainda há para consertar, há a vida. E é nela que eu vou.



mutante


Alaya Gadeh

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.

Clarice Lispector

Isabela


Monika Brand

Isabela gosta de poesia, amor e luar. Isabela tem cabelos compridos e pele de maçã. Isabela é sozinha e tem um gato, Juan, siamês de pelo macio e olhos azuis. É o gato de Isabela quem ganha colo e afagos. Isabela falou que prefere gatos a homens. Isabela, exigente, não mostra os dentes, e o decote, para qualquer um. É mulher para casar. E separar. Namorar. E casar de novo. Isabela não gosta de convenções sociais e datas festivas. Melhor para ela é ler encostada no sofá da sala ou deitada entre as almofadas de cetim da poltrona do quarto. Isabela gosta de chá, de romance e de abraços apertados. Usa vestidos longos e toma banhos demorados. Isabela não gosta da água nem muito quente nem muito fria. E reclama com a empregada se os lençóis da cama não estiverem trocados. Isabela compra rosas brancas para enfeitar o quarto. Isabela decora versos e soletra Shakespeare com voz de avelã. Aliás, as avelãs são apetitosas para Isabela. Assim também como é apetitoso o vinho da adega e as frutas que Isabela cultiva no jardim. Isabela gosta de carambolas, uvas e romãs. Isabela não tem um castelo. Ela mora no apartamento pequeno da rua Bolívia. Aquele com pequenas plantinhas na janela. Isabela não gosta de mentiras, não faz mistérios e não gosta de coisas da moda. Isabela guarda fotos e separa os fatos. E separa até as refeições. Isabela, mesmo gulosa, separa tudo e saboreia cada coisa de cada vez. Seletiva que é, não gosta de misturas. Mas com as cores Isabela brinca. Porque as cores são mais fáceis de combinar. Difícil é o amor. Por isso Isabela não mistura o amor. Ela separa o amor em porções de afeto, carinho e saudade. E cuida do amor com zelo e paciência. Como quem cuida de um bonsai de delicadas cerejas. Isabela não gosta de namorados que se dizem príncipes porque eles são enfadonhos e indecisos. Isabela prefere guerreiros. De barba rala e roupa gasta. De mãos fortes e palavras doces. Isabela é a bela que ainda vive sozinha no pequeno apartamento da rua Bolívia. E não se incomoda com isso. Mesmo que nenhum homem seja uma ilha, Isabela sabe que as mulheres são fortalezas. E Isabela é forte. De corpo e alma. Um fortaleza de menina.

Ana e o Mar



"Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Por que a gente nunca sabe de quem vai gostar?"

Fernando Anitelli
 

Folie à deux

acho graça quando você, brincando, pensa que me engana. desenho a farsa que um dia foi minha. folie à deux. e vamos combinar que é entre nós dois, ou em pequenos três atos, porque assim fica mais divertido. sem choro, despedida, ou palavra clichê. porque com romantismo tudo fica muito sem graça. e eu quero é o lado humano no amor. agora você entende por que eu disse um dia que o amor não é divino? o perdão é que é divino. o amor é bruto. e é como deve ser. amor de corpo presente.



Andy Warhol