Mania de poesia

E em alguns dias a alma só precisa de poesia. A minha, porém, exagerada que só ela, precisa sempre. Mesmo.

Curtam o friozinho que está prometido para amanhã. Não economizem abraços, beijos e carinhos. Não custa nada. E faz um bem danado! Para inspirar, um poema, lindo, do Mario Benedetti. :)




Pongo estos seis versos en mi botella al mar

con el secreto designio de que algún día

llegue a una playa casi desierta

y un niño la encuentre y la destape

y en lugar de versos extraiga piedritas

y socorros y alertas y caracoles.

Bem mais que os meus trinta e poucos anos...



Certa vez li um texto do Affonso Romano de Sant´Anna no qual ele dizia que, a partir dos trinta anos, é, figurativamente, hora de começar a pagar as promissórias emitidas até essa idade. Seguem alguns trechos:


"Quatro pessoas, num mesmo dia, me dizem que vão fazer 30 anos. E me anunciam isto com uma certa gravidade. Nenhuma está dizendo: vou tomar um sorvete na esquina, ou: vou ali comprar um jornal. Na verdade estão proclamando: vou fazer 30 anos e, por favor, prestem atenção, quero cumplicidade, porque estou no limiar de alguma coisa grave.

(...)
Até os 30, me dizia um amigo, a gente vai emitindo promissórias. A partir daí é hora de começar a pagar. Mas também se poderia dizer: até essa idade fez-se o aprendizado básico. Cumpriu-se o longo ciclo escolar, que parecia interminável, já se foi do primário ao doutorado. A profissão já deve ter sido escolhida. Já se teve a primeira mesa de trabalho, escritório ou negócio. Já se casou a primeira vez, já se teve o primeiro filho. A vida já se inaugurou em fraldas, fotos, festas, viagens, todo tipo de viagens, até das drogas já retornou quem tinha que retornar."


Sábias palavras. Estou começando a entender, e a viver, os trinta. E o lado bom dos trinta e poucos. Não sei o porquê, mas os tal de "inta" são um marco. Você chega lá e, quase que obrigatoriamente, deve ter objetivos bem definidos, e não mais apenas os sonhos dos agitados vinte e tantos. Não, nada de viver sem sonhos, eu sei. Mas no meio-termo da vida não dá mais para viver só deles. E vai saber por que nos trinta? O trinta, segundo as enciclopédias, é só um número natural que segue o vinte e nove e precede o trinta e um. Alguns meses do ano têm trinta dias. Rivalidades entre católicos e protestantes deram origem à Guerra dos Trinta Anos. Jesus teria iniciado a vida pública aos trinta. Trinta são duas vezes quinze. Trinta, trinta, trinta. Resumo do meu rock e dos meus, mais de trinta, aproveitados outonos: Não tem explicação. Só vivendo e aprendendo. Daí dá para ter ídéia do que rola nessa entusiasmante terceira década da vida.


****



Em tempo e no tempo certo: Um ano depois dos trinta. Nova. E de bem com a vida. :))


...

Esse coração tá em casa. Suspenso. Em suspense.
Talvez como o meu.


É assim,
um sentir perto,
de longe,

longe.


E de tão leve,
que não sei como,
me faz

feliz.

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*Em tempo e urgente: Por favor, alguém sabe dizer onde eu encontro um Nounouse ? :((


*Queridos leitores do blog, desnecessário entender o desabafo. Coisa minha. De poesia que veio. E ficou.

Diário de Blindness

Foto: O Globo On Line

Uma versão de Ensaio sobre a Cegueira, do Saramago, pelas lentes do Fernando Meirelles. Acompanha no blog http://www.blogdeblindness.blogspot.com/.


Bem bacana! ;)


Em tempo: O autor do livro é português. O diretor do filme é brasileiro. E, sim, os textos serão em inglês... A propósito, algo que eu li há tempos: "E, das duas coisas, o mais importante, aquilo que permitirá melhor me identificar, não é o nome, porque pode haver outra pessoa com o mesmo, mas o número. O número que conta. Que efeito isso vai ter no futuro? Não sei, continuo a não saber". José Saramago. Entrevista publicada em junho de 1999 na revista Bravo! Sábias e sábias palavras...


Quase

Henri Cartier-Bresson, 1975


Poetizada. De novo. Pelo mesmo olhar. Por um mesmo encanto. Fascinada. De fascínio. Por tempo indeterminado. Porque algumas coisas não precisam de tempo. Precisam, quem sabe, de um quase. E se nesse quase-espaço houver o tempo de um abraço, que ele cubra qualquer saudade. Em um enlace de olhares e silêncios. Um quase-ficar, sem querer partir. Um quase-não-querer, que de tanto bem-querer, permanece em mim.

Da Islândia


Já foi à Islândia? Não? Sem problemas. Dá para conhecer um pouco da música de lá - e do mundo inteiro (!) - no You Tube. Acessa o site e confere o som da Emiliana Torrini. Descobri há pouco tempo as canções da moça. No começo a voz pode parecer cansativa, mas é até acostumar o ouvido. É o gênero Trip Hop e Dream Pop (sim, isso existe). Bom, nada de conservadorismo para novas descobertas, ok? Afinal, de vez em quando, até o meu amado rock n´roll dá lugar a outros sons. Tenta lá: http://www.youtube.com/watch?v=WMz5x4-qXV4


Em tempo: Gostou das casinhas da fotografia, mas ainda não sabe em que local do seu mapa fica a tal Islândia? Não perde tempo. Vai logo descobrir por onde ela anda. Música e leitura sempre combinam. E relembrar as aulas de Geografia não dói. ;)