Vitae


Em dias claros posso preferir a noite. Em madrugadas, o calor do sol. No mar, estrelas em festa. Eu desenho em nuvens, danço no meio da rua e tenho sonhos em lilás. Não gosto do preto no branco para muitas coisas. Prefiro nuances de cores para as vinte e quatro horas, e outras tantas, do meu dia. Sou mais sorriso do que choro. Lágrima poderia ser doce. Porque eu prefiro doce a salgado. E porque se chora também de felicidade. Por isso pode ser doce [mas você sabe se a felicidade é doce?]. Versos abstratos a verdades limitadas. Sempre. Eu chego quando quero e vou embora sem pedir licença. Prefiro gatos a cães. Preciso de beijos embriagadamente apaixonados e não da monotonia de diálogos sem graça. Monet é bonito, mas não combina com a parede da minha sala. Me leia em acordes de rock. Ou não me procure. Reconheço os amigos pelo olhar e os amores pela saudade. Sou, sim, exagerada com aquilo que gosto. Faço poesia e amor a qualquer hora. Debaixo do cobertor. Ou sob a luz da lua. Minha intuição é apurada e meu passo é apressado. Por isso, não me siga. Gosto que caminhem do meu lado.





.a difícil arte de [querer] amar e
[tentar] ser poeta

Subte [em dias de primavera]

Outras despedidas. Daquelas clichês, românticas, de beijos apaixonados entre lágrimas na estação do metrô. Mas a moça ruiva dos olhos azuis acabava, sempre, precisando delas. Das despedidas. Não quero dizer com isso que ela não amava. Pelo contrário. Vivia do amor. Mas sabia que despedir-se era sempre como nascer outra vez. E ela gostava de renascer. E outra vez, do mesmo lugar, partia para renascer. Às vezes voltava em dois tempos. Noutros compassos, se perdia. E perdida, se encontrava. Retornar, para casa ou para si mesma, era inevitavelmente difícil. Mas ela precisava. E repetia, de primavera em primavera, o ritual curioso das despedidas. Sozinha.

Paul Klee - Fire in the evening





.entre despedidas e saudade, Klee [para ti]! :))

Deixa



E se amanhecer? Deixa que venha o sol. Deixa que o céu mude de cor. Que os meus beijos caiam nos teus. Deixa que a vida aconteça. Sem pressa. Deixa.






."Si pensas en lo que habrás dejado atrás, todo se echo a perder.
Tu y yo corriendo al sol, amor. Lo que cuenta es hoy."

V. Loza

Chegou!


Demorou este ano, mas de repente, em toda a parte - Primavera!
Paulo Franchetti




.que seja bela :))

Descompasso jazz

Gustav Klimt - O Beijo


Ele pediu o aroma da canela, com o sabor da baunilha, e a cor dos olhos dela. Vinho tinto, de graduação alta, na temperatura certa. Jazz. A luz da lua pela janela. Chovia. Ela veio em vestido cor de carmim e perfume com notas de patchouli. Prata de Bali na gargantilha que, sutilmente, ressaltava o colo. Naquela noite desistiram, provisoriamente, de todos os protocolos do amor com os quais estavam acostumados. Entrelaçaram as pernas. Amaram com a alma. E, exaustos, contaram as estrelas. Em versos. Inversos e deliciosamente descompassados.





.meus olhos devem ter sido feitos de céu e mar.
deles caem gotas salgadas de chuva.

Ex.ces.si.va

A voz doce de Carla Bruni na letra que me lê inteira.

Um bônus felino para começar bem a semana de lua cheia e quase primavera.






."je suis excessive,
j'aime quand ça désaxe."

En una canción?


Se eu já era fã, fiquei mais. Apesar da acústica complicada, para não dizer horrível, do Pepsi on Stage, Fito Páez é Fito Páez. E não poderia ser diferente. Todas as composições são lindas. Circo Beat, 11 y 6, El Cuarto de Al Lado, Mariposa Technicolor, Track-Track... Enfim, um belo show.

E, para a felina roqueira aqui, Ciudad de Pobres Corazones, ouvida ao vivo, foi o melhor momento da noite. Sem contar que é animador ver boa parte da gurizada de hoje cantar Fito e não alguma coisa de alguma banda que canta algumas frases e refrões chatinhos e que faz sucesso em alguma rádio por aí.

Se o mundo cabe em uma canção? Não sei. Mas se for em alguma do Rodolfo Fito, certo que é difícil escolher em qual delas.


.inesquecível! :)

Ê, Nietzsche!


Lou Salomé, correspondente de Freud, adorada por Paul Rée, namorada de Rilke, e [ufa!] musa de Nietzsche, abalou as estruturas metafísicas do filósofo e fez com que o gajo, quando conheceu a intelectual mais ousada da Europa, nos idos do verão de 1882, criasse uma das frases mais doces que já li: "De que estrela caímos um ao encontro do outro?"


Ê, Nietzsche velho de guerra, essa precisava vir para o blog!


A resposta, arrebatadora, de Lou às declarações amorosas de Fried eu deixo para um novo post. Segue, por enquanto, a sensacional foto do ménage à trois intelectual talvez mais envolvente da história.

Lou, Nietzsche e Paul Rée em foto
de Jules Bonet - 1882 [bah, a moça parece brabinha]




.idéias de post surgidas na mesa do bar. e salve a
filosofia de botequim! ;)

Era para chover tudo de uma vez



"Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar o meu amor foi embora e só deixou pra mim um bilhetinho todo azul com seus garranchos que dizia assim "chuchu vou me mandar!" é eu vou pra Bahia (pra Bahia) talvez volte qualquer dia o certo é que eu tô vivendo eu tô tentando Uuu!!! Nosso amor foi um engano [devo ter me esquecido de ler essa parte] hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar como pode alguém ser tão demente porra louca inconsequente e ainda amar ver o amor como um abraço curto pra não sufocar ver o amor como um abraço curto pra não sufocar."
------

Prólogo: Amar é uma droga. Pesada.

Ato um: Juntei tudo, sem pontuação correta, para não dar tempo de pensar mesmo. Ah, só para constar, é Cazuza. E eu tinha prometido para mim mesma não postar mais Cazuza aqui.

Ato dois: Ok, vai ver é assim: para cada dia mais ou menos, um mês de alegrias intermináveis. [Sem recriminar as ironias, ok? Hoje eu preciso]

The end: Exageradamente carente. Tímida como sempre. E branca como uma nuvem.

Agradecimentos: Vai ver um dia alguém segura o tranco.

...


-Alguma coisa hoje?

-A lua, café para dois [com gotas de rum, por favor] e algumas trovoadas.






.certas gatas preferem se esconder. ou melhor, preferem aparecer quando, e para quem, bem entendem. o endereço do blog mudou, mas a minha intuição felina não.

Silente poesia húngara [sem ser húngara para ti]

Cartier Bresson

Escuta o silêncio em mim. Não me pergunta. Nada. Cala o medo e a saudade. Que a vida corre. E, com ela, as minhas palavras que, pelo vento ou em pensamento, chegam a ti. Por quê? Por esse amar, do meu jeito, que quer céu, quer mar, quer cor e embaralho de coisas. Em misturas. Combinações. Mesmo que desajeitadas. Mas juntas. Esse amor que quer buscar estrelas e roubar beijos da tua boca de lábios doces. De açúcar. Doces. Sim, eu sei, culpa da minha alma que pede coisas bonitas que me faz ser assim. Inteira. Um inteiramente sentir que não tem fim. Que me toma em versos de poesia, talvez, húngara. Talvez nua. Tua. Em forma de versos milimetricamente alterados por sensações infinitamente bonitas de vontades que precisam ser guardadas. Desculpa, esqueci de te falar sobre os poemas húngaros. Mas agora eles vão ficar aqui. E era para eu te contar tantos e tantos segredos. Em tantas cores. Em tantas rimas. Mas a rima de mim mesma hoje ri, com medo, das minhas coisas. E se esconde, tímida, de ti. Pelo simples e inexplicável fato de precisar ser assim.







.é bom, de noite, olhar o céu

Yes, nós temos sexo!

É fato: temos agora o Dia do Sexo. E a data, sugestiva, 6/9. Sem entrar no mérito da questão e sem discutir as evoluções ou retrocessos do mundo desde que a Eva mordiscou a maçã, vamos combinar que, como diz o Zeca Baleiro, o melhor da vida é isso [sexo] e ócio. Não concorda? Bueno, então continua curtindo as madrugadas lendo blogs. Caso contrário, aproveita a trilha nü-jazz do Parov Stelar e comemora o sábado do ano destinado ao sexo. Fazendo, lógico. A noite só começou... E um pouquinho de luxúria nunca fez mal a ninguém ;))

Cuidem-se!

Here and now?


"...eu me fui, eu me sou, eu me serei em cada um dos girassóis do reino a ser feito. E as coisas terão que ser claras. Releio o que escrevi neste caderno desde janeiro, revejo o que vivi. Tudo me conduziu para este here and now. Tudo terá que ser claro. How can I tell you?"



Caio F.

.



Ouvi esta na fila da padaria. E ganhei o dia: "Bah, cara, o segredo é só amar!" ;)