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Por que não me ensinaram antes que amar dói? Aprender a esta altura da vida? Podiam ter me explicado lá nos meus quinze anos. Naquele tempo era tudo tão mais fácil. Era tudo para ontem, sem pensar nem no hoje, nem no amanhã. E era infinitamente mais fácil idealizar o amor do que amar de verdade.

Flores e lua



Ainda não sei se me encantaram mais as flores de dia ou a lua cheia à noite. Por via das dúvidas (e como eu não gosto delas), roubei algumas flores do jardim e trouxe para cá. A lua eu deixei no céu. Afinal, é a lua cheia de outubro!


Já fez seu pedido? Se falar com o coração, eu garanto que ela ouve. :)


ஜ ஜ ஜ ஜ ஜ ஜ

"Se eu pudesse roubar as gotas de luar que vi brilhar nos olhos teus..."

Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito

Encanto impresso



Gabriel Perissé publicou um artigo muito bonito no Observatório da Imprensa de 02/10. Segue um trecho:

Escrever no jornal, dizia Manuel Bandeira, é como escrever na areia, lembrando-se talvez dos poemas que padre Anchieta produzia. As ondas do tempo vêm e arrastam para o esquecimento aquilo que foi publicado e distribuído. Há os arquivos institucionais e os pessoais, mas limitados, ou de difícil acesso.

Escrever em blogs, sites e assemelhados é como escrever no ar – os ventos virtuais levam nossas palavras para longe, pelas infovias elas voam, viajam, vicejam em outras telas. Contudo, não são eternas, podem desaparecer do dia para a noite. E por isso, a necessidade do livro, do velho livro de papel, que multiplica de modo palpável frases e idéias.


Livros me fascinam. Assim sempre foi, desde pequena. A palavra é bela. Forma. Pura. Rabiscada ou impressa no papel. Pensamento que viaja solto nas frases perfeitas ou (in)sensatas do autor. Ah, quem me dera estar entre o encanto dos livros todos os segundos do meu dia.

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Entre ipês e jacarandás, a Feira do Livro deste ano está quase começando. Delicie-se! :)

Anjos por perto


Algumas pessoas entram na nossa vida sem que saibamos explicar como, e saem dela sem dizer adeus. É isso. Há que respeitar, mesmo sem entender. O inusitado, e bom, é que geralmente são pessoas que, de alguma maneira, tocam nossa alma, fazem-nos perceber algo que nunca tínhamos notado. Trazem perfume de flor. Trazem cor de arco-íris. Doçura. Alento. Depois partem. Sem um olhar, sem uma palavra. Somem no silêncio de um vazio que, para quem fica, é de doer no coração. Mas depois a dor vai passando, e aquela pontinha de decepção por um sentimento de abandono vai cedendo lugar a uma nostalgia leve. Que de tão leve é boa. Suave. Bonita. Talvez essas pessoas que passam assim pela nossa vida sejam anjos em forma de gente. Porque só os anjos podem partir dessa maneira. Talvez até não quisessem, mas precisam. Já os mortais, estes podem, mas não devem, porque precisam do olho no olho, da palavra, mesmo que dita na letra de uma canção, numa só frase, num sorriso. As pessoas, que não anjos, precisam da troca. E precisam do toque, mesmo que aquele sutil de um beijo de despedida, mas precisam. Porque é assim que se trocam sentimentos. E é assim que se cresce, e que se cuida do amor. É na troca de sentimento que está o sentindo da vida, embora isso pareça estar ultrapassado hoje em dia. Porque no hoje em dia parece que vive melhor quem não chora, quem não desaba de saudade, quem não divide, quem não se importa com o outro, quem não se perde por uma paixão. Fachada, das perigosas. Até a auto-suficiência deve ter um limite. Precisar e depender são coisas distintas. Quem depende de outro só por vaidade, esse se aborrece fácil. Não brinca. Não partilha. Não vive a vida leve. É entristecido. Já quem precisa, e não tem vergonha de assumir que precisa, de carinho, de encanto, de laços verdadeiros, tem a alma florida e iluminada. Como a de um verdadeiro anjo. Por isso, preste atenção nos seus amigos, seus amores, seus familiares. Cuide bem de cada um deles. Alguns podem ser anjos.





Para inspirar: Os filmes "Asas do desejo" e "Tão longe, tão perto" (este com trilha sonora do U2), do diretor Wim Wenders, são sensacionais. Quem se emocionou assistindo ao bonito "Cidade dos anjos", vai engolir seco com estes dois. ;)


Desejos de um doce final de semana ...
Já experimentou acordar ao som de "Here comes the sun"? ;)

Se é amor... basta


Há poucos dias uma amiga me contou que quer conhecer o Taj Mahal. No mínimo tive de concordar que foi uma boa escolha. Vai por nós duas, brinquei. Segundo conta uma das mais românticas lendas que existem, e como a minha amiga fez questão de reforçar, quem entrar no Taj Mahal encontrará o amor verdadeiro, e junto dele permanecerá até a morte. Exageros à parte (e olha que eu não resisto a um de vez em quando), achei bonita a forma como ela me me falou do desejo de encontrar um amor sincero. Talvez por ser uma pessoa de uma doçura incomparável, talvez porque ouvir alguém falar de amor verdadeiro, e acreditar que ele existe, tenha me deixado feliz. Falar bem de amor, e amar bem, hoje em dia é tão raro. Parece que não tem mais a importância de algum tempo atrás. Triste, mas é possível que se tenha banalizado o amor. Triste porque o que é banal é trivial, comum, não tem valor. E o amor precisa de valor. Não das riquezas materiais de um Taj Mahal, mas de valor sentimental. E precisa também de tempo. Não é na pressa que se constrói um amor. Quem pensa o contrário deve estar falando de paixão. Aquela que vem e passa. Que é mais frágil, mais fugaz, mais instantânea. Que pode, sim, acontecer junto com o amor, mas que, sem ele, não se sustenta. Se o amor é verdadeiro, ele dura, e não só por um momento, por uma semana, alguns meses. Ele dura a vida toda, porque se aperfeiçoa e renasce a cada dia.

Viu, amiga querida, no que dá me inspirar? Eis o texto... ;)


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"Nada nos importará si es amor..." :)
Fito Páez

No meio do caminho havia um sonho

Feriado de dias nublados. Aliás, que semana, não? Dias e dias de um cinza que teima em não sair do céu. Mas, nada que um passeio entre mar e campo não tenha me ajudado a sair de trás das nuvens e encontrar o sol. Enquanto alguns amigos foram aproveitar os dias de folga em lugares mais distantes, eu fiquei aqui por perto. E, correndo ao encontro dos meus sonhos (isso é assumidamente um vício, então desisti de desistir dele), resolvi, antes de rumar ao litoral, desviar o caminho e entrar em Santo Antônio da Patrulha, um dos Municípios mais antigos do Estado. Eu sabia que lá alguma coisa chamaria a minha atenção. Programa de índio? Bem, cada um com o seu. Mas, acredite, neste pelo menos as 'ocas' são de um lindo colorido.



Mil vezes bah! Adorei aquelas ladeiras com casas antigas. A de número 712 (essa aí da foto acima), por razões que a minha razão desconhece, me encantou particularmente. Ei, não deixei de ser urbana, ok? Mas a paz do interior às vezes faz bem. Resumo da ópera, ou do drum n' bass, que era o que eu ouvia quando cheguei na cidade: o lugar me cativou. E os quitutes que são feitos por lá? Esqueça as calorias. A Casa dos Sonhos, localizada na entrada da cidade, é uma graça. Segundo me informou uma das vendedoras de sonhos (isso que é responsabilidade hein?), o casarão data de 1947. Certo que, tão logo eu olhei para o piso da parte interna da casa, pensei: isso é das antigas. Mas, que fique claro, é um "das antigas" muito bem conservado, assim como todo o lugar. Tente abstrair a parte do salão maior, a única coisa que me pareceu um tanto fora do contexto, e saboreie sem pressa uma das delícias do cardápio. Difícil resistir. Está esperando o quê? Sair da Freeway e rumar para San´Antônio, como dizem os seus moradores, pode ser um passeio bacana. Aproveite para voltar pela RS 030. Pista única, eu sei. Mas para quem quer prolongar a sensação de paz do interior, vale a pena. ;)

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http://www.santoantoniodapatrulha.rs.gov.br/


Vire a página


Parte 1: Hoje (que já é ontem) ouvi a frase: "se não faz bem, para que insistir?" Juro, nunca algumas poucas palavras surtiram tanto efeito. Não sei se por eu acreditar com muito carinho na pessoa que as falou, não sei se, por coincidência, eu ter encontrado outra frase semelhante, logo depois, enquanto lia alguns artigos: "Não encontre um defeito, encontre uma solução". Essa é do Henry Ford. Pois bem, eis a solução: se não é bom, desista. Troque o disco. Vire a página.

Parte 2: Aproveitei as duas frases, e as minhas conclusões, e conversei com uma conhecida que, ao meu ver, já está esgotando as possibilidades (mais que esgotadas) em relação ao que ela supunha ser o seu par perfeito. Ei, acorda Madalena*. Se ele não retorna a metade da atenção que tu ofereces, mande um "bye bye honey, quem sabe daqui a algum tempo nos encontremos por aí" e ponto. No extremo do minimalismo: "cansei!". Bem, ela chorou, como faria qualquer mulher apaixonada, por mais platônica que seja a paixão, e fez uma cara feia, daquelas que você pensa que o mundo vai acabar naquele minuto. Mas, que nada. Passado o nó na garganta e aquele momento que dói quando se "cai na real", ela me chamou de canto e, tudo bem, numa voz quase inaudível, concordou comigo dizendo que, embora saiba que vai ser difícil esvaziar o coração (foi piegas isso, eu sei, mas foram palavras dela), é o que vai fazer. Pediu se eu tinha alguns cds românticos para ela chorar em casa. Isso ela pediu para a pessoa errada. Gravei um do The White Stripes e disse para chorar tudo o que precisasse hoje, porque, apesar de tudo, amanhã há de ser outro dia. Ela sorriu. Bueno, estou torcendo de dedos cruzados para que dê certo. Força menina. A vida é linda! Não seja menos. ;)

Parte 3: O nome não é Madalena, lógico. Mas eu não tenho o porquê expor tudo aqui.

Parte 4 (e última): O combinado foi avisar. Trato cumprido.



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E depois dessa preciso de um tempo (e ele inclui os textos do blog também). Uma semana para quem adora escrever pode ser tempo demais, mas às vezes algumas coisas são inevitáveis.

Desejos felinos de dias maravilhosos e de um feriado delicioso!

Na dúvida, sabedoria


Tenho, na porta da minha geladeira, há anos, uma foto em preto e branco de um gato vira-latas, fofo como ele só, com óculos escuros e uma delicada expressão de incerteza. Nela, uma frase de autoria de Morgan Scott Peck: "muitas vezes a dúvida é o início da sabedoria". Não lembro qual delas pairava sobre a minha cabeça quando resolvi deixar a foto ali, como um lembrete importante. O essencial é que, desde então, ela tem sido eficaz no meu dia-a-dia. Sou ansiosa por natureza, e quem também é sabe o quanto é difícil conviver com assuntos pendentes, problemas a serem resolvidos, hesitações. Mas a vida ensina. Sabiamente. E compreender que ninguém é capaz de estar sempre com tudo sob controle, sem risco de erro ou probabilidade de mudança, tem me dado grandes alegrias.

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Grata de coração pelos dois livros que recebi de presente nesta semana. É muito bom saber que os textos deste blog são lidos por pessoas tão queridas. :)

Já me deliciei com alguns trechos de ambos. Não tenham dúvidas de que, assim que eu terminar a leitura, os posts estarão por aqui.

Despretensiosamente leve


Ontem. Porto Alegre trinta graus. Final de um dia cansativo. E eu confirmei, mais uma vez, que existem coisas simples e bonitas para se viver. Esta música eu não conhecia. Ouvi pela primeira vez e, ouvindo, sorri. Existe coisa melhor que sorrir leve em um final de tarde, e sentir o quanto se é feliz? :)

"É na sincera, meu coração bate, tipo, acelera.
Quando isso acontece é quando eu sei que é à vera,
que já era, que a coisa é séria."


A música é "Como eu te quero", do Black Alien. A letra, lida, tá certo, é bobinha. Mas musicada fica uma graça. Rap para ouvir despretensiosamente. ;)


************** Black Alien, ex-integrante do Planet Hemp, é considerado por alguns um dos melhores poetas urbanos de rap do Brasil. Figura das mais atuantes no underground brasileiro da última década, o niteroiense Gustavo Black Alien subiu em um palco pela primeira vez em 1993, e desde então desenvolve uma trajetória de participações com artistas como Fernanda Abreu, Raimundos e Marcelinho da Lua. Integrou o Planet Hemp, grupo do qual também fazia parte Marcelo D2, e fundou ogrupo Reggae B, em parceria com o baixista Bi Ribeiro, dos Paralamas do Sucesso. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Black_Alien