Blues come through

Quando uma porta se fecha...

Há uma vida inteira
além dela.

Alice Dalton Brown
O blog fecha as portas. E eu agradeço, de verdade, a todos os que passaram por aqui desde 2007 e aos que me deram carinho e incentivo para continuar a escrever: Meus pais, familiares, meu amor, meus amigos e  leitores queridos. Paro aqui porque preciso continuar em outras linhas, que vão me exigir mais tempo e dedicação. 

Sou grata a Deus e à vida por tudo o que tenho hoje. E o que tenho hoje me basta para continuar a crescer e, dentro do que aprendi, a ensinar. A poesia me guiou até hoje e isso me faz bem.

Obrigada e até :)

Eu vou
por aí...
E se quiser,
vem também.
Vai ser legal...
A gente tem poesia
que basta.
A gente tem força 
que sobra.
A gente tem o que
a vida 
dá. 
E isso
sustenta
mais do que a 
palavra. 

                                                                                         


Blues song



30 anos valem por uma vida.

                contradição.

era mais fácil ser adulta nos anos 80,
saia balonê
The Cure nos fones de ouvido .

    i´m love e ainda não sei quem sou.

você,
insuportavelmente estável.

não sei se isso vai dar certo
tenho medo e não choro
é feio,
       tenho medo. não choro.

disfarço e brinco.

isso ainda vai dar
problema,
e, se der, paciência.
       a gente aprende a amar
       errando.

       a gente aprende a amar
       amando.

ciúme


by_shantaycinnamon

não preciso que lembrem
as minhas fraquezas - delas sei eu.
lidar com elas
não é fácil.
voltar a elas,
em palavras alheias,
é sempre pior.

espaço

espaço espaço espaço espaço 
preciso  mas  não   peço  mais 
um pouco de espaço  disperso
espaços  somados divididos e
cobrados  em  tempo passado 
esqueço recomeço e  decido o
fim eu chamo de tempo  pausa 
compasso de medos estranhos
espaços constantes   de muitas  
sensações esparsas tempos em
espaços pequenos de lamentos
sofrimentos  sem  sentido  tudo 
por desejo de espaço  falta  de 
algo que mora aqui dentro   sei
que o que eu sinto é mais e  vai
além desse pequeno espaço de  
discussão em busca de espaço
vazio que de tão  frio  é  feio e
parece mudo calado perfeito e
configurado para ser como um 
espaço de refúgio  e  descanso
mas não há sossego  que  seja
pequeno ou grande e que bas
tante tempo tenha no espaço
de ser o que é  de não  temer
o que  a falta de  alguém faz
mas a procura  pelo  que  se
quer espaço além de medo e
dor é espaço da razão é tem
po e espaço da razão o cora
ção não sabe desse espaço e
pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa
até encontrar um tom que se
adeque e vira outra vez um
amontoado  de espaço  sem 
sentido só sentindo o tempo
que passa passa passa e só.


Arte: Denise Duplock


Resposta

Por que me sinto assim, incompleta? Não sei, não dá para dizer ao certo quando essa sensação começou, acho que desde a infância ela me acompanha. O que eu sei, com certeza, é que existe outra vida além da vida comum, banal, cotidiana. E é estranho como isso de desenvolve em mim. A cada dia, parece que me aproximo um pouco do ideal, ou do que eu considero o ideal. Mas, ao mesmo tempo, chega esse sentimento de inconstância que me incomoda, não a ponto de desistir da procura porque é um incômodo que estimula a crescer e melhorar. Mas é incômodo porque me tira da minha de zona de conforto, e isso, para alguém como eu, extremamente controladora, é angustiante. O certo é que eu sei que não devo parar. Afinal, o mesmo incômodo que às vezes me atrapalha me dá asas para voar tão longe e tão alto que qualquer esforço vale a pena. Perceber que eu-alma sou melhor do que era ontem é a coisa mais bonita de sentir e de viver. Não vou desistir. Preciso descobrir o que falta em mim e que ainda vai me fazer completa. E vai acontecer. Eu sei.


Josef Sohn

Madeleine


ainda há coisas de Madeleine pela casa.

às vezes
um par de luvas

às vezes
um par de sapatos

tudo em par
tes inacabadas.

       pe da ços de lembranças das quais não preciso -
       alívio.

faço de conta que não vejo. 

    controlar os impulsos pode valer a pena.
           
passam alguns meses
e eu decido não me importar:
de onde me teria vindo
aquela poderosa alegria?

        percebo:
        Madeleine não mora mais aqui.
     
        vivo em paz.

Punta del Diablo e Mario Benedetti


Mario Benedetti
  
Confesso que estava em dúvida sobre o tema que iria escolher para a Cult desta semana, mas um jantar na sexta-feira à noite aguçou minhas ideias e me deu uma boa sugestão. Enquanto saboreava algumas delícias da culinária uruguaia na pizzaria Punta del Diablo (na Protásio Alves, 1472), lembrei as férias de verão que passei na praia que deu nome ao restaurante de Porto Alegre. Punta del Diablo, povoado de pescadores situado a aproximadamente  300km de Montevideu, é um paraíso para quem quer fugir do agito dos roteiros turísticos badalados e para quem gosta de curtir alguns dias de clima despojado nas belas paisagens do país vizinho.

Passei alguns dias em Punta del Diablo, hospedada em um albergue onde precisei usar o que eu chamo “mistês”, uma mistura de inglês, espanhol, italiano e português. Mochileiro precisa se comunicar. E quem não concluiu todo o curso de inglês e sente dificuldade de ajustar a pronúncia em outra língua, precisa usar a criatividade - e muita mímica, para começar um diálogo em outro país, mas, voilá (olha o francês aí!), o importante, como escreveu Fernando Pessoa, é navegar. Importante é perder o medo de encarar uma viagem só porque você não fala o idioma que forçosamente tentam instituir como universal, importante é arriscar, é descobrir novos caminhos, é ir ver o que acontece além das mesas de trabalho e da rotina do dia-a-dia, importante é não se acomodar, é sair, descobrir, aventurar.

E, serve de dica aos navegadores de primeira viagem, conhecer as belezas do Uruguai pode ser um bom começo para quem quer começar a se aventurar de mochila nas costas, sem grandes exigências de sofisticação e com muita disposição para conhecer lugares novos. Se sobrarem tempo na agenda e vontade de percorrer alguns kilômetros de carro, vale a pena passar pelo Chuí rapidinho e chegar em Punta del Diablo para conhecer as praias protegidas por vegetação e rochas e coloridas pelos barcos dos pescadores, encher os olhos com a arquitetura moderna que contrasta com as casas simples dos nativos, para curtir o pôr-do-sol bonito dos finais de tarde, saborear as deliciosas panquecas recheadas com doce de leite ou para descobrir, como aconteceu comigo quando estive lá, pequenas feiras de livros usados espalhadas pelas ruas estreitas da vila, com preço mais do que acessível ao bolso de quem está viajando e não tem dinheiro de sobra para gastar.

Eu lembro que, numa dessas feiras, montada no pátio de uma casa no centrinho, botei os olhos em Yesterday y mañana, do Mario Benedetti e não larguei o livro durante toda viagem. Punta del Diablo ficou mais bonita do que quando eu tinha chegado. Agora era uma praia, além de mágica, [en]cantada nos versos de Benedetti:

SÍMBOLOS Y SEÑAS
La vida está entreabierta
de modo que penetran
los símbolos y señas

hay que aventar lo inútil
y es tan poco

A cada dia de passeios pela vila e arredores, eu lia e relia uns quatro ou cinco poemas do autor uruguaio. Até então, eu conhecia pouco sobre a obra de Benedetti, alguns versos e só, mas, pelo tanto que gostava, tinha uma prévia de que seria amor ao primeiro livro. Do que eu já  conhecia dele, me agradava muito Botella al mar, poema que sempre me faz desenhar no pensamento uma praia de águas tranquilas em um dia iluminado de sol:

Pongo estos seis versos en mi botella al mar
con el secreto designio de que algún día
llegue a una playa casi desierta
y un niño la encuentre y la destape
y en lugar de versos extraiga piedritas
y socorros y alertas y caracoles.

Os belos cenários do Uruguai e os poemas de Yesterday y mañana me fizeram despertar a curiosidade pela vida e pela obra de Benedetti, o que me levou a descobrir que o autor escreveu mais de oitenta títulos e é considerado um dos principais autores uruguaios, premiado em diversas categorias e reconhecido mundialmente por sua novela A Trégua, publicada em mais de 140 edições desde 1960.

A intensidade dos versos de Benedetti harmonizam com as sutilezas da vida descritas pelo poeta, o que torna a leitura dos versos agradável e repleta de sensações:

DIGAMOS
1.
Ayer fue yesterday
para buenos colonos
mas por fortuna nuestro
mañana no es tomorrow

2.
Tengo un mañana que es mio
y un mañana que es de todos
el mío acaba mañana
pero sobrevive el otro


Punta del Diablo


Na década de 70, Mario Benedetti viveu o exílio e mudou-se para a Argentina, Cuba, Peru e Espanha, sempre na companhia da esposa Luz, falecida em 2006 em decorrência de Alzheimer. Após a morte de Luz, Benedetti doou parte de sua biblioteca pessoal ao Centro de Estudos Iberoamericanos Mario Benedetti da Universidade de Alicante, na Espanha. O poeta morreu em 2009 aos 88 anos. Dizia ele que a literatura é um sótão das almas e que serve para perder o medo da morte. Benedetti, sem dúvidas, não demonstrava seus medos. E, se os tinha, eram certamente aliviados pela escrita.

As lembranças de Punta del Diablo terão sempre, para mim, um significado especial, um gosto pela descoberta da liberdade e um agradecimento único à poesia de Benedetti, que naqueles dias me presenteou a vida em versos. Por isso, o poema que encerra a coluna de hoje, Cada ciudad puede ser otra, é um dos meus preferidos. As cidades que conhecemos, assim como as jornadas que trilhamos na nossa vida, são da maneira que as criamos. Podemos visitar a mesma cidade várias vezes e, em cada uma delas, podemos encontrar algo novo, bonito, estranho. Podemos ficar em silêncio, visitar a nossa alma todos os dias e, em cada encontro, é possível que percebamos o que é preciso mudar ou o que é preciso deixar do jeito que está. Basta querer conhecer para descobrir. As cidades, e o mundo todo, estão aí para isso.

CADA CIUDAD PUEDE SER OTRA
Cada ciudad puede ser otra
cuando el amor la transfigura
cada cuidad puede ser tantas
como amorosos la recorren

el amor pasa por los parques
casi sin verlos pero amándolos
entre la fiesta de los pájaros
y la homilía de los pinos

cada ciudad puede ser otra
cuendo el amor pinta los muros
y de los rostros que atardecen
uno es el rostro del amor

el amor viene y va y regresa
y la ciudad es el testigo
de sus abrazos y crepúsculos
de sus baonanzas y aguaceros

y si el amor se va y no vuelve
la ciudad carga con su otoño
ya que le queda sólo el duelo
y las estatuetas del amor


*Publicado na coluna Cult, na intranet  da Procuradoria Regional da República da 4ª Região em 13-07-2011.

Brasilex


arquivaram o caso CC
em Brasília, dezenove horas
noves fora e
rola o carnaval
casal de ministros
no Planalto Central

tem que ter coragem
tem que ter coragem
tem que ter coragem

o povo vê pela TV
e concorda:
ainda bem que temos o telejornal
[UAU!]
tenho vergonha
mas não tenho medo

tem que ter coragem
tem que ter coragem
tem que ter coragem

funcionalismo público
sem aumento
trabalhador
sem emprego
corrupção crescente
generais sem farda
gramática do erro

tem que ter coragem
tem que ter coragem
tem que ter coragem

sou mais
a sociedade alternativa
do que as plenárias vazias e
os discursos
de papel

tem que ter coragem
tem que ter coragem
tem que ter coragem

a gente tem que
fazer para acontecer
sem ação
a mídia consome
os sonhos
dos cidadãos
avante!

tem que ter coragem
tem que ter coragem
tem que ter coragem

Supernatural


Agora você quer que eu volte. São três da manhã e eu preciso terminar de ler esse livro, ou pelo menos mais uns três versos dele. Você podia ter dito tudo aquilo antes. Eu não sou sentimental a ponto de me derreter por palavras rabiscadas em papel de embrulho, muito menos por letras de músicas de filmes americanos. Manter a pose durona não é fácil. Depois dos trinta, pior. Se me der na telha, eu peço demissão e vou morar na praia. Sozinha. Quer dizer, levo o Luke junto por precaução. Pelo menos, ele não morde. E você às vezes me deixava mordida de ciúme. O que você não sabia é que eu sou forte e dou a volta por cima. Aliás, dou a volta no quarteirão para não encontrar aquela vizinha corpulenta que chama a sua atenção. Prefiro desviar obstáculos a me incomodar por pouco. O porteiro do condomínio me passou uma cantada no mês passado. Fiz de conta que não ouvi.  Mas a gente sempre ouve o que não deve para estimular a vaidade. Eu estava na TPM e o meu cabelo parecia o pior do mundo. Em determinadas épocas, hormônios femininos podem ser mais fortes do que um furacão. A cantada do porteiro rejuvenesceu a minha alma. E não senti vergonha por ter gostado. O tio Beto queria que eu comprasse cerveja no boteco da esquina porque você prometeu um churrasco no domingo. Quando ele souber que o namoro acabou, vai te ligar para tirar satisfação. Quem sabe você troca o número do telefone? Seria bom até para evitar que eu ligasse em algum momento inoportuno. Afinal, é lógico que você não vai ficar solteiro por muito tempo, porque, mesmo com os seus defeitos, o seu beijo é bom e o seu apartamento é grande. Ah, sim, você tem doutorado e mora sozinho desde os dezesseis anos. Uma pena que almoce todos os domingos com a sua mãe e jante com ela nas terças e nas quintas. Mas pode ser legal se a sua próxima namorada tiver dezoito anos e pensar que relacionamento é só cinema e pipoca. Se eu seria capaz de começar de novo? Com você, sinceramente, não. Mas começaria com o Carlos, meu psicólogo. Se ele não for gay, e se eu tomar coragem, vou convidar ele para sair. Instinto selvagem, talvez, para manter a sobrevivência da minha metade inconsequente. Se não der certo, pelo menos vai render uma boa conversa no divã. Faço jus à fortuna que pago no consultório. Amanhã ou depois, eu vou te ligar para dizer o que vai  embora e o que fica comigo. Essas suas caixas espalhadas no chão estão atrapalhando a decoração da sala. Se você quiser, eu mando por uma transportadora, porque daí a gente não se encontra e não precisa trocar aquela meia dúzia de palavras cerimoniosas, só por conveniência. Na verdade, o que a gente queria dizer um para o outro era "você é legal, mas não quero mais ficar junto só por ficar". E é isso, a gente se apaixona e sempre acha que vai ser para sempre essa história inventada de felizes para sempre. E eu até curto Cazuza, mas  muita invenção em matéria de amor não me atrai. Na real, todo mundo sabe que não é assim, mas insiste porque precisa fazer de conta que acredita em algo sério. E não dá para acreditar que é sério quando a gente tem que dividir cds e livros depois de discussões e desentendimentos que parecem roteiro de drama. Aliás, não precisa devolver o cd do Tim Maia que eu te dei no Natal passado. Eu fico com o do REM para cantar Supernatural Superserious a todo o volume. Lembra que você detestava quando eu ouvia REM? Diferenças. Faz parte do romance não ser igual ao outro. Pelo menos é o que dizem nas palestras sobre relacionamento. Por isso eu sempre detestei livros de autoajuda!  Resta então desejar boa sorte e dizer umas frases bonitas para pedir desculpa por mágoas ou sentimentos afins. E, se faltar alguma palavra, algum gesto, alguma saudade, um dia a gente corrige. Um dia a gente aprende. No fim das contas, a gente sempre aprende. Nem que seja a dizer adeus.

despedida


sinceramente eu pensei que você valesse a pena e foi uma pena me enganei e agora é tarde e eu não quero mais esperar eu quero é que você saiba que assim não dá mais e entenda que eu não vou voltar que eu arrumei minhas malas paguei minhas contas separei os meus discos e tô pulando fora tô saindo de mansinho sem você nem perceber deixei a mesa posta e as fotografias em cima da televisão outra hora você deixa as minhas outras roupas na portaria e eu passo quando tiver um tempo prá buscar vou ver se eu me viro sem você porque parece que é melhor prá mim tentar outra vez outros planos outro lugar lamentar não vale a pena eu tenho muito tempo daqui em diante e você tem meu endereço pode passar lá até quarta-feira e buscar o que é seu o que era meu e seu e nosso agora volta ao começo de volta sem tentar guardar mágoa tudo mentira a gente sempre guarda mágoa e guarda alguma carta e não deveria porque passado é coisa que já foi e o bom é guardar lembranças não guardar nomes número de telefones ou presentes o legal é terminar e ponto sem ponto de interrogação colocar cada coisa no seu lugar  misturar as estações só prá quem gosta de samba e você sabe que eu sou chegada num blues jazz às vezes rola outro gênero nem vale a pena tentar aliás o meu groove não combinava com você desde o carnaval passado quando discutimos o tempo todo e tudo não levou a nada e várias noites chegamos cansados em casa depois de encontros entre amigos só para manter as aparências e juntos viramos de lado na cama e boa noite e era isso nem um beijo nem um abraço nem a transa de tempos atrás e os dias viraram simplesmente dias em meses e anos e agora não tem mais jeito a rotina da gente ficou chata sem graça sem cor e eu não gosto disso eu já disse que um dia iria embora se isso acontecesse mas você não ouviu ou fez de conta que ouviu e não viu que eu sou alguém mesmo sem você é eu acho que você nem percebeu que o nosso amor virou um amontoado de boas recordações e nada mais que valha a pena continuar junto por isso agora de dois juntos nós somos duas partes por aí soltas no mundo a procurar quem nos queira sem querer entender tudo boa sorte pra você quem sabe um dia a gente se encontra por aí quem sabe não eu prefiro que não então de novo boa sorte prá você não deixo carta nem recado só saudade isso basta quando não existe mais o amor.

Luana


Luana tem nome de menina que gosta de olhar para a lua. Luana declama, todas as semanas, poesias do Bandeira: e tem em Satélite o seu preferido. Além disso, diz que belo belo belo é uma noite de luar. Luana tem fases: lunática, Luana, lunar, brilhante como a lua quando surge no horizonte. Profética, deusa da Lua, em órbita de sensações espaciais. Poderia ser Laura, mas é Luana. A menina que quer viajar para a lua. Na carona de uma nave. Voar. Luana, lunática, enluares de novas profecias. O mundo não tem lugar para alguém como você, Luana! Fuja, fuja daqui. Vá para a  lua. Esqueça os problemas do mundo. Viva no mundo da lua, como você quer, doce Luana.




P.S.: para quem guarda na alma um tanto de infância ingênua e não se importa com isso porque assim é feliz.

Viva! Viva o Dia da Poesia!


No Dia da Poesia, uma pitada de Alice Ruiz:


Sorri-se
Música: Waltel Branco
Letra: Alice Ruiz


Quando disse na saída,
deixo meu sorriso
disse bem,
até sorrir pra você
não vou sorrir pra mais ninguém
também disse,
o que se deixa é o que permanece
não esqueça essa sou eu,
que agora desapareceu
E se mais não disse, é que sorria
um sorriso que ficasse,
para depois de ter ido
como se nunca partisse,
como se tudo existisse
ah! se eu soubesse,
ah! se você me visse

Constatações


Erica Leighton



É engraçado como as pessoas olham diferente para os poetas. Às vezes, como se fossemos feitos de açúcar; noutras, como se pertencêssemos a outro planeta.

um pouco mais


Supermalade

sem cerimônia, por favor, seja sincero, seja mais discreto, me beije com vontade, esqueça meus melindres, conheça nossos segredos, lembre todos os detalhes, não viaje sem mim, não me abrace por conveniência, não me faça de boba, olhe nos meus olhos, não faça cara de ingênuo, tenha medo, não tenha tantos planos, não me peça para dirigir devagar, me leve para a sua casa, pinte as paredes, troque os móveis, entenda os meus versos, crie universos, invente roteiros, me procure nas músicas, nos discos, nas ruas, durma do meu lado, me faça cócegas, me pegue no colo, não me trate como criança, me faça carinho, não me deixe sozinha, se importe comigo,  com meus amigos, peça desculpa, não seja tolo, não me perca de vista,  não fale com ela, faça um poema, pegue a minha mão, leia o meu horóscopo, respeite o meu jeito, entenda os meus defeitos, me pague uma bebida, tire a minha blusa, encoste em mim, me compre flores,  escreva o meu nome, me abrace, me proteja, me descubra, não se assuste, me conheça, e, depois de tudo, de todos os tempos, problemas, dúvidas, me chame de meu bem, me dê um sorriso, faça amor comigo, esqueça o resto, deixe o tempo passar, fique aqui, não vá tão cedo, case comigo, desligue a TV, se ligue em mim, me convide para jantar, me faça um café, afague o meu gato, deixe que eu decida, e, às vezes, escolha por mim, venha para perto, não banque o esperto, seja leal, não diga mentiras,  não me faça seguir metas, releve as minhas brigas, me corrija, cuide do nosso amor, não desista, e, se eu tentar fugir, insista, não me solte, me adote, me surpreenda, sempre, mais, por mim, por nós.

dúvida

a calma
de um leitor
o impulso
de um poeta

            a dúvida

onde foi que paramos,
mon amour?