Papaveri rossi

Monet

Fez sol. Fez chuva. E a poesia das quatro estações em um intervalo de poucas horas. Fez saudade. Fez vontade de chorar e, também, de sorrir, quando eu lembrei que você, há tanto tempo, me chama de moça, mocinha ou qualquer outra palavra carinhosa. Aconteceu de aparecer arco-íris no céu, sabia? E eu te dei, em pensamento, todas as cores dele. Bonitas. Mas isso é segredo. E você prometeu cuidar dos nossos segredos. Ah [!], aconteceu também de eu lembrar a cor das papoulas. Daqueles campos floridos. Sim, eu sei, você prefere outro idioma. Então eu conto para você que são as nossas papaveri rossi. Está bem assim? Papoulas no vermelho escarlate das flores da Toscana. Lindas! Eu lembro até que você colocou uma no meu cabelo. E me deu um beijo doce antes de partir. Aliás, acho que eu entendi por que você sempre foi embora na primavera. Você dizia que era para me deixar todas as flores do mundo e outras mais que ainda não existissem. E agora não demorou para você descobrir que, nesta vida, eu fiz um jardim bonito de todas elas. E, entre todas, eu te encontrei de novo.






.porque há campos de lindas papoulas na Toscana :)

Idéias são sementes


A BioNat Expo é uma feira organizada para promover o comércio e o consumo de produtos orgânicos, fitoterápicos e de plantas medicinais, o turismo rural e ecológico e a sustentabilidade socioambiental. A feira fica aberta até hoje, às 19h, no Cais do Porto.

É a dica da gata para quem quer incluir um passeio diferente e interessante neste domingo.

Espia mais aqui: http://www.bionatexpo.com/


Beijos felinos.


:)

Under my skin

Reinhard Simon

Percebeste? Eu me esquivo. Me escondo. Feito gata mesmo. Assustada. Tenho medo e nem sei se é de água fria. Mas é fato. Sem saída. Inevitável. Você me tem. E tem em tanto, e em tudo, que eu não preciso de mais nada. E quer mesmo saber? Não importa se é lua cheia, ou não. A minha pele na tua, leve, com gosto de tudo o que é bom. Vai ser. Em qualquer tempo. E se eu, por acaso, disser para você ir embora, você volta [volta?]. E me descobre. Nua. Não de pele. Mas de medos. E me abraça forte, até dar arrepio na nuca. E, bem de perto, promete, você me cobre de flor, e me dá, em beijos, o que eu tomo por amor.

[...]

"I've got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart, that you're really a part of me
I've got you under my skin."


.

Epifania

E, ainda que os olhos não fossem tão azuis, era possível mergulhar ali como se mostrassem um mundo de coisas bonitas. E descobrir, na doçura da troca das palavras, amores em sabores de manhãs pintadas à mão e enfeitadas de flores e céu. Não sei se é o tempo que pára quando entramos noutro alguém, ou se o tempo nos dá mais tempo para gostar dos sorrisos e dos encantos que nos afagam a alma. E por isso, talvez, nos venha a sensação de que tudo pára. E de que continua nas sutis epifanias que adoçam a vida. São estas magias de amar que colocam os meus versos em ti. Dia a dia.


Donna Geissler

::::: deliciosamente azuis :::::

:))

Da primavera em dias de sol

Angelo Cavalli


Das coisas mais bonitas, nasciam nuvens e flores. E também caracóis. Do mar. Ou dos sonhos da menina que gostava dos sentidos. Da quinta-essência do que sentia com os seus gostos. E gozos. E tudo o mais que era puro. Por isso seguiu. Alguns passos. Gotas da chuva. Outros mais. A cor do pôr-do-sol. Em lilás. Lembrou o amor. E entendeu que para tudo existe o tempo. E que aquele era, agora, o tempo da primavera. E esperou, silente e serena, por aquilo que chamava de reencontro.

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"Se tu vens às 4, desde às 3 eu começarei a ser feliz."
Saint Exupéry, em O Pequeno Príncipe



[...] para o menino mais doce que eu poderia encontrar entre as cores das orquídeas da primavera de Porto Alegre [...].

O tempo do amor


Sim, eu sou toda poesia. Em métrica um tanto distraída, talvez. Quem sabe porque, como nas palavras do Leminski, distraída eu esteja salva. Mas sou também poeta. E não ouse dizer o contrário. Parece até que fui feita de açúcar [!]. Quiçá a menina das sobrancelhas desenhadas, como se fosse em pincel, tenha ficado menina para sempre. E, por isso, doce. Ou talvez tenha aprendido, nas lições da infância, que as coisas são mais bonitas se forem leves.

"...o maior deles, porém, é o amor.” I Co 13. 4, 7, 13

Meus pais completaram cinquenta anos de casamento há poucos dias. E quis o acaso do encontro dos dois que hoje eu estivesse aqui. Dizem eles, os meus pais, que eu sou doce em tudo. Bem, pais são suspeitos... Então, provavelmente, eu não seja em tudo. Ou seja pouco. Ou nem seja. Mas neste post vou tomar a definição como verdade absoluta. Afinal, estas palavras são para eles. E espero que sejam todas elas doces.


Amo vocês dois de maneira tão igual e bonita que não preciso explicar. Um amar tão grande que não cabe num verbo só. Basta sentir. Como se sente tudo o que é verdadeiro.



:)) amor não se conta em tempo, mas em atos: cumplicidade, respeito e carinho.

Sensações


[um beijo].


What difference does it make?


"...que tivesse um blue.
Isto é imitasse feliz a delicadeza,
a sua, assim como um tropeço
que mergulha surdamente
no reino expresso do prazer."

Ana C.

P.S.: Não preciso lembrar que a lua, coincidentemente, se faz cheia no dia 13.
:)

Miados portenhos

Definir Buenos Aires em poucas palavras é difícil. Cosmopolita e aconchegante? Rebelde e romântica? Agridoce? De rock e tango? Qualquer semelhança não é mera coincidência... Me senti em casa no primeiro minuto em que pisei nas terras argentinas. A gata se perdeu em livrarias, cafés, museus e largas avenidas delineadas por prédios imponentes, que me fizeram olhar para o céu portenho várias vezes e me lembrar que, sim, ele é sempre azul, ainda que em dias acinzentados.

Foto: Pelo centro...

São ruas e mais ruas desenhadas por praças, monumentos históricos e parques. Gastronomia para todos os gostos e bolsos: do pancho à culinária internacional. Sem contar os cremosos e deliciosos helados, que, para uma felina assumidamente gulosa, foram uma perdição... Em quatro dias, e sem grandes gastos, acredite, dá para fazer roteiros legais para conhecer muitos lugares bonitos da cidade, com direito a uma pausa para um café [o tal do capuccino gelado com suco de laranja é um espetáculo!] entre uma caminhada ou outra, durante o dia, ou para uma[s] cerveja[s] durante a noite.


Foto: Pelos parques de Palermo...

E, por falar em noite, gostei do lilás dos ipês no final da tarde em Palermo e do colorido das luzes do Puerto Madero no início da noite. Mas adorei os bares boêmios de San Telmo, que rodeiam a simpática praça Dorrego. Nada mal para curtir a primavera noturna dos bons ares argentinos...



Foto: Pelos bares de San Telmo...

Enfim, se, na música do Nei Lisboa, o bonito são os telhados de Paris, neste post fica registrado que os mais lindos são, por enquanto, aos meus olhos, os de Buenos Aires. E, se é para registrar... Anote: se a saída de Buenos Aires estiver programada por via aérea, escolha uma companhia com opção de vôo noturno. A vista é linda, e só reforça a deliciosa sensação de nostalgia que fica ao se deixar a cidade.


Foto: Pelas estações de trem...


Em tempo: Obrigada, Eliane, amiga querida que me acompanhou durante estes quatro dias e que, mesmo cansada, no calor de mais de 30 graus, não desanimou em nenhum minuto. Querida, fostes uma companheira encantadoramente agradável. Gracias, chica! Vais tirar Frankfurt de letra. Tenho certeza! ;)

It´s rock´n´roll, babe!


Antes que eu esqueça...


Longos oito anos... Mas o novo álbum do AC/DC, Black Ice, finalmente está por aí. E She Likes Rock´n´Roll [já] é uma das minhas preferidas:

"She digs rock ‘n' roll,
She likes rock ‘n' roll,
You want rock ‘n' roll,
I need rock ‘n' roll,
Everyday, and through the night,
She digs rock ‘n' roll,
She gives rock ‘n' roll,
She gives me rock ‘n' roll,
I like rock ‘n' roll."

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Roqueira, sim! E sem perder a ternura. ;)

Inverso


Esta história de virar do avesso não é nada fácil. E é sempre assim... Quando a gente acha que entendeu tudo, vem a vida e bagunça, em letras, atos e fatos, tudo o que era certo. E aí tudo vira incerto. Outra vez. E a gente precisa esquecer as frases prontas, precisa encontrar outras rimas, e criar dias novos para noites em claro. Tudo bem, ainda assim, virando do avesso vez que outra, prefiro a inconstância da vida ao estabelecido pela ditadura chata das pessoas imunes à leveza da poesia, das cores e dos gestos nobres. Nobreza de espírito é o que me importa. Porque é coisa bonita. O verdadeiro sentido de se estar vivo.


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do avesso. e desordenadamente relutante aos acasos


[que se lêem em casos].

Palavra de mulher

"Meu amor, eu vou partir
De novo e sempre, feito viciada
Eu vou voltar
Pode ser
Que a nossa história
Seja mais uma quimera
E pode o nosso teto, a Lapa, o Rio desabar
Pode ser
Que passe o nosso tempo
Como qualquer primavera
Espera
Me espera
Eu vou voltar."


Ô, Chico!






.a gata em férias. um pouco sem rumo. com um pouco do coração na mão. e outro pouco em pulsos. impulsos. coisas da minh´alma. que precisa partir. para voltar...

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