...


- E por que tudo, entre tudo, precisa parecer com férias de verão?
- Mas são férias de verão! Não é de se estranhar que algumas coisas se reconheçam nelas.
- Mas não são as minhas férias de verão :(
- As tuas podem estar na primavera :)
- Isso é confuso. Não é? Por que o verão estaria na primavera?
- Pode ser. Mas só para quem não acredita.
- Acreditar em quê?
- Que o verão ainda possa ter lindas férias em qualquer estação do ano.
- Eu acho que quem tem férias de verão em outra estação do ano deve ter algum segredo em comum com outra pessoa. Sabe, tipo um pacto de...
-... de cumplicidade?
- É. De cumplicidade parece um pacto bonito. Mas e quem ainda não tem um segredo em comum e um pacto de cumplicidade?
- Pode ser que ainda não tenha encontrado a quem confiar o seu segredo.
- Que triste parece a vida sem pactos de cumplicidade, não?
- Que triste a vida de quem não acredita neles! Você acredita?
- :)
- :)

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Escrito numa noite de férias de verão para quem acredita nelas.

Um feriado lindo a todos. Dá para curtir legal o carnaval com responsabilidade. Cuidem-se! ;)

Libertino Wilmot

Prólogo do drama inglês 'O Libertino', dirigido por Laurence Dunmore: "vocês não vão gostar de mim". Palavras de Johnny Depp, interpretando um escritor hedonista do século 17. Sei... Difícil, pelo menos para o público feminino, dizer que não vai gostar. Mas, opinião de quem viu o filme duas vezes: é provável que muitos não gostem mesmo. Uma pena porque, além da interpretação bacana de Depp e incomparável de John Malkovich nos papéis principais, a trama torna-se mais do que envolvente ao retratar a vida conturbada e apaixonante do boêmio e libertino escritor John Wilmot. Doses de poesia intensa e sem pudor, que a muitos pode ofender e a alguns, apaixonar. Relembrando: eu gosto de drama. É fato. Por isso não me incomodam as cenas que a alguns possam parecer exageradas. Mas se drama, definitivamente, não for o seu forte, saia da sala no começo do filme. E nem pense em entrar nos últimos trinta minutos antes do término. ;)

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Para saber mais: Britânico, Wilmot conhecia em profundidade o latim, o grego, o francês e o italiano. Aos 14 anos, no ano de 1661, recebeu o título de Master of Arts do Wadham College (Universidade de Oxford). Depois foi para a França e a Itália. Na Europa continental se tornou um intelectual carismático e prestigiado pela alta sociedade. Sua vida, embora breve, teve passagens tumultuadas: combateu a Marinha holandesa, envolveu-se em homicídio, escândalos sexuais, alcoolismo, charlatanismo e exercício ilegal da medicina. Na casa dos trinta, já com a saúde em franco declínio por conta de sífilis, alcolismo e depressão, dita suas memórias ao sacerdote Gilbert Burnet, onde registra seu remorso pela vida inócua e renuncia ao ateísmo. Suas poesias hoje são sucesso de crítica. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Wilmot. Site: http://www.olibertino.com.br/.

Belas, e que belas, palavras

Encontrei estas palavras, lindas, lá esquecidas numa pasta de arquivo do computador. O tempo andou, o mundo girou, e elas voltaram para mim. Recomece. Renasça. Reinvente. Sempre e cada vez mais. Não, nada de começar na segunda-feira. Vai logo. Tem final de semana aí! ;)

.....uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.


Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1999, pág. 21, organização e apresentação de Flávio Pinheiro.

Os meus iglus




Calma. Não estou delirando. Depois de um post sobre a Bahia, o que este gélido iglu está fazendo aqui, juro, pode ser bem explicado. Acontece que há alguns dias, numa conversa sobre gelo e neve, em um pôr-do-sol de 30 graus (porque contrariar fatos com argumentos pode ser divertido), com uma pessoa muito querida, e que me conhece há algum tempo, perguntei qual seria o motivo da minha adoração por iglus. Sim, eu adoro iglus, desde criança. Eu já havia perguntado isso a outras pessoas, mas a resposta até então nunca me pareceu convincente. Dizer que é pelo fato de serem bonitinhos, não basta. O Dado Dolabella também é, e eu não consigo simpatizar com aquele sorriso ensaiado por mais de cinco segundos. Mas, em boa hora, a simplicidade da fala me pôs uma certeza no coração: "você precisa se sentir segura, é só isso". Bah, ponto para quem resumiu em segundos uma dúvida de anos. É. Eu quero e preciso me sentir protegida. Nada de dependência, até porque gatos não gostam. Eu estou falando de cuidado. Sabe aquela sensação de dormir tendo a certeza de que alguém está ali do seu lado, olhando com todo o carinho para o sou sono, para o seu rosto, para a sua alma? Eis o segredo dos meus iglus. E alguém pode ser tão auto-suficiente a ponto de não precisar disso? Tomara que não.


Em tempo: saudade de conversas sobre iglus. No meio de tudo, saudade.

O que é que a Bahia tem?




Certa vez li que, no entendimento de Jung, fazer uma viagem pode significar querer suprir uma determinada insatisfação pessoal para que, no retorno, a vida volte a ter sentido, pois em todo o regresso ficaria nítida a sensação de ruptura com o passado e o desejo de recomeçar.

Acredite, faz sentido. Sempre que possível, viaje. Descubra novos lugares, novas culturas, novas amizades, novos sorrisos, novos abraços, novas alegrias, novos olhares. Pode ter certeza, não dá para saber se o melhor de se afastar do aconchego de casa são as novidades da viagem ou é a certeza que o retorno nos dá de sermos felizes com aquilo que temos, família, amigos, trabalho, e que nos faz livres para buscar novos caminhos.





A Bahia, onde estive na semana passada, é linda mais que linda. Tem cor de verão com gosto de doce de coco. Um encanto. Inesquecível. Pela foto do barco, na praia do Espelho, sul do Estado, dá para imaginar a tranquilidade do lugar.





As casinhas geminadas coloridas ficam na cidade histórica de Porto Seguro. Abaixo, as belezas de Trancoso. Na primeira foto, a praia do Taípe, em Arraial D´Ajuda. Impossível não erguer os braços e agradecer por tanta beleza.



Vai ali no site http://www.bahia.com.br e confere o que é que a Bahia tem. :)

Fechado para balanço



Alguns merecidos dias de folga para buscar poesia n´outras bandas que, disseram-me, são belas... Mas, prometo, se forem bonitas de verdade, eu volto aqui para contar.

E se perguntarem por mim?

Diz que fui ser feliz, oras!!! ;)

De quem serão os louros em 2008?

Lindo seria se, em um início de ano, os louros da vitória representassem a paz e a independência das nações, a liberdade de credo, cultura ou qualquer outra manifestação soberana representativa de cada povo. Triste ver os dois atletas quenianos, vencedores da corrida internacional de São Silvestre, de cabeça baixa, certamente presentes, em pensamento, na realidade dos conflitos travados pós-eleição presidencial no Quênia.

De todo o modo, um pouco de Bertolt Brecht. E vamos a 2008!!!

"Nada é impossível mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural."