Cultura de elite

É, no mínimo, questionador o porquê de os melhores shows e espetáculos concentrarem-se, sempre, no final do ano em Porto Alegre. Haja dinheiro no bolso para aproveitar somente alguns deles. E, vou contar, a maioria, desde cedo, com ingressos esgotados. Paradoxos da vida capitalista moderna. Salas lotadas de pagantes de mais de R$ 100,00 por um lugar na platéia e a cidade delineada por moradores de rua e crianças carentes. Lastimável que a cultura, salvo a do pão e circo, ainda esteja tão (pseudo)elitizada.

De todo o modo, seguem algumas das atrações agendadas para os próximos dias:


Festival Terça Insana 30/11, 01 e 02/12
MPB4 e Toquinho 04 e 05/12
Gotan Project Lunático 06/12
Marisa Monte no show Universo Particular 07 e 08/12
Maria Rita Samba Meu 14 e 15/12
Emmerson Nogueira 14/12

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Em tempo: Dá uma olhada no site do Olhares Cruzados (www.olharescruzados.org.br), um projeto muito bacana que engloba oficinas de fotografia, cartas, desenho, vídeo, brinquedos, instrumentos musicais e outras atividades desenvolvidas por crianças do Brasil, Angola, Moçambique, Haiti e Senegal, possibilitando a identificação das raízes culturais comuns. Louvável iniciativa. Mais que lindo o exemplar impresso. Obrigada ao amigo Mauri Cruz, da Equipe do Centro de Educação Popular - CAMP, pelo livro e pelas dicas! ;)


Argentino com rock irlandês


Assisti, há alguns dias, ao filme "O passado", dirigido pelo Hector Babenco. Saí do cinema com a lembrança dos lindos e tristes olhos do Gael García Bernal, e de uma das minhas músicas preferidas do U2. Sobre o filme? Imperdível. A vida como ela é. E o Bono Vox com isso? Escute e preste atenção na letra da música Walk on. Afinal, chega um momento em que as fotografias têm de tomar seu devido lugar.

Lembranças. Deixe só as boas voltarem. O resto, que fique para trás. ;)


Título Original: El Pasado
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento (Argentina / Brasil): 2007
Direção: Hector Babenco
Roteiro: Marta Góes e Hector Babenco, baseado em livro de Alan Pauls
Site Oficial: http://www.opassado.com.br/

Temporariamente alquímica

Lembro que há alguns anos li "A Profecia Celestina", do James Redfield, seguida de "A Décima Profecia". Foi uma fase eu que eu me forcei a gostar de livros de auto-ajuda, sabe-se lá por qual motivo. Era um desejo incontido de me aventurar no mundo das leituras mais leves. Tentativa falha. Não gostei e não gosto até hoje do gênero "tudo vai melhor se você sorrir para o mundo". Prefiro a filosofia pura. Mil vezes Nietzsche. Sem rodeios. A filosofia, como dizem, te quebra as pernas. É direta. Mas o efeito é infinitamente mais construtor do que a auto-ajuda paliativa de letras bonitinhas em cor-de-rosa.

Retomando. O que lembrei, daquele texto da Profecia Celestina, foi a mensagem de que precisamos aproveitar as oportunidades. A vida estaria cheia delas. Basta sentir e interagir. Acreditando ou não, eu tenho desviado minha atenção, nestas últimas semanas, para entender alguma coisa sobre alquimia. Coincidência, pode ser, mas quase tudo, da mais banal atividade diária a decisões sérias, tem me remetido ao universo alquímico. Por isso hoje resolvi encarar o recado providencial de frente. O despertador tocou ao som de Jorge Ben cantando que os alquimistas estão chegando. Ok, pensei com os meus botões, agora basta. Sempre me interessei sobre a Idade Média. A alquimia está ali também. Não vai ser sacrifício entrar no universo que tende à perfeição e onde, literalmentetudo, tudo o que reluz é ouro. Então, eis uma felina entre a transmutação de metais e a descoberta de poções. Vamos ver no que isso vai dar.


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E à noite a noite muda tudo.
Tudo é lua. Uma noite na tua.
Tuas estrelas. Tuas e agora minhas.

Trocando os temas

Eu ia escrever sobre traição. Até minutos atrás. Palavra. Mas, em tempo (e é por isso que eu adoro tanto os meus “em tempo”), abri a caixa do último de uma série de CDs que ouvi nestes dias, e que me foram gentilmente emprestados por uma amiga muito querida, colega de aula, e fã incondicional do Vitor Ramil. Inevitável não perceber. No encarte, uma declaração de amor feita a ela pelo namorado. Permito-me, desculpando-me de antemão pelo atrevimento, deixar apenas algumas das doces palavras que li, e que de tão lindas contrastaram suavemente com o cinza do papel: “eu te amo e te amaria do mesmo jeito se os teus olhos não fossem tão lindos, tão grandes e tão verdes”. Quer saber, esqueci o que ia escrever sobre traição. E nem pretendo me lembrar. A traição que fique para os fracos. É lindo saber que amar de verdade é, embora para os poucos que conseguem, uma das maravilhosas dádivas de se estar vivo.

A música “Fue el mes que viene”, do CD Tambong, me pôs lágrimas nos olhos. Sem saber explicar. Veio assim, do coração.

Bom feriadinho e bom final de semana. Aproveitem. ;)

No verão, não.



Quase verão no hemisfério sul. E eu inventei de perguntar a uma amiga se os seguidos encontros dela com aquele alguém, que ela me definiu como especial há alguns meses atrás, iria resultar em namoro. A resposta veio. Direta. Sem qualquer hesitação: "De jeito nenhum. Verão não é época para namorar". Sabe quando você ouve alguma coisa que parece estar sendo pronunciada em outro idioma do qual você não sabe nem o básico do básico? Mandarim ou Javanês seria o meu caso. Pois bem. Eu fiquei sem resposta, e tentando entender o porquê de o verão ser banido do calendário dos apaixonados. Ok, você está aí concordando com a minha amiga, pensando que eu sou uma alienada que não entende nada sobre a relação entre namoro e verão. E, cada vez mais concordando que eu talvez tenha nascido na época errada, não entendo mesmo. Lhufas. Mas, vamos lá... A praia, o calor, os banhos de mar, as muitas festas regadas à cerveja, e as enjoativas músicas do Bob Sinclair (músicas?) tocando nas pistas das casas noturnas lotadas das cidades litorâneas. Clima de azaração que não tem fim. Beijo na boca só para começar. Na linguagem do meu sobrinho de dezesseis anos: "o negócio é ir lá e grudar". As meninas, hoje mulheres aos quatorze anos, desfilando em suas mini-mini-mini-saias, com corpos bronzeados que contrastam com o amarelo-canário e o azul-bic ofuscantes das roupas (sim, tem de ser a cor do pássaro e da caneta, senão, acredite, você está fora do contexto da moda). Os meninos, que hoje são cada vez mais meninos, mesmo aos quarenta anos, correndo na orla, munidos de músculos sarados e ipods. Nada mais, raras exceções. Bem, para que namorar? O verão agrada aos olhos. Apetece. É... O verão e suas tentações. As outras três estações do ano são definitivamente mais românticas e menos atrativas. O frio tem seus cobertores. A primavera tem suas flores. O outono, as suas cores. Ok, não encontrei rima para o verão. Prometo, vou me esforçar para tentar compreender essa nova teoria da geração "no verão, não". Mas, cá entre nós, tomara que eu não consiga entender nada de nada até meados de março, que é quando mudam as estações. Até lá eu prefiro acreditar que algumas coisas são para sempre, e que o para sempre nunca acaba. Namorar é bom. Sempre foi. Em qualquer estação do ano, em qualquer hora, em qualquer dia. Se as coisas mudarem muito por aqui, talvez eu mude é de profissão, e vá morar no Alaska.

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Desejos felinos de um final de semana de quatro estações... Completo. E repleto de poesia. ;)

Sol, letra e horizonte

Eu andava por aí, procurando um horizonte para me encantar. Encontrei um sol que coube na minha mão. Vai saber o que a vida às vezes quer nos dizer? Enfim... Fotografei o sol, que me pareceu tão lindo na tarde deste domingo. E a ele juntei um trecho de uma letra do Flávio Venturini, que eu gosto muito. Sol, letra e horizonte, na palma da minha mão. Só não entendi ainda o que isso quer dizer. Mas, tudo bem. Eu sei que tudo tem um porquê. Eu sei que tem.







"...noites com sol são mais belas.


Certas canções são eternas.


Deixa o sol entrar."



Desacelerando...



Eu costumo colocar papéizinhos, aqueles post it, no flip do meu celular para lembrar as tarefas da semana. Aquelas que não dá para esquecer, senão o mundo vem abaixo. Segundo a minha mãe, eu deveria ter uma agenda. Talvez ela não saiba, mas eu tenho. Várias. Só não gosto delas. Nunca gostei de agendas. Talvez uma, com poemas do Fabrício Carpinejar, tenha sido a mais presente na minha vida. Resistência a compromissos? Não creio.

Talvez esteja na hora de desacelerar. Diminuir o ritmo. Administrar o tempo para que ele não assuma o controle. No mundo do fast food, dos workaholics, do just in time, e afins, não é tarefa fácil. Mas sempre existe (e ainda bem que existe) um jardim para colher flores, um céu para contar as estrelas, mesmo que você precise ensinar alguém a contá-las, uma música a ser descoberta, um beijo a ser roubado, um amor a ser vivido. Coisas, atitudes e pessoas simples e bonitas ainda existem. É só olhar com cuidado. É só sentir com o coração.

"Há namorados tristes em dias de sol, namorados alegres em dias de chuva. O que sinto nem falo. Não me cabe encerrar a vida de ninguém. A minha sempre está começando ao seu lado."

http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/