A segunda vez a gente não esquece


Assisti pela segunda vez ao filme "Crash-No Limite", do diretor Paul Haggis. Para alegrar meus olhos (a fotografia é bonita), os ouvidos (a trilha sonora é maravilhosa), e, porque não, a minha alma, que pede constantes inovações, foi tão ou mais estimulante e questionador vê-lo outra vez. Confesso, chorei. Desta vez em cenas diferentes, mas chorei. É triste saber que as pessoas, pelos menos, e infelizmente, a maioria delas, ainda vive cercada de preconceitos estúpidos e mecanicamente estereotipados. Não me agradam, nem nunca me agradaram, julgamentos infundados em razão de raça, opção sexual ou religião. Ou seja, falta de respeito ao próximo, é, sem sombra de dúvidas, uma atitude egoísta e ridícula. E falo de respeito, não de tolerância, porque esta a gente exercita quando está, literalmente, no limite. Ela me parece feia, cheia de rancor. Se você diz "eu tolero muitas coisas", significa que as tais coisas te incomodam tanto a ponto de quase explodir, e mandar pelos ares a individualidade da outra pessoa. É como se estivesse advertindo: não ultrapasse aí, porque o aí, no caso, é o meu limite. Se ultrapassar, não me responsabilizo pelas minhas atitudes. Respeitar é diferente. É nobre. É bonito. Vem do coração. Quem respeita não fica no ponto-limite da ingorante intolerância. Crash vale a pena ser visto por isto: por mostrar como o ser humano pode ser extremamente destrutivo ou apaixonantemente construtivo. É uma questão de opção e afirmação de pensamentos como modo de vida. Claro, o filme vale por muito mais, que deixo a critério de cada um decidir. Embora seja uma produção norte-americana, merece louvores, pois consegue passar uma visão diferente dos filmes tipicamente hollywoodianos, e prende a atenção do início ao fim. Assista uma, duas, inúmeras vezes a Crash. Dá pano para manga discutir sobre ele numa mesa de bar.


O filme é ambientado em Los Angeles e mostra várias situações em que pessoas acabam se aproximando em razão de acidentes de carro, tiroteios e roubo. A maioria das personagens retratadas neste filme são, de alguma maneira, prejudicadas por sua etnia e acabam envolvidas em conflitos que as forçam a examinar seus próprios preconceitos.

Ficha Técnica
Título Original: Crash
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 113 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2004
Site Oficial: www.crashfilm.com
Direção: Paul Haggis
Roteiro: Paul Haggis e Robert Moresco, baseado em estória de Paul Haggis
Produção: Don Cheadle, Paul Haggis, Mark R. Harris, Cathy Schulman e Bob Yari
Música: Mark Isham
Fotografia: James Muro
Desenho de Produção: Laurence Bennett
Direção de Arte: Brandee Dell'Aringa
Figurino: Linda M. Bass
Edição: Hughes Winborne
Efeitos Especiais: Luma Pictures

2 comentários:

  1. meus parabéns, ótima iniciativa, abraços, fernando seffner

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  2. obrigada pela atenção fernando!

    às vezes falta um empurrãozinho pra se dar o primeiro passo! :)

    volte sempre.

    um abraço.

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