
Querido Olavo,
desculpe, mas eu acho que ainda não aprendi a me despedir das pessoas. Será que isso se aprende na infância? Porque eu ainda fico com um nó garganta quando preciso me despedir. Uma sensação de que o mundo ficou para trás. Não deixa de ser um mundo, deixa? Você conhece alguém, gosta muito desse alguém, e um dia precisa partir. Não bastassem as malas na mão, o coração também pesa. Já viu isso? Decididamente, não me ensinaram quase nada na escola. A você ensinaram coisas além das palavras seqüenciadas dos livros?
Eu vi você correndo entre os embrulhos de papel colorido da loja da esquina, mas não consegui acenar, porque o moço da máquina de refrigerantes me tomou os últimos segundos antes de eu entrar no metrô, bem como os últimos trocados que eu tinha até chegar em casa, com aquela propaganda do chá branco em latinhas. Você sabia que agora vendem chá branco em latinhas aí em Tóquio? Se ainda não viu, tenho certeza de que logo você vai descobrir. E provar. Porque é bom. E porque, eu lembro, você gosta de todos os tipos de chá.
Ah, antes que eu esqueça, deixei em cima da escrivaninha os livros de haicai que você me emprestou. Só você para me fazer descobrir aqueles jardins bonitos e ler haicais deitada na grama do Japão. Só você.
Guardei o origami e o incenso que você me deu na minha caixa das coisas bonitas. Lembra-se dela? Quando eu sentir saudades, vou lá buscar as nossas coisas bonitas. E prometo escrever outra vez para contar notícias.
Espero que eu tenha me saído bem na despedida com as palavras escritas. Vou guardar as faladas para o nosso próximo encontro, combinado? Cuide-se. Como conversamos durante aquela brincadeira entre os hashis e os copinhos de saquê na noite do seu aniversário.
Espero que eu tenha me saído bem na despedida com as palavras escritas. Vou guardar as faladas para o nosso próximo encontro, combinado? Cuide-se. Como conversamos durante aquela brincadeira entre os hashis e os copinhos de saquê na noite do seu aniversário.
Vou sentir saudade.
Um beijo.
Mariana
Nossa, é uma bela carta, realmente não aprendemos quase nada na escola além de lidar com as saudades que ela nos deixa na vida adulta...
ResponderExcluirEu também nunca aprendi a me despedir... procuro evitar, manter até afastado... da próxima vez que eu for me despedir de alguém me lembrarei deste post e direi:
"Vou sentir saudade.
Um beijo."
bjxxx
Felinea,
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Ele é bonito e sutil. Continue. Você diz as coisas de um modo diferente.
PS: sou fã de Vitor, Kleiton e Kledir.
Esqueci de dizer: "Alice" é um dos meus livros de cabeceira. Parabéns novamente.
ResponderExcluirboa escolha, lucas. acho que é uma maneira doce de dizer: gosto de você.
ResponderExcluirmárcio, que tal o vitor ramil com o jorge drexler?
"pie detrás de pie
iba tras el pulso de claridad
la noche cerrada, apenas se abría,
se volvía a cerrar.
un faro quieto nada sería
guía, mientras no deje de girar
no es la luz lo que importa en verdad
son los 12 segundos de oscuridad."
ah, sim, e como não gostar de alice? :)
obrigada aos dois pelo carinho.
Felinea, acho que sentirmos saudade de alguém mostra que essa pessoa nos tocou de uma forma muito especial. Que bom! Se até os animais sentem saudade, por que nós não sentiríamos? Sentir saudades pode fazer doer, mas nos mostra que estamos vivos.
ResponderExcluirParabéns pelo, blog. Está muito bonito. Continue assim, inspirada.
Bela carta e lindas palavras!
ResponderExcluirPassar por aqui e ler teus textos me inspira muito...
Um beijo doce na alma.
sim, leo. acho que sentir saudade significa que tudo foi bom. e, mesmo os felinos, embora metidos a "durões", sentem muita falta de quem gostam. pode apostar.
ResponderExcluirjéssica, tu és uma flor. uma flor de lis :)