É só uma ilha, sim?

Arte: Paul Klee

Perguntaram-me, assim de susto, quem eu levaria para uma ilha deserta. Eu tinha dez segundos para responder, cronometrados. Bah, deu tempo só de eu saber se precisava ser alguém ou se poderia ser alguma coisa, porque nesse caso o problema estava resolvido: alguns livros, o ícone da individualidade ipod, para não ficar só no canto das gaivotas, muito protetor solar (e que fique claro que não é por causa daquele texto enfadonho do metido à gatão de meia-idade Pedro Bial), damascos, e outras coisas que me deixassem feliz. O problema é que eu fiquei sem saída, e gatos não gostam disso: era para escolher alguém e não algo. Tudo bem, é lógico que eu sei, e como nunca, quem eu levaria para um punhadinho de areia, cheio de coqueiros, rodeado de mar por todos os lados, mas não sonhem que eu vou contar aqui. E não me chamem de sem-graça. É só pensar comigo: é melhor levar um certo alguém para algum lugar, ou se deixar levar por ele?

Em tempo:

Traz a ilha para mim,
leva o pensamento daqui,
deixa teu beijo no meu,
parte outra hora.

2 comentários:

palavras são apenas palavras,
movimentam o mundo desde
sempre, mas nem todos sabem.