Estrelas de céu e mar

Judy Mandolf

E era tanto mar, que Alice, nice como ela só, mal conseguia saber quanto azul havia ali. Ao lado do menino que a ajudava a catar aquelas conchas bonitas que ela guardava em um vidro, ela sorriu e falou, com as bochechas coradas que contrastavam com a pele alva e salpicada pelas sardas:

-Ah, é tão longe que você nem consegue visualizar, Henrique.

-Mas tão longe, Alice? Ontem mesmo você me disse que o longe não existe, lembra?

-Ontem falamos sobre outra coisa, Henrique. Hoje você olha para o oceano e tenta descobrir a que distância ele está dos nossos olhos.

-Esta parte eu sei, Alice. Eu vejo que o mar começa bem aqui, mas é impossível dizer com certeza até onde ele vai. Parece que só termina quando encosta no céu.

-Henrique, olha o céu! O sol já deu lugar às estrelas.

-Agora você vai querer contar as estrelas, que eu sei. E onde eu guardo as conchas, Alice?

-Eu guardo. Você só me abraça e faz desenhos no céu com as estrelas.

-Mas eu não sei desenhar, Alice. Já falei isso quando você me pediu para rabiscar nas nuvens.

-E mesmo sem saber você desenhou coisas bonitas. Vamos tentar com as estrelas?

-Então não vamos mais falar sobre a distância?

-Amanhã conversamos sobre a distância, Henrique. Agora me dê a mão, e olhe para o céu...

3 comentários:

  1. Passei para bisbilhotar e desejar uma boa noite!!!

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  2. Carência! Muito bem escrito... Desenho estrelas, prá vc, desde que... Carinho, bjo de boa noite!

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  3. querida, bons sonhos para ti também! :))

    ricardo, a carência de carinho é meu defeito de fábrica. mesmo se for muito, eu ainda preciso de mais... coisas dessa gente poeta, né? hehe...

    um beijo em cada um um! :)

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sempre, mas nem todos sabem.