Prólogo de outono

Edoardo Pasero


Qual o problema? Nunca gostei de regras, a não ser das que podem ser quebradas. E, bem lembrado, todas podem. Por isso, não me segure. E se eu bater o carro, sozinha, numa curva, a mais de cem por hora, perto da praia e a dois minutos de casa, nem pense em dizer que a culpa foi do tempo, da virada dos ventos, da rotina ou de qualquer coisa parecida. Você já me conhece e sabe que eu não gosto de desculpas e de todas essas tolices inventadas para manter padrões convenientes e comportados. Vontade é o que me tem. De coisas, pessoas, atos, poemas, cores, vozes, versos. Vontade de loucuras, que seja! À vontade. É assim que eu levo a vida. Se quiser me acompanhar, é bom pegar no tranco logo, me amar com gosto, e gozo, no sofá de veludo da sala, e me guardar em você enquanto é tempo. Antes que o outono acabe. Ou que eu me perca, de novo, por aí.

2 comentários:

  1. Esta é uma das melhores intimações que existem. Indubitavelmente.

    Um carinho, Felinea.
    Sigamos...

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  2. obrigada, Germano!

    muito linda a homenagem que fizeste ao teu pai no Clube do Carteado.

    miados para ti.

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palavras são apenas palavras,
movimentam o mundo desde
sempre, mas nem todos sabem.