a.m.o.r
The Words
Yukihiro Takahashi | Vídeos de Música do MySpace
fale palavras de amor. sempre.
nos vemos no próximo ano! cuidem-se :))
nevermore
na porta de casa
atrasado.
Al lado del camino
regálame tu beso y no te aflijas
si ves que estoy pensando en otra cosa
no es nada malo, es que pasó una brisa
la brisa de la muerte enamorada
que ronda como un ángel asesino
mas no te asustes siempre se me pasa
es solo la intuición de mi destino."
transcrição
Paradouro
Sobre as escolhas
Azul
esperas
Diário
Segunda-feira
Não sei como começar um diário. Sou impaciente com regras. Portanto, aviso que a empreitada pode não durar dois dias. Acontece que cansei da poesia de ser sozinha. Preciso de um cúmplice e não tenho vocação para amante. Vou escrever em poucas linhas e tentar entender o que vem por aí. Se não der certo, depois eu dou um jeito. Escrever solto. Só para ver no que dá.
Terça-feira
Talvez hoje chova. Aquela garoa fina que me incomoda quando molha os meus cabelos. Não gosto de dias de chuva. Não gosto dos meus cabelos. E cheguei na idade em que não gosto de me olhar no espelho. Vou passar por ele como Alice. Tarde, mas me encontrei com aquilo que alguns chamam de razão, outros de juízo, e outros, os livres – ou loucos [e, portanto, livres] –, de perda de tempo. Pedi duas doses de whisky no boteco da esquina. Não dormi em casa.
Quarta-feira
Quinta-feira
Passou da meia-noite. Ele chegou tarde. Pedido de desculpas com uma caixa de bombom. Perdi o tesão por qualquer coisa ou por qualquer ato que não o do silêncio. Já é quinta e não virei a página do diário. Escrevi nas mesmas linhas de ontem. Quero trocar o disco. Hoje à noite, é Nina Simone pelo Cartola só para ver se dá samba. Depois eu me corrijo. Leio Ana Cristina César. Viciante. Preciso de um beijo que tenha um blue. Açúcar branco e café preto.
Sexta-feira
Ainda chove. Noite. Lua cheia. Eu, crescente. Sexo, carinho e sono. Pedi ao relógio para atrasar o amanhecer. Até me parece razoável ter mais de trinta anos e escrever diários.
Sábado
Comentários sobre ela me desagradam. Já disse que me desagradam. Depois de tudo dito, ele me estendeu a mão. Não consegui acompanhar. Acho que a minha respiração parou por segundos. Acompanhei o sono dele por um tempo. Meus olhos pesaram. Não sei se me encolhi de frio ou de medo. Levantei algumas vezes e circulei pela sala. Olhei as revistas e tentei ler Proust sem sucesso. Ainda bem que existe o mundo virtual. Descobri o Twitter e uns mapas legais no site de Geologia da faculdade. Deitei por volta das seis da manhã. Ele dorme sempre na mesma posição. Acho bonitinho e estranho. Eu sou um Tsunami com os lençóis. Tarde de sábado e eu estava com o sono atrasado. Experimentei mudar a cor do esmalte. Disseram que vermelho-cereja traz sorte e fortuna. Cheguei em casa e encontrei um bilhete em cima da mesa. Ele nem ao menos assinou. Típico comportamento masculino. Acho que a minha intuição já me alertava: prazo de validade para relacionamentos encantadores demais, promessas demais, coisas demais: algumas semanas. Se, porém, tratado com vinho tinto e boa cama, o prazo alonga por alguns dias. Estou solteira outra vez. Mas com as unhas feitas e pintadas de vermelho-cereja. Ainda bem que é primavera. Preciso de um homem que me leia inteira.
Domingo
Desisti de diários. E talvez eu deva mesmo, como falou a minha mãe, morar em Londres. Quero pintar as paredes de casa de verde. Que seja, verde. Dane-se quem não gostar. A parede é minha e a cor da minha vida eu escolho. Comprei um cachorro e ganhei um cupom de desconto no trânsito. A loja até que é bacana. Vou comprar vestidos novos. Troquei a ordem dos discos e rasguei todas as cartas antigas que recebi dele no inverno passado. Voltei a sorrir mesmo com problemas para resolver. Sem diários e pesquisando pacotes de viagem. Vou deixar os bons ventos me levarem. E seja lá o que Londres quiser.
Analógica

Ana, se precisar de verdades, fala. Todas. Sem metades ou invenções metafísicas. Podem ser frases em linhas tortas. Mas exercita a língua, Ana, em palavras certas, no momento em que entender correto. Pouco importa o antes. Lembra que do agora surge o teu reclame, o teu presente, a tua vontade. Se quiser chorar, Ana, fica só com a parte do que precisa ser dito. Ouvido. Sentido. Prova, sem culpa, o dom da narrativa breve e larga de significado. Usa a razão com bom senso. Faz da intuição teu guia. E segue sozinha os teus caminhos. Eu preciso partir.
genealogia

Minha mãe não morreu. E ainda assim eu não digo a ela o tanto de amor que há aqui. Aliás, digo. Mas digo pouco. Ela merece mais. As mães nunca erram. E a minha é um punhado de acertos. Um punhado bem grande. Reconhece a minha voz e as minhas dúvidas. Mães acalentam, exageram, protegem. São aqueles anjos que podem ser vistos de perto e que têm abraços em lugar de asas. Anjos terrenos. Um sem-fim de ternura.
Um dia, quiçá, vamos aprender a dar aos pais o que eles nos ofertaram sem condição. Um dia talvez percamos a vergonha, a cara fechada quando recebemos um conselho, e a timidez para falar eu te amo. Tomara que um dia os filhos sejam pais em tempo de ainda agraciarem com coisas doces os sentidos de quem lhes deu a vida. Tomara.
em linha
Morangos selvagens

Fora da lista

Vem sempre aqui? [Ótimo.]
Cromoterapia
Eu tenho, entre todas as cores, as tuas. Belezas que me afagam a alma. Pérolas e poemas que eu guardo em mim. Detalhes que esperam tempos que vêm. E passam. Deslindes apenas. Coisas feitas em pequenos pedaços dos meus dias, tecidas no encontro suave dos teus lábios nos meus. Como o vento que beija o mar calmo e colore de anil a imensidão do céu. Como se pudesse passar a minha vida na tua. Com compassos de sons e poesia pintados em sorriso de criança. Em danças astrais de cometas cintilantes. Daqueles que eu te dei de presente. Dos doze signos, dos cinco sentidos, dos sete dias da semana. No sentido horário do amor maior. Aroma de anis. Os teus olhos nos meus e as mãos entrelaçadas. Até o fim.
De flor
.ponto
Não sei se você está entendendo isso tudo. Espero que esteja. Era para ser um bilhete de poucas linhas e nada de muito enredo. Mas como você, de uns tempos para cá, costuma dizer: eu adoro fazer dissertações de tudo, em tom clichê e desmedido. Por isso, resolvi escrever mais do que você gostaria de ler no seu mundo fechado e em preto e branco. Encontrei a mochila antiga e coloquei uns pares de roupa dentro. Vou conhecer Montpellier e volto – se voltar – em algum tempo. Paguei as contas que estavam na escrivaninha e cancelei o congresso do final de semana. Prefiro o aroma dos vinhos franceses a horas de discurso sobre forma e função na arquitetura de vanguarda.
Nunca fui boa em despedidas e agora não vai ser diferente. Não tenho frase elaborada nem fecho bonito para encerrar o que precisa ser dito. Você tem pouco mais de 40 anos, um bom apartamento, o carro do ano, uma casa no campo e, de quebra, toda a herança do seu pai. Não contesto gostos ou valores. Mas acho que você entendeu tudo. Less is more. Passou. Boa sorte.
Paralelas
Eu não tenho medo do escuro. Posso dar dois passos, ou cem, de olhos vendados. Reconheço o perigo em outras coisas que não a ausência de luz. Não gosto de quem não enlaça mãos, de quem não toca, não afaga, não dilui o olhar no outro para morrer de amor. Tenho medo da covardia disfarçada de beleza em homens de palavras decoradas. Palavras soltas e pouco tato. Detesto. A poesia não mora nas letras, nem na forma. Vive da alma. O desconhecido é apenas um tempo onde ninguém foi. E se for tempo paralelo, para mim, está valendo.
O que importa de verdade

Un faro quieto nada sería
guía, mientras no deje de girar
no es la luz lo que importa en verdad
son los 12 segundos de oscuridad.
Jorge Drexler
Menina programada
Sei o dia do ano em que nasci. E o horário. Mas tenho dúvida se fui gerada ou se fui colhida de uma árvore de maçãs.
Antes eu fosse uma daquelas mulheres exuberantes e de seios fartos, que pronunciam, aos quatro ventos, palavras rudes sem qualquer melindre e baforam fumaça de cigarros. Daquelas que contam das paixões antigas, riem alto, e dizem não amar nem sob tortura. Vai ver é para isso que serve o amor. Para ser desconstruído. Sempre suspeitei. As mulheres ousadas conseguem desconstruir o amor. Eu não. Eu fico triste e digo que, se é tristeza, logo passa. Coisa de menina programada.
Casulo
Céu de baunilha
Aprendi, em pouco mais de trinta anos, coisas que nenhum filósofo escreveu, que astrólogos não imaginaram, que cientistas sequer arriscaram, que artistas não desenharam, e magos não descobriram. Inventei palavras, sentidos, emoções. Construí castelos de areia e de sonhos. Quebrei barreiras. Li e sorvi a vida em livros, em alamedas, e nos copos de absinto do bar da esquina. Caí em armadilhas. Em camas-de-gato. E de sedução. Aprendi que viver, sem medo, sem pudor, é a melhor das dádivas da vida. Aprendi que errar é necessário. E que acertar faz bem para o ego e para a alma. Desvendei mistérios de religiões e de seitas. Perdi medos. Aceitei diferenças e contragostos. Chorei de dor e de felicidade. Percorri a sanidade e a loucura em limites tênues. E decidi viver com as duas em equilíbrio. Percebi que amigos são raros e que irmãos, às vezes, são distantes. Fiz viagens das mais diversas. De Baudelaire às viagens astrais. Joguei fora o comodismo e os padrões antigos. Aprendi a abrir os olhos para o calor do sol mesmo no frio do inverno e para as cores bonitas da noite, em tons de gris, azul e negro. Contei estrelas e inventei constelações. Roubei flores, amores, e espaços. Entendi que julgar é apenas um exercício de vaidade e que ouvir e estender a mão é uma habilidade sublime. Percebi, em tempo, que abrir os olhos para o novo é mágico. E se reproduz em vida. Aprendi a viver dias trespassados por nuvens brancas e céu de baunilha. Na escrita da vida, que é a minha, aprendi a viver com os olhos atentos ao que me faz feliz. O resto vai além do limite do céu. E isso agora não me interessa.
Prólogo de outono

Sutilmente
"E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti."
[Nando Reis e Samuel Rosa]
Jardim de Samos

Vou para Samos. Ainda hoje arrumo a bagagem. Parto na madrugada. Cansei de trabalhar à toa. E cansei, também, das suas histórias. Vou me mandar. Você, se quiser, se arrume por aí. Case com a estagiária. Plante árvores. Tenha filhos. E fique com o quarto, os quadros, as coisas todas do baú de vime do qual você tanto gosta. Quero apenas o tecido das cortinas. Aquelas sobras que guardei no verão passado, quando você tirou férias e me deixou em casa. Sozinha. Vou fazer vestidos novos. Coloridos. Curtos e em tomara-que-caia. Tenho hoje o corpo mais curvilíneo do que tinha nos meus vinte anos, quando nos conhecemos. Acho que você não percebeu o quanto eu mudei. Nem o meu corpo torneado, nem as palavras acumuladas em anos. Agora é tarde. Letras maiúsculas e garrafais, em batom vermelho, no espelho do banheiro: DIVIRTA-SE. NÃO VOLTO MAIS.
A outra

Fairy moon

D´Amélie
Nonsense
E, quando me encontrar de novo, me abrace como em Shalott. Com poemas de Shakespeare. Ou, entre as minhas pernas, Bukowski. Preciso ir para longe. Júpiter ou Marte. Em camisas de Vênus. Nas ruas de Xangai. Ou uma ilha em blue, com som de blues, no Havaí. Em meia hora. Agora. Peça um chá. Em francês. Não se despeça ainda. Tire a minha roupa. Olhe a minha alma. Não demore. Ou, demorando, faça com jeito. Me [re]conheça. E se, ao acaso, por outros acasos, eu tentar fugir, não me solte. Você sabe, não foi fácil voltar aqui.
Conjugações
Grávida
Coisas perdidas em tempos não distantes

Você deveria escrever mais cartas para mim, Juno. As suas ausências prolongadas me fazem sentir no meio do mar. Uma náufraga de amar, por assim dizer. Mas eu bem sei que você tem as suas ocupações, o seu dia cheio de trabalhos e a sua corrida vida de compromissos. Mas você lembra quando você me pegava pela mão, do alto - baixinho - dos meus cinco anos de idade? Eu virava gigante em pensamento. E te abraçava com todo o amor do mundo. E o mundo era ter alguém como você ali do meu lado. Tudo bem, eu sei que fui a menina mimada da casa, cheia de cuidados, protegida de todos os lados. Mas hoje você faz a mesma coisa, não faz? Eu sei que faz. E sei porque reconheço o brilho nos teus olhos quando a pequena vem ao teu encontro e te pede afago. Confessa: não é a melhor sensação do mundo? Enfim, Juno, o tempo passou. E hoje somos grandes. E aconteceu o que nunca se quer. Eu e você deixamos os abraços ficarem cheios de formalidades e de coisas sem graça. Trocamos as mãos dadas pela troca de presentes em ocasiões formais. Esquecemos - ou fazemos de conta que esquecemos - os laços, as risadas soltas, a cumplicidade das travessuras, o gosto leve das coisas da infância. De onde vem a culpa, se é que ela existe? Confesso que não sei. Talvez tenha sido por essas coisas da vida, que, vez ou outra, não entendemos e que nos fazem ficar aborrecidos. Mas, em tempo - e para falar das coisas que estão em nós sempre é tempo - saiba que você ainda é o herói de todas as minhas estórias animadas, ainda é o meu sentimento mais puro de afeto. Ainda é, apesar de todas as outras coisas, um pouco de mim.
Ana
[e Ana é irmã de Juno]
De tudo o que eu ainda não disse

Que todas as palavras bonitas cheguem em ti. E que todos os teus dias tenham as cores do céu em azul, nas molduras do pôr-de-sol do nosso primeiro outono. Que os meus beijos sejam teus nos nossos dias, noites, e outra vez em dias. Que o meu corpo e o teu sejam, em momentos nossos, um. E que todas as preces de todas os credos e cores permaneçam no teu coração. Por toda a vida. E além dela. Que, se houver lágrima, seja como o orvalho em manhãs bonitas e doces. E que de sorrisos se ilumine, sempre, o teu rosto. Que os desencontros sejam apenas de olhares distraídos. E que, de encontros, se faça de agora em diante o nosso tempo. Porque é por ti que, hoje, se fazem as coisas mais bonitas da minha vida.
.para Daniel,
amor de todas as minhas vidas.
Do simples amar

:)
O amor é azulzinho

Naquele dia, na fração de segundo em que o meu braço tocou o teu, alguém pintou o céu de menos azul. Menos azul porque, até então, a cor do céu e dos teus olhos era igual. O céu, para mim, sempre aparece nos teus olhos, sabia? E eu sempre quero olhar o céu em ti. Mas como os fatos da vida me obrigam a olhar um tanto mais para o céu de verdade, aquele das nuvens, eu assim faço. Acontece que, ali, quando o meu braço tocou o teu, eu vi que a tua alma é ainda mais bonita do que os teus olhos. E que do teu sorriso se faz poesia de estrelas. E que o calor da tua pele faz sentir como se o sol me tocasse o rosto com um beijo. E que, sim, o azul dos teus olhos é mais bonito do que o azul do céu e do mar juntos.
as vogais se entendem.
Abril - outra vez
Vai ver é assim...
"Meu coração se perdeu no labirinto do querer
Ele não quer querer assim
Mas meu coração tem vontade própria e não vê
Me deixa andar eu deixo ir."
[Nô Stopa]
Agora, ouça bem!
[o que, em silêncio, por mim foi dito, para ti, nas primeiras horas da noite de ontem]
Muda o amor, muda o lugar
Do meu jeito
Fetiche
Por falar nisso...
Eu nunca soube, exatamente, como se descobre o amor. Talvez porque, até aqui, esse meu jeito um tanto torto de desvendar as coisas tenha me atrapalhado. Ou, talvez, porque amor não foi feito para ser descoberto. Assim, com hora certa. Acho que é coisa que acontece sem dia que se marque no calendário. Não, o amor não deve ter tempo ou ser cronometrado e definido. Amor gosta é do infinito. Quem sabe o amor seja apenas uma brisa, daquelas de final de tarde de primavera. Ou flor de verão, que seja. No outono. Ou no inverno. É, enfim, amor. Apenas acontece.